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Cavani caça javalis. E isso diz mais sobre ele do que qualquer polêmica

Vestido de caçador, Cavani aparece em foto ao lado de carcaça de javali - Divulgação
Vestido de caçador, Cavani aparece em foto ao lado de carcaça de javali Imagem: Divulgação

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

19/06/2018 21h00

No fim de maio, o atacante Edinson Cavani, da seleção uruguaia e do Paris Saint-Germain, foi protagonista de uma polêmica ao fazer postagens na internet exibindo um javali morto, resultado de uma caça ao lado de amigos e parentes. Mas entre críticas desesperadas nas redes sociais e até uma notificação do governo do Uruguai, a foto representa bem mais sobre a personalidade do jogador do que se imagina. Nesta terça-feira, o uruguaio é uma das esperanças de gol diante da Arábia Saudita,às 12h (de Brasília), pela segunda rodada do Grupo A da Copa-2018.

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Cavani curte o interior do Uruguai ao lado de amigos - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Cavani não é só a estrela do futebol que estamos acostumados a ver no PSG e na seleção celeste, que enfrenta a Arábia Saudita às 12h desta quarta-feira, pela segunda rodada do Grupo A da Copa do Mundo de 2018. O astro é daquele tipo de pessoa apegada às raízes, que não esquece do passado mesmo quando muda completamente de vida.

E a origem de Cavani é no campo. Seu berço é Salto, um departamento - ou estado - localizado no noroeste do Uruguai e que faz fronteira com a Argentina. A economia da região é baseada na agricultura, com destaque a produção de frutas cítricas e de uvas para os vinhos tannat, reconhecidos internacionalmente. Tudo isso fez parte da formação de Cavani como pessoa e segue sendo sua realidade no raro tempo livre proporcionado pela carreira de atleta profissional.

Cavani posta paisagem bucólica na cidade de Salto - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Salto é uma cidade pequena no interior do Uruguai
Imagem: Reprodução/Instagram

Quando está de férias ou tem alguma folga mais longa, ele não hesita em voar até o país natal e dirigir até Salto, que fica a quase 500 quilômetros de Montevidéu. Lá, encontra velhos amigos e familiares para fazer os famosos "asados" - como chamam os churrascos - e tomar mate nas fazendas que se multiplicam pelas redondezas. Campos abertos, plantações e mais paisagens bucólicas, margeando o rio Uruguai, são o refúgio de Cavani. Ele faz questão de mostrar essa vida alternativa em suas postagens nas redes sociais, quase sempre acompanhado de músicas folclóricas.

Nessa realidade rural, a pesca e a caça também são atividades comuns. E são completamente aceitas pelo povo local. Isso explica a defesa feita por alguns fãs quando Cavani publicou as imagens com o javali que havia caçado. O animal é considerado uma praga para as plantações e a caça da espécie é autorizada. O governo resolveu notificar o atacante do PSG simplesmente por ter exposto o feito, considerando ser uma imagem forte e inadequada para ser exibida em um contexto mais global.

Cavani se reúne com amigos no interior do Uruguai - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Consciência social

As estrelas da seleção uruguaia são frequentemente elogiadas pela consciência social. Era assim com Diego Lugano, hoje aposentado, e seus centros de apoio a crianças autistas ou então com o zagueiro Diego Godín e seu envolvimento na luta dos jogadores do Campeonato Uruguaio contra casos de corrupção e desigualdade com a federação local e patrocinadores. Cavani também reforça essa lista.

Anualmente, o atacante organiza uma partida beneficente em Salto, convidando outros atletas famosos, personalidades e amigos. A mãe do jogador, Berta Gómez, é quem ajuda a organizar o evento. O objetivo é arrecadar fundos para instituições da região. Em 2016, auxiliou crianças com câncer. No fim de 2017, a entidade premiada foi a Associação Down de Salto, que ajuda portadores da síndrome de down. A assistência do craque para um dos meninos marcar um gol na pelada foi o momento mais emocionante da festa.

"O dinheiro arrecadado ajudou a associação a se organizar melhor para ter uma sede própria e mais bem preparada. Esperamos que Edinson continue ajudando as pessoas assim. Para o povo de Salto, é orgulho ver alguém tão próximo nos representando no mundo e sempre voltando para cultivar as origens", disse Paola Silva, professora e presidente da Associação Down de Salto.

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