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Zagueiro campeão e técnico discreto, Turra vira "voz estudiosa" de Felipão

Paulo Turra vai comandar o Palmeiras nesta quinta contra o Bahia - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Paulo Turra vai comandar o Palmeiras nesta quinta contra o Bahia Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

02/08/2018 04h00

O torcedor do Palmeiras com certeza se lembra de Paulo Turra com a camisa do clube e deve saber que o então zagueiro fez parte dos elencos campeão da Copa dos Campeões e vice da Copa Mercosul de 2000. Mas tão importante quanto o passado como jogador é o perfil como treinador do gaúcho de 44 anos, que nesta quinta-feira (2) será o responsável por comandar o alviverde no jogo contra o Bahia, a partir das 19h15, pela Copa do Brasil. Com carreira discreta no banco de reservas, ele se tornou a "voz estudiosa" na comissão de Luiz Felipe Scolari, que chega ao Brasil nesta sexta (3) para ser apresentado.

Entusiasta de leituras sobre futebol, interessado pelo estudo da tática e espectador assíduo de jogos, Turra fez todos os níveis do curso da CBF para treinadores. Esse perfil é uma aquisição relativamente recente na comissão de Felipão. O experiente treinador, que já havia trabalhado com o ex-zagueiro quando este fez um estágio no Palmeiras em 2011, chamou Turra para ser seu auxiliar no Guangzhou Evergrande, da China, em 2015. Juntos, os dois foram tricampeões nacionais e venceram também a Liga dos Campeões da Ásia.

A carreira de Paulo Turra como treinador até o convite Felipão foi discreta e consistiu principalmente de passagens por times menores da região Sul do país. Ele começou como auxiliar do Novo Hamburgo em 2008, um ano depois de parar de jogar, e lá também ganhou a primeira oportunidade como técnico principal. Nos anos seguintes, intercalou passagens por times como Esportivo, Brusque, Cianorte e Operário-PR, com estágios com treinadores em clubes maiores. Além do próprio Felipão no Palmeiras, também passou períodos com Silas no Avaí, Muricy Ramalho no Fluminense e Tite no Corinthians.

No Cianorte, alguns sinais promissores: ficou em segundo lugar no primeiro turno do Paranaense de 2012, conquistou a vaga para a Série D daquele ano e foi eleito o melhor treinador do interior no Estadual. Mas a primeira grande chance da carreira, em 2014, foi uma decepção total. Escolhido para assumir o Avaí em um momento decisivo no Catarinense, ficou menos de um mês e foi demitido com três derrotas em três jogos. No ano seguinte, também não durou muito no comando do Caxias, onde foi campeão gaúcho como jogador em 2000 sob o comando de Tite: perdeu o emprego em março.

A experiência na China serviu para revitalizar a carreira de Turra e significou a maior oportunidade do ainda jovem treinador. Apesar de a última palavra ser de Felipão, o auxiliar tem liberdade para sugerir atividades de treino e muitas vezes comandá-las. Nesta semana, enquanto Scolari ficou em Portugal para resolver questões particulares, foi Turra quem dirigiu os treinamentos do Palmeiras, parando as atividades constantemente para cobrar intensidade e passar orientações. O outro auxiliar de Felipão, o ex-preparador de goleiros Carlos Pracidelli, teve bem menos protagonismo nos trabalhos de campo e se limitou a alguns papos com os atletas.

As primeiras sinalizações da nova comissão técnica, aliás, indicam que as principais características do estilo de Scolari seguem inalteradas. A mudança mais óbvia foi a escalação de Deyverson, um centroavante clássico, como titular, devolvendo Willian para a ponta. Além disso, uma proteção extra à frente da zaga, ênfase nas jogadas pelos lados e cobrança por intensidade e entrega na marcação foram pontos marcantes dos primeiros dias de trabalho de Turra. Alguns jogadores disseram que já é possível sentir diferenças claras em relação à metodologia do ex-treinador Roger Machado.

Contra o Bahia, a "era Scolari" começará mesmo sem o ídolo palmeirense estar fisicamente no banco. O provável time que vai a campo tem Weverton; Marcos Rocha, Antônio Carlos, Edu Dracena e Diogo Barbosa; Felipe Melo, Bruno Henrique e Moisés; Willian, Dudu e Deyverson. Convivendo com críticas de que estaria "ultrapassado", especialmente após os 7 a 1 sofridos pelo Brasil na Copa de 2014, Felipão tem em Paulo Turra um dos trunfos para tentar mostrar que seus métodos, extremamente vencedores na China, ainda podem funcionar também por aqui.