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Copa 2018

Amor de Griezmann por Uruguai é só um dos elos entre franceses e rivais

Diego Godín ao lado da afilhada Mia e de Antoine Griezmann - Reprodução/Instagram
Diego Godín ao lado da afilhada Mia e de Antoine Griezmann Imagem: Reprodução/Instagram

Marcel Rizzo e Vanderson Pimentel

Do UOL, em Istra (Rússia) e São Paulo

05/07/2018 04h00

Diego Godín é padrinho de Mia, filha de Griezmann. O atacante "adotou" Dembélé na seleção e é colega de Umtiti. Estes são parceiros de Luis Suárez no Barcelona, que nas quartas de final desta sexta-feira (6) também será marcado por Lucas Hernández, defensor do Atlético de Madri que, assim como Griezmann, é amigo de Godín e Giménez.

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A partida entre França e Uruguai, que definirá um dos semifinalistas da Copa do Mundo da Rússia, marca a presença de atletas que convivem juntos em clubes, principalmente da França e da Espanha, e que se tornaram não só colegas, mas amigos. Dos 46 convocados nas duas delegações, 21 jogam entre Espanha (11) e França (10), quatro deles no Atlético de Madri.

"Será um desafio sentimental esse jogo para mim", admitiu Griezmann. O atacante de 27 anos, natural de Mâcon, pequena cidade de 34 mil habitantes no leste do país, poderia ser definido como francês de nascimento, espanhol de adoção e uruguaio por vocação. Não é raro ver Griezmann em fotos tomando o mate, bebida típica uruguaia, e comendo 'asado', o churrasco local. O primeiro incentivador foi o atacante Carlos Bueno.

O francês, que nunca jogou por um clube de seu país, iniciou sua relação com Uruguai ao participar do elenco profissional da Real Sociedad em 2009. Lançado ao time principal pelo uruguaio Martín Lasarte, o então atacante de 18 anos foi "adotado" pelo atacante 11 anos mais velho. Ex-jogador e torcedor do Peñarol com direito a tatuagem no peito, Bueno ensinou Griezmann a apoiar o clube aurinegro, tomar mate e como cabecear usando os braços.

"Ele (Bueno) vinha me buscar em casa para me levar aos treinos. Não importava se competíamos pelo mesmo posto. Havia uma solidariedade, que é algo só visto no futebol sul-americano", recordou Griezmann.

Bueno deixou a Real Sociedad em 2010, e Griezmann seguiu atuando pela equipe até virar o protagonista do time basco. Em 2014, sua transferência ao Atlético de Madri não só lhe rendeu o desenvolvimento como jogador e também despertou suas "origens charrúas".

Por lá desde 2010, já estava Godín, 32, natural de Rosario, no Uruguai, que teve passagem pelo tradicional Nacional de Montevidéu antes de ser comprado pelo Villarreal, outro time médio espanhol que o levou à capital espanhola. A trajetória parecida não é uma simples coincidência. "Ele (Godín) me falou bem do clube. Foi o que me deu vontade de assinar com o Atlético de Madri."

Griezmann e Godín - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Griezmann e Godín tomam mates durante viagem
Imagem: Reprodução/Instagram

Além de encontrar um companheiro de mate, 'asado' e doce de leite, Griezmann disse que a convivência com os zagueiros e a admiração também por Edinson Cavani despertaram "algo de uruguaio" nele. "Eles dão tudo pela equipe, não se dão nunca por vencidos e ajudam seus companheiros”.

"Simpatizo com muitas coisas do país, gosto das pessoas, tenho amigos. Vai ser um confronto lindo", disse Griezmann.

A relação do francês com o Uruguai, porém, despertou uma polêmica recente. Uruguaio mais "casca grossa", Luis Suárez acirrou a rivalidade entre as seleções ao minimizar a ligação marcante de Griezmann com o país sul-americano.

"Ainda que Antoine (Griezmann) diga que é meio uruguaio, ele é francês e não sabe na realidade o que é o sentimento uruguaio, a entrega e esforço que fazemos desde pequenos para triunfar no futebol com tão poucas pessoas que somos. Isso nós sentimos", disse Suárez, mostrando que para ele funciona mais o lema "amigos, amigos, negócios à parte".

O zagueiro do Uruguai Jose María Gimenez e o lateral francês Lucas Hernández completam a ligação entre os dois países no Atlético de Madri. Este último, de apenas 22 anos, assim como Griezmann teve carreira apenas na Espanha, já que seu pai, Jean-François, jogou por anos no país. No clube, os quatro, dois franceses e dois uruguaios, são muito próximos, frequentam a casa um dos outros, as famílias se conhecem, e se ajudam em afazeres diários. 

Relação boa também no Barça

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Imagem: Julian Finney/Getty Images

Franceses e uruguaios também se dão bem em outro clube espanhol: o Barcelona. Aos 21 anos, Dembélé chegou ao Barça em 2017, após sair do Borussia Dortmund com certa fama de jogador problema. No clube encontrou um companheiro de seleção, o zagueiro Umtiti, e um "rival" para o ataque, o uruguaio Suárez de quem, no fim, virou amigo.

Curiosamente, Griezmann, com quem Suárez criou polêmica recente, é o responsável por "adotar" Dembélé no grupo francês e evitar que ele entrasse em confusões. 

E as estrelas do PSG?

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No Paris Saint-Germain, hoje o principal time da França, há apenas três jogadores no selecionado de Didier Deschamps, o principal deles o atacante Mbappé, de apenas 19 anos e que tem tudo para ser a revelação do torneio.

Para mais um elemento curioso de ligação entre as duas seleções, o principal jogador hoje do Uruguai também atua no PSG, Cavani, que por causa de uma lesão não deve participar do confronto. Recheado de estrelas, entre eles o brasileiro Neymar, o PSG tem menos histórias de amizades e famílias reunidas do que o Atlético de Madri -- vide os problemas de relacionamento entre Neymar e Cavani no início da trajetória do brasileiro no clube de Paris.

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