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Neto de Fittipaldi leva vida de CDF e evita até namoro por sonho da F-1

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

27/02/2014 06h00

Vida regrada, distante de badalações e com muito estudo. O sonho do esporte não pode atrapalhar a vida acadêmica. É preciso ter tempo, às vezes, também para compromissos publicitários. Essas são algumas das receitas de Pietro Fittipaldi, 17 anos, para atingir suas metas e objetivos no sonho de trilhar carreira de sucesso no automobilismo.

O neto do bicampeão de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi é uma das esperanças do automobilismo nacional e já tão jovem tem um bom aporte financeiro por trás e também um estafe, organizado por sua família, que auxiliam em sua formação.

Pietro correu ano passado na Fórmula 4 britânica e em 2014 participará da Protyre Formula Renault (Formula Renault Inglesa) e fará mais duas corridas da Fórmula Renault. Fez sua primeira temporada com carros monopostos depois de alguns anos nas categorias de base da Nascar, nos EUA.

Já tem oito patrocinadores, alguns de grande porte nacional, como Claro, Embratel e Bombril, e até americanos como a TOT. “Às vezes me pedem para participar de conferências, mas ainda não cheguei em um nível de fazer tanto isso como um piloto de Fórmula 1. Mas às vezes tem que fazer; já fiz alguma coisa. Quando eu chegar na Fórmula 1, acho que vai aumentar muito (as frequências)", falou ao UOL Esporte.

Pietro conta que os pais condicionam a aventura no automobilismo a boas notas na escola, e que já tem plano B caso não consiga sucesso dentro das pistas. 

“Eu ainda estudo, estou terminando uma fase da escola. Esse é meu último ano, no Brasil que deve ser diferente, é a high school, o período de estudos antes de ir pra faculdade. A escola é muito importante, e se eu não estudar, não me deixam correr. Nunca chegaram ao ponto de proibir porque eu sempre fui muito bem. Mas sempre colocam pressão para eu terminar os estudos e terminar bem”, falou.

“Quero de alguma forma estar envolvido com corrida, questões de engenharia. Algo assim que eu possa avaliar. Mas a prioridade é ser piloto e vou me dedicar ao máximo”.

PIETRO TEM APOIO DE 2º HOMEM MAIS RICO DO MUNDO

  • Arquivo pessoal

    O magnata mexicano Carlos Slim tem uma fortuna estimada em US$ 73 bilhões e recentemente ajudou a levar os compatriotas Sergio Pérez e Esteban Gutiérrez até a Fórmula 1. Aficionado por automobilismo, o homem mais rico do mundo financia desde março o projeto para levar de volta o sobrenome Fittipaldi à categoria, com o apoio ao jovem Pietro. Mexicano de origem libanesa, o parceiro do novo Fittipaldi se destaca como empresário de atuação no ramo de telecomunicações, entre outros e é o segundo homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes.

Em função de todo o perfil determinado e centrado, Pietro acaba deixando de lado algumas tentações dos jovens, como festas e bebidas. Diz que não sente nenhuma falta e que toda sua paixão pelo automobilismo supre as ausências.

“É difícil, mas nem tanto. Eu sempre quis correr, então essa questão de ir pra festa e beber não é importante pra mim. Eu não me divirto fazendo essas coisas. Gosto de outras coisas, como academia, estudar telemetria depois da corrida e correr. Eu sempre gostei muito de esportes e me divirto praticando qualquer um deles”, falou, para depois comentar sobre possíveis assédios de mulheres.

“Ainda não chegou nesse nível. Mas, se chegar, vou colocar na minha cabeça que só penso em corrida. Nada de festa. O negócio é acordar cedo”, comentou. “É até melhor ficar sem namorada nesse momento para eu me concentrar apenas em corridas.”

Pietro correu durante muitos anos nos Estados Unidos e foi campeão de uma das categorias de base da Nascar. Depois subiu de categoria, em 2012, em que ficou na quinta colocação. 

Em 2013, em seu debute nas pistas europeias e com carros monopostos, ficou ausente de três corridas e terminou em oitavo. Venceu uma prova, no mesmo local em que o avô Emerson ganhou a sua primeira, em Brands Hatch. Foi o suficiente para indicar preferência pelo caminho europeu, que leva mais fácil à Fórmula 1. “Foi um ano de aprendizado. Ganhei uma corrida e terminei cinco vezes no pódio. Foi um ano muito bom, espetacular para aprender.”

“Meu sonho é correr até o fim da minha vida. O que eu estiver correndo. O melhor seria correr na Fórmula 1, que é meu sonho, e vou trabalhar pra chegar lá. Como mudei pra Europa e estou treinando lá, estou concentrado.”

Questionado sobre meta de quando pretende adentrar à principal categoria do automobilismo, indica que dentro dos próximos quatro anos quer estar no mínimo preparado para isso.

“Não muito. Quero aprender o máximo possível e adquirir experiência pra chegar preparado. Em três ou quatro anos se eu puder chegar será muito bom, mas quero chegar preparado. Não adianta querer ir lá só pra ser o mais jovem a correr por lá. Tem que ir com experiência pra mostrar o seu talento.”

Se Pietro chegar lá, vai emplacar o sobrenome famoso na Fórmula 1 pela quarta vez. Emerson correu na categoria de 1970 a 1980 e acumulou dois títulos (72 e 74). Seu irmão Wilson esteve na disputa em três temporadas durante a década de 70. Por fim, o último dos Fittipaldi na elite dos monopostos foi Christian, filho de Wilsinho, de 1992 a 1994.

PIETRO VIU POLÊMICA SOBRE LEI DO INCENTIVO E DIZ CORRER PELO BRASIL

  • Arquivo pessoal

    Em 2012, ganhou repercussão o fato de a família Fittipaldi ter captado aproximadamente R$ 1 milhão para investir na carreira de Pietro por meio da Lei do Incentivo ao Esporte, que permite que pessoas físicas e jurídicas abatam parte do que têm de pagar de impostos ao governo para um projeto esportivo A operação é legal, e pessoas físicas podem contribuir com 6% do total, e jurídicas, 1%.O Ministério do Esporte aprovou projeto de R$ 1 milhão para o "Programa de Formação do Piloto Pietro Fittipaldi, na Fórmula Nascar". Pietro não adentra na polêmica, mas ressalta que apesar de ter nascido em Miami, escolheu competir pelo Brasil. “Você tem que escolher, mas estou sempre com o Brasil. Minha família é brasileira. Eu corro pelo Brasil, 100%.”