Belfort aposta em história e precisão para missão quase impossível contra "leão novo" Jon Jones

"Sou de uma outra geração, de uma geração de lutadores de verdade." Foi com essa frase que Vitor Belfort anunciou que estava entrando em um dos maiores desafios de sua vida. Depois de o campeão ter se recusado a enfrentar Chael Sonnen no cancelado UFC 151, o brasileiro aceitou a luta contra Jon Jones neste sábado, no UFC 152, na cidade canadense de Toronto, valendo o cinturão dos meio-pesados.

Para quem já teve quatro disputas de cinturão do evento (sendo duas bem sucedidas) e enfrentou nomes como Randy Couture (três vezes), Tito Ortiz, Chuck Liddell ou Dan Henderson, pode parecer até exagerado apontar essa luta como uma das mais difíceis. Mas ele terá pela frente um rival dez anos mais novo e apontado como um dos melhores da atualidade - com potencial de estar no hall dos maiores de todos os tempos.

"Para mim, é um prazer ver lutadores como Jon Jones, a nova linhagem do MMA. Sou um velho leão, que fez parte da evolução do esporte. Meu tesouro não é lutar. É minha família, acreditar em Deus. Nenhum resultado mudará como sou, pode trazer mais fama e dinheiro, mas sigo o mesmo", disse Vitor.

A seu favor, Belfort conta com uma enorme experiência. Com 15 anos no UFC - entre ida e vindas, saídas e retornos - o brasileiro tem na bagagem o apelido de Fenômeno conquistado em todos esse anos por conta de sua velocidade e precisão. Os números do brasileiro dentro do UFC deixam claro isso.

De acordo com as estatísticas do Ultimante, Belfort tem 85,7% de golpes acertados na cabeça de seus rivais, contra 55,7% de Jon Jones. Além disso, Vitor é o lutador com o maior número de vitória ainda no primeiro round (10 no total, contra nove de Tito Ortiz, Frank Mir e Don Frye).

"Vitor Belfort é mais intimidador do que Chael Sonnen. Sonnen não tem poder de nocaute. Para quem questiona se tive medo, só posso dizer que este é um desafio ainda maior", exaltou Jon Jones. "Minha primeira memória de Belfort é seu nocaute contra Wanderlei Silva. Foi memorável, um dos grandes momentos do MMA."

Mas os números do atual campeão também mostram de onde saiu tanta moral se comparado com o desafiante. Na longa distância, ele acerta 51,6% dos golpes, contra 30,6% do rivais. Mas uma disputa interessante deve ficar nas tentativas de queda: todos os rivais que tentou, Vitor conseguiu pôr para baixo, enquanto Jon nunca sofreu uma queda em toda a carreira.

"Acho que na vida todos temos metas e sonhos para completar. Aprendi uma coisa importante: você cumpre sonhos quando você é jovem, mas isso fica no passado. O meu sonho não é ser campeão, mas ver meu esporte em primeiro plano. Fomos muito criticados, mas só de ver caras como Jon Jones como campeão é muito bom. Quero deixar um legado no esporte. Somos atletas, pais, homens de caráter e fazemos um show para vocês. Ser campeão é deixar um legado para o futuro", disse Belfort.

Agora é apenas esperar Bruce Buffer gritar "It's Time" e ver um dos maiores confrontos de gerações do UFC. O leão novo coloca a prova toda sua moral contra a experiência do leão velho.