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Após reclamação, Bruno Soares vê quadra cheia e supera goteiras para levar Brasil à final de duplas

Bruno Soares (à esquerda) cumprimenta o austríaco Alexander Peya, seu parceiro na chave de duplas - Wagner Carmo/Inovafoto
Bruno Soares (à esquerda) cumprimenta o austríaco Alexander Peya, seu parceiro na chave de duplas Imagem: Wagner Carmo/Inovafoto

Rafael Krieger

Do UOL, em São Paulo

15/02/2013 17h03

Um dia após reclamar por ser excluído da quadra central do Aberto do Brasil, o duplista Bruno Soares voltou a atuar em meio às goteiras do ginásio Mauro Pinheiro, mas conseguiu assegurar seu lugar no palco principal do torneio. Na semifinal da chave de duplas, ele e o austríaco Alexander Peya salvaram dois match-points e venceram de virada o argentino Horacio Zeballos e o austríaco Oliver Marach por 2 sets a 1 e parciais de 3-6, 7-6 (10-8) e 12-10.

Bruno Soares contou com o apoio de uma animada torcida, que encarou as goteiras e encheu as tribunas do velho ginásio para apoiar o atual bicampeão do torneio. Durante mais um temporal que atingiu São Paulo na tarde de sexta, até uma pomba invadiu a quadra e assustou os presentes.

"Essa quadra envolve um pouco de sorte pelas condições estranhas. E a sorte começou para o lado deles, com umas dez bolas na linha seguidas. Tem dia que tem que ser na raça, e hoje foi assim, ganhamos no grito. Foi muito legal ver a quadra cheia, se fosse como ontem, mais quietão, a coisa desabaria mais. Agora tem que treinar, porque faz uma semana que não piso na quadra central, estou sempre lá no fundão", declarou Soares após a vitória. 

Parte do público também acompanhava o treino do argentino David Nalbandian na quadra ao lado, a mesma que foi interditada no dia anterior por falta de condições. Na quadra da semifinal de duplas, também havia problemas: na virada do set, Bruno chegou a passar o pé sobre uma marca de goteira no saibro, olhando para o teto.

Soares e Peya começaram perdendo por 5 a 0, mas a torcida não desanimou e incentivou o tempo todo, mesmo depois de erros, com gritos de "Vai, Bruno!". A dupla do brasileiro teve a chance de sacar para fechar o segundo set e acabou cedendo o tie-break, mas venceu uma emocionante disputa no desempate, salvando um match-point e deixando o público de pé.

No super tie-break, já contagiados pela torcida, Soares e Peya mantiveram o ritmo e asseguraram a virada após salvar mais um match-point, para o delírio da torcida e a alegria de Bruno, que no dia anterior chegou a dizer que iria buscar a vaga na final de domingo para finalmente ter a chance de jogar no ginásio principal.

"Se a quadra central não vem até mim, eu vou até a quadra central", declarou o duplista após jogar para três dezenas de espectadores ao mesmo tempo em que Rafael Nadal era visto por milhares.

Depois da vitória desta sexta, Bruno se empolgou e jogou lembranças para a plateia, apesar de ter exagerado um pouco: "Parece que eu dei uma garrafada em alguém, peço desculpas, mas foi com carinho", brincou o duplista mineiro, saudado com gritos de "Agora é na quadra central". 

Com a vitória de Soares e Peya, o argentino Horacio Zeballos deixou de fazer o que seria a sua segunda final seguida em duas semanas, já que foi ele o responsável por vencer Nadal na final do ATP de Viña del Mar, no primeiro torneio disputado pelo espanhol após voltar de um afastamento de seis meses por lesão.

O Brasil ainda tem uma chance de colocar mais dois representantes na final de duplas do Aberto do Brasil. Sem mais ninguém na chave de simples, o país ainda conta com a parceria formada por João Souza "Feijão" e Thomaz Bellucci, que enfrenta os italianos Simone Bolelli e Fabio Fognini pelas quartas de final.

"Geralmente prefiro não jogar contra brasileiros, mas no caso do Thomaz e do Feijão, torço por eles para que haja uma final brasileira", observou Bruno Soares, já assegurado na decisão.