Pilotos sentem falta da emoção da Liga dos Campeões na F-1

O holandês Max Verstappen acabou tendo de consolar alguns amigos torcedores do Ajax. "Eu torço para o PSV, mas mesmo assim queria que o Ajax vencesse. Não estou chorando como meus amigos. Alguns deles ficaram bem tristes. Teve um que demorou uma hora para conseguir receber minha mensagem. E depois disse que não estava se sentindo muito bem", contou o piloto da Red Bull ao UOL Esporte.

"Eu achava que o Ajax estava garantido quando peguei o voo e levei um susto quando liguei o celular de novo em Barcelona", contou o italiano Antonio Giovinazzi, outro que segue futebol de perto. "Seria como se eu e o [companheiro de Alfa Romeo, Kimi] Raikkonen tivéssemos feito a pole position. Um resultado completamente inesperado."

Verstappen e Giovinazzi são apenas dois exemplos de como as semifinais da Liga dos Campões, nesta semana, impactaram o mundo da Fórmula 1. Liverpool e Tottenham se classificaram para a grande final, marcada para o dia 1 de junho, em Madri, após dois dias mais emocionantes da história do torneio.

Primeiro, o Liverpool recebeu o Barcelona após ser derrotado por 3 a 0 no jogo de ida. Dado como eliminado, o time do norte da Inglaterra fez 4 a 0 na equipe de Lionel Messi e configurou uma das viradas mais inesperadas da história.

Ontem, foi ainda mais surpreendente. O Ajax venceu o primeiro jogo por 1 a 0, em Londres, e, em Amsterdã, foi para o intervalo vencendo por 2 a 0. O Tottenham precisava fazer 3 gols em 45 minutos (mais acréscimos) para se classificar. E conseguiu isso com o brasileiro Lucas Moura, autor dos três gols, incluindo um aos 50 minutos.

A emoção proporcionada pelas partidas fez torcedores e imprensa elogiarem a competição. Mas será que uma surpresa como essa seria possível na Fórmula 1? Verstappen acha que não. "Não dá. Basicamente seria como se você estivesse três voltas atrás do líder e conseguisse ganhar uma corrida. A F-1 é um esporte diferente, coisas diferentes podem acontecer. Não é só uma corrida que é decisiva para o campeonato. Temos 21 corridas."

Outro grande fã de futebol (e torcedor do Real Madrid, eliminado pelo Ajax), Carlos Sainz acredita que a diferença entre a Liga dos Campeões e a Fórmula 1 é clara: "É um campeonato emocionante porque é competitivo e todas as equipes têm a chance de ganhar. Na F-1, no momento, poucas equipes que têm a chance de ganhar, então os resultados são mais previsíveis e precisamos mudar isso na F-1", disse o piloto, que disse gostar de um azarão e, por isso, vai torcer para o Tottenham na final.

Mesmo que seja difícil ver resultados tão inesperados na Fórmula 1, alguns pilotos usaram o exemplo das semifinais para motivar suas equipes. É o caso de Charles Leclerc, que viu a Ferrari perder as quatro primeiras corridas para a Mercedes neste ano. "Você precisa estar sempre motivado e nunca desistir e acho que a Liga dos Campeões foi um bom exemplo, e essa é a mentalidade dentro da Ferrari."

Quem também tirou essa mensagem dos jogos desta semana foi George Russell, da Williams, que enfrenta uma das piores fases de sua história e amarga a última colocação no campeonato. "Acho que essas semifinais mostraram o quão longe o espírito de equipe pode te levar. No final das contas, são humanos e, se você conseguir motivá-los da maneira correta, dá para conseguir ótimos resultados."

Contente por ver dois times de seu país decidindo a Liga dos Campeões, Russell disse que vai torcer para o Liverpool na final. "Eles fizeram uma grande temporada, mas provavelmente não vão ganhar o Campeonato Inglês, então acho que eles merecem."

A final da Liga dos Campeões será dia 1º de Junho, enquanto a Fórmula 1 disputa sua quinta etapa no campeonato neste final de semana, na Espanha. Os primeiros treinos livres começam nesta sexta-feira, com sessões às 6h e às 10h pelo horário de Brasília. A Mercedes fez dobradinhas nas quatro primeiras etapas e Valtteri Bottas lidera o campeonato com um ponto de vantagem em relação a Lewis Hamilton.