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Jones tenta retomar posto de sensação no UFC; saiba como ele foi de queridinho a vilão

Jon Jones posa com o cinturão na coletiva do UFC 152, em Toronto, Canadá - UFC/Divulgação
Jon Jones posa com o cinturão na coletiva do UFC 152, em Toronto, Canadá Imagem: UFC/Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

21/09/2012 12h00

Em 2011, Jon Jones se tornou o campeão mais jovem do UFC, levando-se em conta a atual divisão de pesos da organização. Aos 23 anos, nocauteou o veterano Maurício Shogun e se tornou o queridinho do MMA, parte disso pelo estilo vistoso de lutar e parte pelo carisma e a necessidade de uma nova estrela para a exigente torcida norte-americana. O ano de 2012, no entanto, tem marcado os primeiros obstáculos para que ele ratifique sua posição de ídolo e consiga chegar ao posto de astros como Michael Jordan e Tiger Woods, como tanto almeja.

Se o ditado diz que é fácil chegar ao topo, mas o difícil é se manter, Jones tem notado que o problema está principalmente fora da  competição. Polêmicas na vida pessoal, com um acidente de trânsito embriagado, e as escolhas que definiram o cancelamento do UFC 151 colocaram em xeque se ele tem realmente o necessário para bater de frente com Anderson Silva no quesito popularidade, mesmo que seu nível técnico seja inquestionável.

O discurso, agora, é de que ele deixou todos os problemas para trás. E que tirou lições de cada um eles. No sábado, ele enfrenta Vitor Belfort pelo UFC 152, no papel de franco favorito e sabe que uma vitória contundente contra a “zebra” brasileira pode ajudar a apagar tantos problemas. Antes de eles subirem ao octógono, veja abaixo passo a passo como tudo mudou para o campeão:

A construção do queridinho norte-americano

  • Jon Jones começou sua carreira como muitos lutadores norte-americanos, no wrestling. Mas, logo aos 19 anos, em 2008, passou ao MMA e teve seis vitórias em apenas três meses, todas encerradas antes do tempo total. Foi o suficiente para chamar a atenção do UFC e ser escalado como substituto para um combate. Com apenas duas semanas de preparo, entrou no octógono e bateu o brasileiro André Gusmão. Triunfo após triunfo, ele bateu grandes nomes da categoria, tropeçou apenas na desqualificação contra Matt Hamill, por golpe ilegal, e se colocou na linha do título. Jones entrou como substituto do lesionado Rashad Evans contra Maurício Shogun e dominou o veterano campeão: nocaute no 2º round.

    A idade, a velocidade com que surgiram suas conquistas, a ferocidade dos nocautes e o jeito de bom garoto alavancaram Jones. Em dois anos, ele passou de um jovem novato a candidato a melhor lutador do mundo. É tudo o que o UFC queria para manter o crescimento do MMA e angariar novos torcedores com um ídolo que, além de talentoso, tem carisma e trazia uma história de vida humilde.

Polêmica de Jones e seu técnico com Lyoto

  • Depois de Shogun, Jones bateu o falastrão Quinton Rampage Jackson. Em seguida, o brasileiro Lyoto Machida ganhou sua segunda chance pelo cinturão. O combate foi o mais duro até aqui para Jones, que foi apertado pelo ex-campeão no primeiro round. No segundo, o norte-americano se recuperou, impôs seu jogo e conseguiu uma finalização rara, em pé, sobre Lyoto. Além de soltar o brasileiro no chão sem mostrar preocupações com seu estado, Jones ficou comemorando e não retornou para checar se Lyoto havia se recuperado. O técnico, Greg Jackson, disse para ele: “vá ver Lyoto, consiga mais uns fãs”. A frase repercutiu mal e colocou em dúvida o caráter de ambos.

A briga com Rashad Evans

  • Jones não costuma deixar barato provocações de seus rivais, mas mantém o respeito com oponentes com quem tem mais afinidade. Um episódio que desgastou sua imagem foi contra Rashad Evans. Eles foram grandes amigos e companheiros de treinos sob a batuta de Greg Jackson. No entanto, quando chegou a hora de eles se enfrentarem, Jackson optou por Jones e o racha foi formado. Todo o período pré-luta foi de provocações exacerbadas e lavação de roupa suja. Tanto que na coletiva oficial os próprios lutadores admitiram o cansaço do assunto, que aumentou a rivalidade entre eles, mas chegou num ponto em que ninguém mais ganhava com isso. Jones venceu por pontos.

Acidente bêbado fere a imagem do campeão

  • Ninguém é de ferro, mas para um lutador que diz perseguir o caminho de ídolos da grandeza de Michael Jordan, Jon Jones sofreu um grande revés ao ser detido bêbado em um acidente de trânsito. Em maio, ele deu com seu Bentley em um poste e foi levado para a delegacia. Para não pegar penas maiores, cumpriu um programa de reabilitação para o problema com álcool. Agora, Jones tem até usado o assunto em seu favor, para falar de sua evolução como pessoa e o aprendizado que teve com o incidente. Em tempo, Jones tem um longo relacionamento e sustenta três filhos, aos 25 anos

O cancelamento do UFC 151

  • Medo ou egoísmo? Esta foi a dúvida sobre Jon Jones com a novela do cancelamento do UFC 151. O campeão enfrentaria Dan Henderson no dia 1 de setembro, mas o desafiante machucou o joelho. Duas semanas depois da lesão, que manteve escondida, Henderson anunciou que não poderia lutar. Com apenas oito dias para o UFC 151, o único a se propor a lutar foi o ex-peso médio (agora no meio-pesado) Chael Sonnen. Mas, mesmo sendo um rival sem treino e sem preparo, Jones preferiu recusar a luta. Sem rivais, o presidente Dana White disse que acabou forçado a cancelar o evento, algo inédito no Ultimate. Jones alega que nunca soube que não enfrentar Sonnen causaria isso. Acusado de egoísta pelo próprio White, Jones foi muito criticado pelo enorme prejuízo causado pela decisão, até porque duas dezenas de atletas ficaram sem combate.