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Suárez e Cavani lideram Uruguai para provar que merecem mais que respeito

Cavani e Suárez comemoram gol nas Eliminatórias: dupla de respeito no ataque uruguaio - Martin Bernetti/AFP
Cavani e Suárez comemoram gol nas Eliminatórias: dupla de respeito no ataque uruguaio Imagem: Martin Bernetti/AFP

Do UOL, em São Paulo

13/06/2018 14h46

Poucas seleções da Copa do Mundo podem bater no peito e dizer que têm uma dupla de ataque no nível de Edison Cavani e Luis Suárez, atacantes da elite do futebol mundial que guiam as chances de o Uruguai voltar a conquistar o título depois de 68 anos. Além da qualidade inquestionável do futebol, os dois astros entram em campo na Rússia, a partir da estreia desta sexta-feira (15) contra o Egito (às 9h de Brasília), com o desafio de provarem que merecem mais do que respeito.

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Assim como Cavani, Suárez disputa na Rússia sua terceira Copa do Mundo e busca redenção depois de um 2014 para lá de conturbado. Marcou dois gols contra a Inglaterra, mas a mordida no italiano Chiellini, posteriormente punida com uma dura suspensão, ficou como última imagem de uma participação de gosto amargo.

Aos 31 anos e mais maduro, Suárez vem de quatro temporadas como coadjuvante de luxo de Lionel Messi no Barcelona. Na Rússia, tentará ser o protagonista que o Uruguai precisa para voltar ao topo na busca pelo tricampeonato.

Cavani tem a mesma idade, é respeitado por seu futebol, mas vê na Copa de 2018 a possibilidade de aumentar seu prestígio depois de uma temporada marcada por desentendimentos com Neymar no PSG. É o artilheiro histórico do clube francês e virou "Rei" em Paris, mas a chegada do brasileiro colocou a sua majestade em xeque.

A idolatria com a torcida parisiense está intacta com seus 169 gols após cinco temporadas na França, mas o Mundial pode significar o salto definitivo para ser visto como um dos principais atacantes do mundo - e quem sabe uma transferência milionária.

Juntos na seleção, Suárez e Cavani somam 93 gols e guiaram o país para uma classificação segura nas Eliminatórias. Na terceira Copa, aliam a vontade de mostrar que podem ser protagonistas de um Mundial com a experiência de já terem enfrentado altos e baixos na carreira. A chave do sucesso uruguaio na Rússia passa em grande parte por esse equilíbrio que causará dor de cabeça do mais fraco oponente aos favoritos.

Ao mestre, com carinho

Tabarez  - Andres Stapff/Reuters - Andres Stapff/Reuters
Tabarez durante treinamento na Copa América
Imagem: Andres Stapff/Reuters
Praticamente desde os primeiros passos na seleção, Cavani e Suárez tiveram a orientação de Óscar Tabarez, professor de formação que completará na Rússia a terceira Copa do Mundo seguida em 12 anos de trabalho já em clima de despedida. O treinador, atualmente com 71 anos, também comandou o país na Copa de 1990.

A saída de Tabárez, já considerada certa no país, também tem ligação com seu estado de saúde. Lutando contra uma neuropatia crônica, o treinador já comandou treinos precisando do auxílio de carrinho elétrico e muletas para compensar as limitações de mobilidade durante crises mais agudas. Mas manteve-se firme para, na Rússia, encerrar um trabalho que já deixa um legado incontestável.

Tabárez assumiu o comando da seleção depois da frustração pela ausência na Copa de 2006. Vai entregar ao seu sucessor uma equipe com histórico de uma semifinal (2010) e uma classificação para as oitavas (2014) em Mundiais, além do título na Copa América (2011). Em um grupo com Egito, Rússia e Arábia Saudita, tem boas chances de, ao menos, se despedir com mais uma participação em fases decisivas.

Mais do que resultados, Tabárez deixará como legado uma transição sem traumas entre gerações – nomes como Forlán e Lugano se despediram no período – e uma postura que transformou o Uruguai em uma seleção unida e forte para enfrentar as adversidades. Uma conquista na Rússia inevitavelmente virá com a legenda dos jogadores: “Ao mestre, com carinho”.

Velhos conhecidos dos brasileiros

Arrascaeta - MIGUEL ROJO/AFP - MIGUEL ROJO/AFP
Arrascaeta comemora gol com Suárez durante amistoso
Imagem: MIGUEL ROJO/AFP

País que tradicionalmente recebe jogadores uruguaios, o Brasil verá velhos conhecidos de seus clubes em ação com a camisa celeste. O vascaíno Martín Silva será reserva, mas o cruzeirense Giorgian De Arrascaeta tem boas chances de começar como titular a caminhada no Mundial.

Diego Godín não jogou no futebol brasileiro, mas é reconhecido mundialmente depois de temporadas em alto nível no Atlético de Madri e completa com Suárez e Cavani o trio de pilares do Uruguai para Copa. Zagueiro de inquestionável técnica e impressionante qualidade na bola aérea, mantém viva a tradição e será o responsável por manter a solidez uruguaia na defesa. Veja a análise de todos os jogadores no Blog do Menon.

Com estas armas, o Uruguai parte para mais uma batalha deixando vivo um ditado que acompanha a trajetória do país no futebol: não duvide de sua seleção, seja qual for a adversidade a enfrentar. Como desafio, talvez fique a lição da última Copa e de tantos outros momentos do país no futebol: manter a concentração lá em cima contra qualquer adversário.

Na primeira fase da última Copa, o país estreou perdendo para a Costa Rica, mas venceu Itália e Inglaterra para chegar às oitavas. Em uma seleção acostumada a grandes batalhas, a armadilha pode aparecer onde menos se espera.

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