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Sette Camara chega à F1 sem medo de demissão após decepção na Red Bull

Sergio Sette Camara será piloto de testes da McLaren em 2019 - Divulgação
Sergio Sette Camara será piloto de testes da McLaren em 2019 Imagem: Divulgação

Luiza Oliveira e Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

10/11/2018 04h00

O jovem piloto brasileiro Sergio Sette Camara terá a chance de fazer parte da Fórmula 1 no ano que vem como piloto de testes da McLaren. O brasileiro sabe da importância de fazer parte do projeto, mas não quer alimentar grandes expectativas e se sente preparado para passar por qualquer situação. Ele carrega a experiência de ter feito parte do projeto de jovens pilotos da Red Bull e ter sido demitido. Por isso, ele afirma que chega sem qualquer medo.

“Não tenho nenhum medo porque eu sei que vou bem na Fórmula 2 ano que vem. Quando eu falo nenhum, eu não quero dizer que não tem a menor possibilidade de eu sair da equipe, eu só disse que eu não tenho medo. Sei que há a possibilidade. Mas eu não tenho medo disso, já passei por isso. Sei que tem porta em outros lugares”. 

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“Eu me considero um piloto completo, eu sou rápido, mas também sei ajudar a desenvolver um carro. Então não tenho esse medo, eu tenho confiança nesse projeto que vai ser uma coisa duradoura. Quero estar nesse projeto, quero participar disso. Não tenho medo porque sei que poderia me profissionalizar em ouras áreas do automobilismo, às vezes por outra equipe nesse paddock ou até em outra categoria”.

Sette Camara viveu na pele a rejeição. No início de 2017, a Red Bull excluiu o mineiro do seu programa de desenvolvimento de jovens pilotos. Ele foi dispensado após apenas um ano de trabalho que não foi dos melhores. Em sua segunda temporada na Fórmula 3, ele terminou apenas na 11ª classificação geral e só conseguiu dois pódios em 33 corridas. Hoje, olhando para trás, ele acredita que a experiência foi muito positiva por lhe dar mais maturidade.

“Ajudou demais. Eu vi um monte de coisa. Eu vi o que as pessoas esperam de um piloto. Eu me coloquei na posição do Helmut Marko (consultor da Red Bull e responsável pelo programa), porque ele não quis continuar. Eu vi que alguém que controla algo assim depende do resultado que você teve para renovar. Nos outros é a mesma coisa. Mas na Red Bull é pior porque é mais público. Você precisa saber disputar um campeonato, não é só mostrar que é rápido, só mostrar potencial, precisa ser um piloto completo, ali aprendi isso. Fora o que aprendi no programa, no simulador, convivendo com as pessoas. Me preparou para que eu tivesse a oportunidade na McLaren. Eu estou mais tranquilo, já passei um pouco por isso. Então eu chego mais preparado. Foi muito importante”.

Sette Camara mostrou que amadureceu. No ano passado, ele mudou de categoria e conseguiu um desempenho regular na Fórmula 2. Já em 2018, mostrou bons resultados na categoria, apesar de não ter conquistado sequer uma vitória e de ter enfrentado problemas com o carro que quebrou em algumas corridas. Mas suas performances ao lado do companheiro Lando Norris, que foi promovido à equipe principal, chamaram a atenção.

“Foi um ano muito importante, estar ao lado do Lando, estar ali no holofote, foi uma oportunidade de ouro numa equipe boa. E eu soube aproveitar. Tinha um certo estresse: ‘Será que vão me prejudicar? Será que vão beneficiar o Lando?’. Cheguei a pensar isso durante a temporada, meu carro não parava de quebrar, claro que nunca vou ter resposta para tudo. Mas acredito que me deram uma chance muito boa”, disse. “Se quisessem poderiam ter feito isso com a facilidade. Não fizeram, me deram um carro rápido e mesmo sob aquelas críticas, me deram carro rápido. Sempre me deram a oportunidade, sou muito grato. Não sei se vou continuar ano que vem, há uma grande possibilidade que continue, mas ainda não é certo”.

Sette Câmara afirma que sua prioridade em 2019 será a Fórmula 2, até porque ele precisa de pontos para conquistar a superlicença que o credenciaria a pilotar um carro de Fórmula 1. Mas também vai se dedicar muito aos trabalhos na McLaren com simuladores de olho em uma chance no futuro, como teve o inglês Lando Norris que fará dupla com o espanhol Carlos Sainz Jr, após a aposentadoria de Fernando Alonso.

“Não (tenho expectativa de fazer treino livre). Eu trabalho sempre com expectativa baixa. Eu descobri que funciona melhor sempre, mas é inevitável que você faça esse tipo de expectativas. Eu quero fazer uma campanha boa na Fórmula 2, tentar ser campeão, senão mostrar ser o melhor piloto do campeonato de alguma forma, em conjunto com um trabalho legal do simulador aqui na McLaren, mas dando prioridade para a Fórmula 2. Vou dar sempre prioridade para a Fórmula 2. Vai depender um pouco disso, se a chance vai aparecer na McLaren ou não”.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Sette Câmara será piloto de testes da McLaren em 2019, e não em 2018

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