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  18/08/2004 - 03h36
Cassetete faz segurança no estádio do 'jogo da paz'

Por Rodrigo Bertolotto
Enviado especial
Em Porto Príncipe (Haiti)

Rodrigo Bertolotto/UOL Esporte 
Capanga haitiano, ao lado de soldado de missão da ONU, carrega um cassetete
Capacetes azuis da ONU com rifles e submetralhadoras modernas e um capanga com um cassetete na mão. As forças de paz das Nações Unidas, capitaneadas pelo Brasil, adotaram o tradicional jeito haitiano de controlar as multidões. Foi o que se viu em torno do estádio Sylvio Cator, que recebe nesta quarta-feira o amistoso entre Haiti e Brasil.

Em créole, o idioma local que mistura francês e línguas africanas, cassetete se chama tonton. Não estranhe: é o mesmo termo que batizou a gangue paramilitar "tonton macoute" (criminosos do cassetete), que amedrontou a população durante a dinastia Duvalier (Papa Doc e Baby Doc), de 1957 a 1985.

O segurança com cassetete controlava quem podia entrar no estádio, com a anuência de soldados brasileiros. A qualquer tentativa de invasão, ele levantava o bastão, enquanto os soldados seguravam mais firmes nas armas.

Rodrigo Bertolotto/UOL Esporte 
Soldado brasileiro em missão faz vistoria em frente ao estádio do 'jogo da paz'
No governo do deposto Jean-Bertrand Aristide, o papel de botar terror ficou com os chimères, versão atualizada desses brutamontes com bastões para aterrorizar oposicionista.

O curioso é que Aristide era um padre católico com idéias de esquerda e leitor da Teologia da Libertação, mas quando chegou ao poder adotou os mesmos métodos das ditadores que ele mesmo combatia.

No século 19, já era comum esse expediente de o governo ter guardas presidenciais que atacam oposição e populares. Em pleno século 21, a cena se repete e deve se repetir quando as forças de paz saírem do país, o que deve acontecer em novembro, quando acontecem as eleições gerais.

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