Topo

Fórmula 1

Antes promessa, "bocudo" Webber deixa F-1 com status de escudeiro

Marcelo Freire

Do UOL, em São Paulo

24/11/2013 06h00

Mark Alan Webber estreou na Fórmula 1 no GP da Austrália de 2002 com pinta de futuro campeão. Pilotando por uma das equipes mais fracas do grid na época, a Minardi, o piloto se beneficiou de um acidente múltiplo no início daquela corrida para chegar em quinto lugar diante de seus compatriotas em Melbourne.

A festa foi tamanha que aquele piloto de 1,85 m, altura muito acima do padrão dos pilotos de F-1, quebrou o protocolo e foi até o pódio com o chefe da Minardi, Paul Stoddart, para festejar, mesmo sem ter ficado entre os três primeiros na prova vencida por Michael Schumacher.

Doze temporadas depois, o piloto de 37 anos chega à sua última corrida na F-1 neste domingo, em Interlagos, sem ter confirmado o status de estrela – em 216 GPs, conquistou apenas nove vitórias e seu melhor resultado no Mundial foi o terceiro lugar, em 2010 e 2011.

Nesses 12 anos, Webber se destacou mais pelas polêmicas com companheiros de equipe do que pelos resultados. “Bocudo” e sem meias palavras, o australiano brigou com o parceiro na Jaguar, o brasileiro Antonio Pizzonia, em 2003.

Após deixar a equipe antes do fim da temporada, Pizzonia acusou a Jaguar de dar um carro diferente a Webber, que logo depois rebateu. “Se disse isso, então ele é um perdedor”, afirmou, na época. Ele também admitiu que havia gostado da saída do brasileiro da equipe e que o mesmo era um “peso” para a escuderia.

Depois de dois anos na Williams, Webber retornou à antiga fábrica da Jaguar, agora nas mãos da Red Bull, em 2007. E teve seu primeiro conflito com aquele que seria seu maior carrasco na categoria: Sebastian Vettel, então na Toro Rosso.

No chuvoso GP do Japão daquele ano, o retardatário Vettel acertou Webber, segundo colocado, e o tirou da corrida. O alemão pediu desculpas e, meses depois, o australiano lembrou o caso ao jornal Independent, com ironia: “Bom, são garotos, não? Garotos sem muita experiência fazendo um bom trabalho, daí eles vêm e f... tudo”, disparou.

Anos de escudeiro

Vettel deu a primeira vitória da história da Toro Rosso meses depois em outro GP de chuva, em Monza, em 2008, e faria o mesmo com a própria Red Bull no GP da China de 2009. Neste mesmo ano, Webber finalmente ganhou sua primeira corrida, na Alemanha – ele foi o piloto que mais tempo demorou para vencer (130 provas), batendo a marca de 123 GPs de Rubens Barrichello.

 “Prata da casa”, Vettel contava com simpatia da equipe e com os melhores resultados para se firmar como primeiro piloto em 2010. No entanto, Webber teve uma boa sequência de resultados positivos que o colocaram na liderança do campeonato.

Um acidente entre os dois no GP da Turquia e uma decisão polêmica da Red Bull de “ceder” para Vettel uma asa dianteira que seria do carro de Webber, no GP da Inglaterra, acirraram a rixa interna na equipe. Webber venceu em Silverstone e ironizou: “nada mal para um segundo piloto”.

O status do australiano se confirmaria no final do ano. Webber foi ficando para trás e Vettel, ao contrário, venceu três dos últimos quatro GPs do ano para ser campeão pela primeira vez. Daí para frente, Vettel conquistou outros três campeonatos sem ser ameaçado novamente pelo companheiro de equipe.

A última confusão entre os dois foi no GP da Malásia desse ano, quando Vettel ignorou as ordens da Red Bull de poupar o equipamento e ultrapassou Webber nas últimas voltas. Irritado, o australiano mostrou o dedo médio para o rival ainda durante a corrida.

Webber deixa a F-1 no GP do Brasil saindo da quarta posição no grid e buscando sua primeira e única vitória em 2013 numa pista onde já ganhou em 2009 e 2011. No ano que vem, será piloto da Porsche no Mundial de Endurance.

Em uma de suas últimas entrevistas coletivas na categoria, na quinta-feira, o australiano de 37 anos mostrou por que alguns devem sentir sua falta em uma F-1 marcada por pilotos que quase não se arriscam com declarações que podem causar polêmica.

Questionado se estava feliz em sair da mira dos jornalistas da F-1, Webber respondeu que sentiria falta de alguns profissionais. “[Ao longo dos anos] Você faz boas amizades, não apenas com pilotos. Mas, obviamente, existem algumas revistas de m... que fazem jornalismo de m... e isso é normal, você tem que lidar com eles também.”

Fórmula 1