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Corinthians segue outros clubes, revê relação com imprensa e reduz acesso

Jogadores do Corinthians treinam na última segunda-feira - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Jogadores do Corinthians treinam na última segunda-feira Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques e Ricardo Perrone*

Do UOL, em São Paulo

04/09/2018 04h00

Em um movimento que ganha corpo nos grandes clubes brasileiros, o Corinthians tem se adaptado a uma nova realidade no que diz respeito ao acesso da imprensa ao dia a dia da equipe. Na última semana, em reunião no CT Joaquim Grava com diretoria e Andrés Sanchez presentes e com direito a voto, foi decidido que treinamentos fechados passarão a ser rotina em muitas vésperas de partidas.

A medida, que faz parte de uma espécie de pacote de mudanças implantadas na gestão Sanchez, partiu principalmente do gerente de futebol Alessandro Nunes e visa mais privacidade. A avaliação do clube é que a quantidade de meios de imprensa, sobretudo web rádios e blogs, subiu nos últimos anos e obriga uma mudança nesse acesso.

Não se trata apenas de uma mudança na quantidade de treinamentos abertos à imprensa, mas um número menor das tradicionais entrevistas coletivas, o que já aconteceu em vários grandes do Brasil, inclusive os rivais Santos, São Paulo e Palmeiras.

O torcedor corintiano mais atento também deve ter se dado conta que a lista de jogadores relacionados, nas partidas disputadas na capital, não é mais divulgada pelo Corinthians. Descobrir o time titular antes dos jogos também se tornou uma missão difícil.

Apesar de impactar diretamente no trabalho do treinador Osmar Loss, ele teve participação pequena na realização dessas mudanças que de alguma forma alteraram alguns procedimentos comuns do clube nesta década. Nos tempos de Tite, Mano Menezes e Fábio Carille, a divulgação das informações fazia parte de uma estratégia de comunicação e boa relação com a imprensa. Loss, diferentemente dos antecessores, também tem um estilo muito mais reservado.

Para se decidir por mais privacidade no CT Joaquim Grava, o Corinthians observou movimentos dos outros clubes. Uma conversa com funcionários do São Paulo, por exemplo, ajudou na tomada de decisão. Cuca e Felipão, que recentemente assumiram Santos e Palmeiras, também mantêm uma rotina em conjunto com suas diretorias de reduzir o acesso aos treinamentos. Foi o técnico palmeirense, aliás, que difundiu o modelo de entrevistas coletivas diárias no futebol paulista nos anos 90.

No Sul, o Grêmio deixou de divulgar a lista de jogadores relacionados para as partidas. Em Minas, Atlético-MG e Cruzeiro passaram a escolher os jogadores entrevistados, direito anteriormente concedido aos jornalistas. O Flamengo também diminuiu coletivas, treinos abertos e informações das escalações. Um movimento que, de certa forma, o Atlético-PR já iniciou há alguns anos, com uma comunicação mais centralizada nas próprias mídias.

Essa produção de conteúdo próprio que cresce nos clubes também é maior no Corinthians. Recentemente, por exemplo, o clube inaugurou um programa semanal no Youtube chamado "Papo Reto", em que o presidente Andrés Sanchez escolhe perguntas enviadas por torcedores em entrevistas realizadas com dirigentes e funcionários.

* Colaborou: José Eduardo Martins, do UOL, em São Paulo