Pressionada por protestos, direção do Atlético-PR quer compor com oposição
Pressionada por protestos da torcida e pela movimentação dos sócios em busca de uma assembleia geral para discutir tópicos da gestão do clube, a diretoria do Atlético Paranaense divulgou nota nesta quarta-feira (11) sugerindo uma aproximação com membros da chapa de oposição nas últimas eleições.
Capitaneada pelo advogado Henrique Gaede, a chapa “Atlético de Novo” foi derrotada pela “CAP Gigante” de Mario Celso Petraglia, mas as decisões recentes do clube em relação à sua torcida, especialmente após as concessões dadas aos torcedores do Paraná Clube quando do aluguel da Arena da Baixada, reascenderam o debate político no Furacão.
Ao lado da organizada “Os Fanáticos”, Gaede e membros que compunham a chapa convocaram os sócios do clube em busca de 3 mil assinaturas (1/5 do total) para uma assembleia extraordinária de sócios, que irá cobrar de Luiz Sallim Emed, Aguinaldo Coelho e Petraglia – que está formalmente afastado, mas tem comparecido a eventos de interesse do clube – coisas como os problemas do plano de sócios, a majoração recente dos ingressos, as proibições aos torcedores, a atuação do conselho de ética do clube, que recentemente expulsou o ex-presidente Marcos Malucelli, desafeto de Petraglia, entre outras ações. Também questionará a administração do estádio, os laços dos parentes de Petraglia com a CAP S/A, gestora da Arena, a arrecadação dos fundos dos aluguéis do estádio e as razões da saída do clube de sua cancha durante a Libertadores e até o tom acinzentado do estádio.
O movimento organizou um protesto para antes do jogo contra o Atlético-GO, nesta quarta-feira, disponibilizando um telão para acompanhar a partida fora do estádio, e vendendo cerveja e alimentos a preços populares. Uma parceria entre a organizada e membros da chapa de oposição bancou o aluguel do telão e obteve alvará de evento junto à Prefeitura de Curitiba. No evento, estará colhendo assinaturas para a assembleia, que de acordo com os artigos 44 e 46 do estatuto do clube, tem poder de decisão sobre as ações da diretoria atual. "Vamos questionar as ações que não coadunam com o objetivo do clube", explicou o advogado William Romero, ligado ao movimento.
Nesta terça, a diretoria do Atlético denunciou o movimento em nota às autoridades públicas, dizendo temer episódios de violência; foi rebatida por Gaede, citado na nota: “Mais uma vez a atual administração do Clube Atlético Paranaense tentando intimidar as pessoas que não concordam com sua postura. Ela usa de uma Nota Oficial para tentar confundir a opinião pública. Movimentos paralelos são livres, independentes e autônomos e somente por mim serão apoiados se respeitarem os limites da ordem, do direito de livre manifestação e do zelo pela coisa pública e do patrimônio privado”, escreveu no Facebook.
Na nova nota, os diretores atleticanos recuaram e sugeriram que Gaede e João Alfredo Costa Filho, seu par de chapa, integrem uma comissão para debater planos de sócios e relações com torcedores. Prometeram ainda colorir a Arena de vermelho e preto, disponibilizando capas para os assentos, disponibilizar todas as contas do clube e da Arena, mas mantiveram postura firme com relação à organizada: “Trata-se de política de segurança do Clube que não comporta flexibilização nem mudanças das decisões já tomadas.”
Confira a nota na íntegra:
A autodenominada oposição do Atlético anuncia a convocação de uma assembleia geral de sócios. Há um rol de assuntos que devem ser tratados, segundo a convocação. De lado os aspectos legais da limitação de assuntos a deliberar, é evidente que o movimento é politicamente legítimo (previsto, inclusive, no Estatuto). No entanto, a assembleia tem sido apresentada como um movimento contrário à atual gestão, como se os Conselhos do Clube fossem contra todas as propostas cogitadas. Não é isso. A verdade não está com a atual gestão; a verdade está com todos os Atleticanos.
Com estas considerações, o Conselho Administrativo, levando em consideração as legítimas manifestações dos Atleticanos que estão a convocar a assembleia, toma as seguintes decisões:
a) Criar uma comissão para analisar a revisão do atual plano de sócios e venda de ingressos, estudando a possibilidade de tornar compatível um acesso maior dos torcedores, sem descuidar da arrecadação. Importante lembrar que todos esperavam uma adesão maior de sócios com a nova Arena – o que acabou não se confirmando. A Fundação Getúlio Vargas pode assessorar a Comissão, com as despesas pagas pelo Clube. A Comissão será também integrada pelos sócios da hoje intitulada oposição. Aliás, fica aqui registrado o nosso convite para que os Senhores Henrique Gaede e João Alfredo Costa Filho componham esta comissão. Assim, o Clube aguarda suas posições para oficialização de todos os nomes que irão contribuir com este trabalho;
b) Em relação à vedação de cessão da Arena para datas que conflitem com jogos do Clube, trata-se de deliberação já tomada pelos Conselhos Administrativo e Deliberativo do CAP – desde o triste episódio em que o Coritiba descumpriu um contrato e obrigou o Clube a jogar a Copa Libertadores da América noutro estádio, sem a capacidade de atendimento a todos os sócios;
c) Atendendo a reivindicações da torcida, o Clube já havia iniciado estudos para colorir a Arena, além do colorido que a torcida traz em dias de jogos. Em breve os sócios terão capas em vermelho para voluntariamente cobrir o encosto das cadeiras. Além das capas, o Clube está com projeto aprovado para colorir a Arena de vermelho e preto, além dos painéis de “led”, solução que fez parte do projeto inicial e por falta de recursos e prioridade até a presente data não foi realizado;
d) Embora os dados já tenham sido fornecidos aos órgãos de controle, o Clube sempre deixou abertas todas as suas contas, inclusive as da construção da Arena, mantendo à disposição dos sócios para consulta no Clube, contemplando também todas as consultorias e auditorias. Sobre os processos envolvendo a Arena da Baixada, de igual forma, são todos públicos (inclusive a defesa do Clube). Ainda assim, o Clube está à disposição, como sempre, por seus advogados, para prestar os esclarecimentos necessários – como reiteradamente tem feito ao Conselho Deliberativo;
e) Em relação à torcida organizada, o Clube ratifica por meio de suas mesas diretoras de seus Conselhos a intolerância com grupos organizados que patrocinam a violência e afastam os verdadeiros torcedores do estádio. O mesmo se diga em relação à biometria. Trata-se de política de segurança do Clube que não comporta flexibilização nem mudanças das decisões já tomadas;
O Atlético vive um momento delicado da sua história. O parcial descumprimento do acordo tripartite, como já foi amplamente divulgado pela imprensa, exige união dos Atleticanos em defesa do patrimônio do Clube. Não é hora de divisão. Os Atleticanos unidos são capazes de encontrar os melhores caminhos para os grandes desafios. E a verdade estará sempre com os Atleticanos.
Saudações rubro-negras,
Conselho Administrativo
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