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  18/08/2004 - 03h27
Premiê do Haiti promete US$ 1.000 para cada gol no Brasil

Por Rodrigo Bertolotto
Enviado especial
Em Porto Príncipe (Haiti)

Obedecer à retranca do técnico Carlo Masinlin ou se lançar ao
ataque em busca da premiação oferecida pelo primeiro-ministro, Gerard Latortue. Os jogadores do Haiti estão divididos para o jogo desta quarta-feira contra o tão idolatrado Brasil.

Rodrigo Bertolotto/UOL Esporte 
Imagem do brasileiro Ronaldo em um tap-tap, o ônibus popular de Porto Príncipe
O premiê do país caribenho ofereceu US$ 1.000 para quem marcar um gol na seleção brasileira. Além disso, o político garantiu ceder, de seu próprio bolso, US$ 100 para cada um dos atletas haitianos em caso de vitória. Num país em que a renda per capita é US$ 1.600 e o futebol é amador, a quantia é um tesouro de fazer o goleiro abandonar seu gol e ir para a área rival no
primeiro minuto.

O generoso Latortue se reúne ao meio-dia desta quarta com o presidente Lula, que fez totalmente o contrário, pedindo para os jogadores brasileiros maneirarem e evitarem aplicar uma goleada.

Então, se depender dos políticos, o Brasil será o sparing do Haiti, que terá sua primeira vitória sobre seus maiores ídolos.

Questionado pela reportagem do UOL Esporte sobre o pedido do presidente brasileiro à seleção de Parreira, o premiê caribenho mostrou surpresa e bom-humor. "Se o Lula oferecesse dinheiro como eu aos jogadores, o Brasil faria mais de dez gols".

Na história, há dois encontros em que a vitória brasileira ocorreu sem dificuldades: em 1959, em Chicago, 9 a 1; e em 1974, em Brasília, 4 a 1.

O meia Marc Gracien tenta ser diplomático: "Podemos ir ao ataque e nos defender, de forma equilibrada". Mas a tática e o resultado é o que menos importa.

A festa foi armada para o chamado 'jogo da paz', uma visão um pouco ingênua do papel do Brasil e do futebol na intervenção do Haiti. Prova disso foi a idéia de trocar armas por ingressos para desarmar a população.

Os marines norte-americanos conseguiram, à força, apreender poucas dezenas de armas de uma estimativa de 20 mil armamentos no país mais
pobre das Américas. Os brasileiros conseguiram com esse jeitinho? Trocaram de idéia rapidamente e pensaram lotar o estádio de estudantes, outro projeto abandonado.

Rodrigo Bertolotto/UOL Esporte 
Haitiana carrega bandeiras do Brasil na véspera do chamado 'jogo da paz'
Na véspera do jogo, quem se beneficiava da partida eram os cambistas em torno do estádio Sylvio Cator, local da partida. Eles vendiam por US$ 40 um ingresso que valia dez vezes menos
na bilheteira.

"Já vieram os franceses, os americanos e agora estão os brasileiros por aqui. Nós amamos seu futebol, mas não é possível reconstruir o Haiti. Este país nunca foi uma nação, nem nunca será", afirmou Frank Étienne, escritor mais renomado do país, para o enviado do UOL ao Haiti.

Mas Ronaldo chega como embaixador da boa vontade, e o trio formado por
Zagallo-Parreira-Teixeira sonha com o papel de time pacificador, como
as historinhas de Pelé parando uma guerra na África.

São lendas para páginas esportivas, mas as guerras continuam e se
reacendem quando os jogadores se vão. E também quando partem as
tropas da ONU.

HAITI
Gabart; Bruny, Pierre, Stephane e Jemps; Wadson, Mones, Turlien e Richardson; Gracien e Dieufene
Técnico: Carlo Marzelin

BRASIL
Júlio César; Belletti, Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos; Renato, Gilberto Silva, Edu e Juninho Pernambucano; Ronaldinho e Ronaldo
Técnico: Carlos Alberto Parreira

Local: estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe
Horário: quarta-feira, às 16h30 (de Brasília)
Juiz: Paulo César de Oliveira (BRA)

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