Questão disciplinar foi determinante para Grêmio afastar Moreno do grupo

Além de querer reduzir a folha salarial, que gira em torno de R$ 10 milhões por mês, a direção do Grêmio elenca outros três motivos para o afastamento do centroavante Marcelo Moreno do grupo principal: questões técnicas, problemas físicos e comportamentais do jogador. A declaração que deu para jornais da Bolívia, em março, afirmando que não teria mais chances com Vanderlei Luxemburgo no Grêmio complicou ainda mais a situação do atacante.

“A questão do Moreno passou primeiro por uma avaliação técnica, que, naquele momento, ele tinha perdido espaço, mas passa também por uma questão física e comportamental, na medida em que uma decisão legítima do treinador foi discutida publicamente. Em nenhum momento rebatemos as declarações do pai e do próprio Moreno, que afirmou que não jogaria mais com o Vanderlei, e isso estabeleceu outro clima de relacionamento dentro do clube. O que começou com uma escolha do treinador, passou a ser uma questão institucional na medida que o atleta passou a questionar publicamente a sua não escalação e isso desgastou a imagem do clube e do próprio jogador”, afirmou o diretor executivo do Grêmio, Rui Costa, à Rádio Gaúcha.

A declaração do centroavante de que irá esperar para definir o seu futuro em junho, sem consultar a direção do clube, também desagradou os dirigentes e a comissão técnica e praticamente definiu que ele está fora dos planos. O discurso acelerou o processo de busca por um clube para o jogador.

“O vínculo [até 2015] estabelece obrigações para o Grêmio e para o jogador. Não pode ser o atleta que vá decidir se fica, ou não, no clube. Estamos trabalhando e caminhando para que as alternativas contemplem a questão do investimento que foi feito [cerca de R$ 10 milhões por 70% dos direitos] e que também se respeite a hierarquia e a questão institucional, que é a mais importante de todas”, declarou Rui Costa.

Cruzeiro, Palmeiras e Botafogo demonstraram interesses em contar com o atleta, mas nenhuma das sondagens evoluiu, principalmente, pelos altos salários que Moreno recebe no clube, cerca de R$ 500 mil por mês. Outro dificuldade é que o Grêmio ainda deve duas parcelas que irão vencer de cerca de R$ 3 milhões cada e irá exigir uma solução “inteligente” para o caso. A esperança é que propostas vindas do exterior em junho cubram os valores que estão sendo pedidos pelo clube gaúcho.

Com as declarações e as contratações de Vargas, Barcos, Welliton, Willian José, o bom desempenho de Lucas Coelho no início do Gauchão, e o retorno de Kleber, Marcelo Moreno perdeu espaço no grupo de Luxemburgo e tem sobrado até dos jogos do time reserva do Grêmio no estadual. A última participação do centroavante boliviano foi no jogo-treino dos reservas contra o Cerâmica , no último dia 13, no Olímpico.

Marcelo Moreno descarta ter causado problemas extracampo no período que está no Grêmio. Garante que vem se esforçando e tendo bom rendimento nos treinamentos, além de negar que tenha afirmado que não iria mais jogar com o Vanderlei Luxemburgo.

“Não disse que não ia jogar enquanto ele estivesse no Grêmio, mas que estava sendo difícil jogar com tantos atletas na posição. Respeito o treinador e a decisão dele. Tenho que me focar ainda mais para receber novas oportunidades. Não sei se vai ser com ele ou com o próximo, mas vou continuar no Grêmio fazendo o meu trabalho e dando o máximo”, declarou Marcelo Moreno.

Na temporada, o centroavante disputou cinco jogos no Grêmio e não marcou nenhum gol. O último ocorreu na vitória sobre o Hamburgo, da Alemanha, por 2 a 1, em dezembro, na inauguração da Arena.  Marcelo Moreno viajou para a Bolívia na última segunda-feira para os treinamentos da seleção que irá enfrentar o Brasil no próximo dia 6, às 16h, em Santa Cruz de La Sierra. A renda da partida será destinada a família do jovem Kevin Espada, vítima de um sinalizador na partida entre Corinthians e San José, pela Libertadores.