'Revolução' de Tite empaca no maior palco, e Brasil soma 20 anos de jejum
Até perder por 2 a 1 para a Bélgica e ser eliminado da Copa do Mundo nesta sexta-feira (6), Tite havia comandado a seleção brasileira em 25 partidas. Foram 20 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. Por 19 vezes a equipe deixou o campo sem tomar gol. São números de respeito, que ajudaram o Brasil a recuperar status e certo prestígio internacional após a humilhação dos 7 a 1 para a Alemanha quatro anos atrás. No entanto, a "revolução" que vinha sendo capitaneada pelo treinador sucumbiu em seu desafio máximo, no maior palco do futebol mundial.
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A eliminação nas quartas de final da Copa da Rússia, de certa forma, questiona métodos e posturas de um trabalho que parece beirar o incontestável nos números. O Brasil da "força mental", tecla que Tite insistiu em bater a cada entrevista coletiva, se desmantelou após o gol contra de Fernandinho, aos 13 minutos do primeiro tempo, quando estava melhor em campo e, instantes antes, havia acertado a trave de Courtois, com o zagueiro Thiago Silva.
Coerência nem sempre é uma virtude. Na vitória ou na derrota, o treinador não avaliou pontos de suas próprias convicções, que acabaram se refletindo na campanha verde-amarela na Copa. Como a insistência em Gabriel Jesus como titular, ainda que o camisa 9 executasse funções de auxílio na marcação elogiadas pela comissão técnica, ou o retorno de Marcelo à lateral esquerda, mesmo em visível decadência de desempenho, e com Filipe Luís vindo de atuação segura contra Sérvia e México.
Ao bancar que a seleção brasileira só cortaria jogadores da lista de convocados antes da Copa se fosse inevitável, Tite também expôs a dificuldade em encontrar opções para a equipe, que esbarravam no desgaste físico. O meio-campista Fred, por exemplo, nunca esteve 100% e deixou a Rússia sem jogar nenhum minuto.
Existem pontos a serem exaltados, sem dúvida. Mas, mesmo com tantos predicados, Tite terá de se contentar com uma campanha pior do que a do Brasil que foi esculachado em 2014, e jogando em casa.
Na Rússia, a seleção brasileira repete as campanhas das edições da Alemanha-2006 e África do Sul-2010, caindo nas quartas de final para um adversário europeu. Campeão pela última vez em 2002, o Brasil atingirá no próximo Mundial, no Qatar, em 2022, o segundo maior jejum de conquistas de sua história: 20 anos, superado apenas pelos 24 anos de espera entre o tri, em 1970, e o tetra, em 1994.
Ainda é cedo para detectar o impacto que a derrota para a Bélgica terá no futuro de Tite na seleção. Nos últimos Mundiais, o cenário foi de terra arrasada, gerando trocas de filosofias de trabalho e com descarte indiscriminado de jogadores para o ciclo seguinte. O contrato entre o treinador e a CBF expira em 31 de julho, mas antes da Copa havia conversas prévias por renovação.
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