| 15/04/2005 - 13h32 Após pagamento de fiança, Desábato é solto em São Paulo Marcius Azevedo Em São Paulo  | | Desábato deixa 13º DP, onde ficou preso sob a acusação de racismo | Após passar duas noites detido, o zagueiro argentino Leandro Desábato foi liberado no começo da tarde desta sexta-feira, exatamente às 13h32. Com o pagamento da fiança estipulada pela Justiça, o jogador do Quilmes pôde deixar o 13º Departamento de Polícia, no bairro da Casa Verde, zona norte de São Paulo.
Após o pagamento da fiança, Desábato foi submetido a exames de praxe por profissionais do IML (Instituto Médico Legal), que foram ao 13º DP.
No momento em que deixava o 13º DP, Desábato escapou de agressão de alguns torcedores do São Paulo, que atingiram o carro que conduzia o jogador com tapas.
Em seguida, o zagueiro deixou a delegacia rumo ao fórum da Barra Funda, onde passou por breve encontro com oficiais de Justiça, para assinar o termo de compromisso para retornar ao Brasil para participar do desenrolar do inquérito.
Depois, finalmente se juntou à delegação do Quilmes num hotel de São Paulo, onde se encaminhou ao aeroporto internacional de Guarulhos. Desábato embarca a Buenos Aires em vôo marcado para as 18h50.
QUEM É O ARGENTINO |  Nascimento: 24/01/1979 Local: Cafferatta (ARG) Altura: 1,86 m Peso: 82 kg Posição: Zagueiro Clubes: Quilmes, Estudiantes de La Plata e Olimpo | Com a resolução parcial do caso, a expectativa da delegação do clube argentino é partir ainda nesta sexta para Buenos Aires. Segundo Carlos Alberto Mendes, advogado de Desábato no Brasil, inicialmente o jogador pode ficar ausente do país por 30 dias. O período pode ser renovado, em caso de aceitação do juiz.
Na tarde de quinta, o juiz Marcos Alexandre Zili, do Departamento de Inquéritos Policiais do Fórum da Barra Funda, concedeu o alvará de soltura para liberar o argentino. No entanto, os representantes de Desábato no Brasil não conseguiram efetuar o pagamento da fiança a tempo de evitar que o atleta passasse sua segunda noite na prisão.
O pagamento foi realizado na manhã desta sexta-feira, por volta das 10h, numa agência da Nossa Caixa na avenida Paulista, já que a agência do fórum de Barra Funda abre ao público apenas às 11h.
Posteriormente, a oficial de justiça Taís Castelli foi ao 13º DP na manhã de sexta para autorizar a liberação do atleta argentino. A entrega do alvará, no entanto, não foi nada pacífica. Quando descia do carro que a conduziu até a delegacia, a oficial de justiça teve o documento "roubado" de suas mãos.
O vendedor de automóveis Israel Laércio André, de 64 anos, que é negro e mora no bairro da Casa Verde, tomou o alvará das mãos de Castelli e tentou rasgá-lo, sem sucesso.
Caso Desábato-Grafite O argentino Leandro Desábato foi detido no estádio do Morumbi pouco depois do final da partida entre São Paulo e Quilmes pela Copa Libertadores da América. Acusado pelo atacante são-paulino Grafite de ato de racismo, o jogador estrangeiro foi encaminhado ao 34º DP, onde passou sua primeira noite na cadeia.
 | | Grafite e Desábato, personagens do caso de racismo no jogo do Morumbi | Durante a noite, Desábato permaneceu em uma sala da delegacia e, segundo as autoridades policiais, não dormiu, mas se alimentou normalmente.
Na tarde de quinta, a transferência para o 13º Distrito Policial foi pedida para preservar a segurança do jogador, que fez o percurso entre as delegacias algemado na viatura policial.
Desábato foi indiciado pelo crime de injúria, com agravante em discriminação racial, após ter xingado Grafite durante a partida de quarta no Morumbi.
Na quinta, Grafite afirmou que aceita o pedido de desculpas de Desábato. No entanto, o atacante brasileiro assegura que não irá retirar a queixa que deu início ao imbróglio nesta quinta.
Na manhã desta sexta, o vice-presidente do Quilmes tentou visitar Desábato, com frutas e roupas, mas pela legislação brasileira só advogados e parentes próximos podem fazer visitas. Diante da negação, os argentinos ficaram exaltados e discutiram com policiais.
"Ele está como qualquer homem decente num calabouço. Não está bem. Entendemos que é um incidente internacional. Na Argentina, a sensação é que está se cometendo uma grande injustiça com o jogador", afirmou Julio Garcia, dirigente do Quilmes.
Nota atualizada às 17h35.
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