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Em baixa com a Fifa, Brasil cai sem ter VAR a favor e com muita reclamação

O árbitro sérvio Milorad Mazic repreende Neymar após suposta falta no jogo entre Brasil e Bélgica - AP Photo/Frank Augstein
O árbitro sérvio Milorad Mazic repreende Neymar após suposta falta no jogo entre Brasil e Bélgica
Imagem: AP Photo/Frank Augstein

Do UOL, em Kazan (Rússia)

06/07/2018 18h35

Principal novidade implantada pela Fifa na Copa do Mundo da Rússia, o árbitro de vídeo teve participação fundamental em vários resultados nesta competição, mas com pouco ou nenhum impacto positivo na campanha da seleção brasileira, interrompida com a derrota por 2 a 1 para a Bélgica nas quartas de final, nesta sexta-feira (6), em Kazan.

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A consulta ao VAR (sigla em Inglês para Video Assistant Referee) em lances considerados capitais gerou polêmica entre comissão técnica, dirigentes e jogadores do Brasil desde a estreia, no empate em 1 a 1 com a Suíça, quando o atacante Zuber deslocou o zagueiro Miranda dentro da área para ficar sem marcação e cabecear para o gol, e em disputa de bola entre Gabriel Jesus e Akanji, em que o camisa 9 pediu pênalti.

Em ambos os lances, e nos demais que provocaram chiadeira da seleção brasileira nesta Copa, a postura do árbitro de campo foi a mesma: manter a marcação inicial sem precisar de revisão na tela que fica à beira do gramado. Da cabine, em todos os casos, os assistentes de vídeo analisaram os replays de forma instantânea e não contestaram a marcação do juiz, procedimento chamado de "silent check" (checagem silenciosa, em inglês).

Por conta desses lances, a CBF fez uma queixa formal à Fifa, pedindo esclarecimentos pelo não-uso do VAR e a divulgação dos áudios da comunicação via rádio da equipe de arbitragem que trabalhou no jogo contra os suíços, o que aumentou ainda mais o desconforto da entidade máxima do futebol com os dirigentes brasileiros. Contra o México, em que Neymar sofreu um pisão de Miguel Layun fora de campo e nem sequer levou cartão amarelo, a confederação preferiu não protestar.

Tudo isso se dá em um contexto de CBF fraca nos bastidores. Com seu antigo presidente banido do futebol por conta de denúncias de corrupção, a entidade é representada na elite da cartolagem por Antonio Carlos Nunes, o atual mandatário que herdou o poder por conta de uma manobra de Marco Polo del Nero. Tratado como um peso nos bastidores, capaz de cometer gafes e criar problemas, ele gerou uma crise diplomática ao não acompanhar o voto sugerido pela Conmebol para a sede da Copa do Mundo de 2026 - o acerto era pela escolha da campanha tríplice da América do Norte (Canadá, Estados Unidos e México), mas o dirigente votou no Marrocos.

A imagem da cúpula da CBF ficou ainda mais arranhada na Rússia após Nunes e um assessor se envolverem em briga num restaurante em São Petersburgo, em que um torcedor foi atingido por um copo e sofreu cortes na cabeça. Por tudo isso, a visão de que a confederação tem pouca força nos bastidores se disseminou no entorno da seleção, que entendia desde o início da Copa de que teria de vencer uma arbitragem não muito favorável. 

Contra os belgas, o Brasil reivindicou duas penalidades, em cima de Gabriel Jesus e Neymar, mas o árbitro sérvio Milorad Mazic optou por não analisar os replays. "Não quero colocar a arbitragem, soa um pouquinho como choro. A única coisa é que eu gostaria de ter visto o VAR no lance do Gabriel. Só. Padrão", disse o técnico Tite, em entrevista coletiva após a derrota em Kazan.