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Em melhor versão desde 2015, defesa sustenta Corinthians que busca evolução

Carille cumprimenta a equipe, que tem boa defesa e só sofreu oito gols no ano - Paulo Whitaker/Reuters
Carille cumprimenta a equipe, que tem boa defesa e só sofreu oito gols no ano Imagem: Paulo Whitaker/Reuters

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

16/03/2018 04h00

Enquanto tenta melhorar a produção ofensiva, assunto em mais um jogo em Itaquera na última quarta-feira (14), Fábio Carille e sua equipe têm conseguido melhorar o que o Corinthians já tinha de bom. Com oito gols sofridos em 14 jogos oficiais na temporada, o clube tem seus melhores números defensivos dos últimos anos em inícios de temporada.

Nesta década, só dois anos começaram com um desempenho defensivo superior ao que o Corinthians acumula em 2018. Foi em 2012, mais vitorioso da história do clube, quando o time de Tite venceu a Copa Libertadores, o Mundial de Clubes, e sofreu 6 gols em 14 jogos. Já na temporada 2015, os corintianos sofreram ainda menos no mesmo período: 4 gols apenas.

O que impressiona no caso do Corinthians atual é como o time tem sido sólido na defesa desde que Carille adotou o 4-2-4 como principal sistema. Sem um homem de área, com todos os jogadores mais ativos na fase defensiva e busca por mais posse de bola, a equipe jogou seis vezes e sofreu somente um gol.

Foi justamente aquele marcado pelo santista Diogo Vítor, nos minutos finais do clássico, em que Cássio errou em saída do gol. Diante de Palmeiras, Millonarios-COL, Mirassol, Botafogo-SP e Deportivo Lara-VEN, o time passou em branco.

Com uma das três melhores campanha defensiva das quartas de final do Paulista, o Corinthians também tem sido consistente por conta das repetições. Referências do setor, Cássio (14 jogos), Fagner (13 jogos) e Balbuena (13 jogos) estão entre os líderes de minutos do elenco na temporada. Henrique, contratado, tem sido extremamente regular e fez oito partidas consecutivas. Reserva, Pedro Henrique também não decepcionou em sete jogos.

Para atingir os números elogiados, porém, o Corinthians precisou lidar com uma grande incógnita em 2018, que é a saída de Guilherme Arana. Na lateral esquerda, jogaram Guilherme Romão, emprestado ao Oeste, Juninho Capixaba, que virou reserva, e ainda Maycon, que é volante, mas devolveu estabilidade ao setor em três jogos cruciais. Contratado do Atlético-PR, Sidcley é o quarto a jogar - e a exemplo de Henrique, tem sido regular até aqui.

A criação ainda é uma dificuldade

Sem o esperado centroavante, artilharia do ano é de Jadson, com três gols - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Sem o esperado centroavante, artilharia do ano é de Jadson, com três gols
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Especialmente quando atua em casa, o Corinthians tem se deparado com um velho problema. Se por um lado o funcionamento defensivo segue uma virtude, por outro o ataque enfrenta dificuldades para criar.

Diante do Deportivo Lara, o primeiro gol saiu após 65 minutos de tentativas contra a defesa venezuelana. No jogo anterior, contra o Mirassol, o gol que definiu o triunfo por 1 a 0 veio com 88 minutos de jogo. Em outro jogo com essa característica de rival defensivo, o gol não saiu, e o time perdeu por 1 a 0. Em clássicos e partidas fora de casa, por outro lado, o Corinthians 2018 costuma aproveitar melhor os espaços e cria com mais naturalidade.

"É a busca dos dez anos que estou no Corinthians. Estou seguindo a ideia do Corinthians de ter uma defesa sólida. Fomos campeões do mundo tomando quatro gols entre Libertadores e Mundial. Tentei fazer algo diferente no começo, imaginava que a gente sofreria um pouco atrás, mas mudei porque isso não aconteceu. É a volta daquilo que é o DNA do Corinthians", admitiu Carille na última quarta.

"O bom é que está tendo entendimento entre todos os atletas. Com resultados, fica mais fácil ajustar como a gente imagina. Classificar é importante, mas antes é preciso jogar bem, ser consistente na parte defensiva e ofensiva", emendou o treinador, que espera ajustar os processos para a sequência que terá mais jogos de valor no caminho.

Um bom teste, no domingo, se apresenta para o Corinthians, que joga a partida da ida das quartas de final do Paulista contra um time defensivamente tão forte quanto ele. O Bragantino, de volta à Série A-1 neste ano, avança ao mata-mata com os mesmos oito gols sofridos pela equipe de Carille na competição - marca também do rival Palmeiras.

Os gols sofridos pelo Corinthians em 14 jogos oficiais iniciais de cada ano desde 2011

2018 - 8 gols
2017 - 12 gols
2016 - 9 gols
2015 - 4 gols
2014 - 19 gols
2013 - 13 gols
2012 - 6 gols
2011 - 8 gols