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Football Leaks: Cifras em torno de Neymar têm até R$ 2 mi por apresentação

Olivier Morin/AFP Photo
Imagem: Olivier Morin/AFP Photo

Do UOL, em São Paulo

09/11/2018 20h29

Informações vazadas pelo chamado ‘Football Leaks’ nesta sexta-feira (9) revelam cifras impressionantes em torno de Neymar no Paris Saint-Germain. Além de receber uma bagatela para “comprometer-se a respeitar os valores” do clube, o brasileiro ainda teria tido apresentação milionária na Torre Eiffel e contaria com privilégios publicitários.

De acordo com o site francês Mediapart, a apresentação e a mensagem de boas-vindas no principal ponto turístico de Paris, em 2017, custaram 550 mil euros ao PSG (R$ 2,1 milhões na cotação atual). Deste total destacam-se os 260 mil euros gastos para usar o monumento, enquanto outros 63 mil euros pagaram a segurança de Neymar em seus primeiros dias na França.

Segundo os documentos vazados, é possível saber até os termos negociados pelo presidente do Paris, Nasser al-Khelaïfi.

“Quero em frente à Torre Eiffel, com a imagem dele e o símbolo do clube. Fizemos um investimento enorme nele, e eu nunca aceitaria que ninguém pudesse fazer o que estou pedindo”, teria dito o cartola.

O Mediapart é membro do EIC (Colaborações Investigativas Europeias, em português), uma rede de jornalistas comprometida a publicar reportagens investigativas de fôlego. Chamado de 'Football Leaks’, os vazamentos ligados a futebol já acusaram o Monaco de assinar contratos falsos; o Manchester City de falsificar patrocínio da Etihad; e o PSG de ocultar discriminação racial em suas categorias de base. Tal trabalho foi acusado de “fake news” por Neymar em suas redes sociais.

Craque recebe para aplaudir torcida

Ainda segundo documentos do Football Leaks, os jogadores do PSG recebem uma bonificação por manterem-se em coesão com os valores da equipe. Tanto o Mediapart quanto a revista alemã Spiegel explicam que, no contrato de Neymar, estão estabelecidos 4,5 milhões de euros anuais para que ele ‘mantenha-se na linha’ dentro e fora de campo.

Para receber tal quantia, é preciso por exemplo não criticar publicamente o técnico do time, além de “aplaudir a torcida antes e após os jogos”. Neymar ainda não se pronunciou detalhadamente sobre as revelações, apenas ironizou no Instagram.

Patrocínios milionários e nada ao PSG

Football Leaks ainda se debruça sobre as fontes de renda alternativas de Neymar. O camisa 10 da seleção brasileira receberia 930 mil euros por ano da marca de óculos Police; 869 mil euros anuais da batata Sabritas (apenas no México); e, em um acordo pontual, levou 550 mil euros para posar para quatro horas de ensaio fotográfico da Toyota, ainda quando estava no Barcelona.

Nessa história toda, o Paris Saint-Germain “não tem o direito de publicizar a imagem individual [de Neymar], ainda que o jogador use a camisa do clube”, escreve o Mediapart.

Clube se defende via comunicado oficial

Nesta sexta-feira, o Paris respondeu à polêmica divulgando uma nota oficial com seis pontos principais e outros três esclarecimentos sobre sua política de "prêmios de ética". Confira abaixo.

1. Todos os contratos esportivos do Clube e de seus subsidiários estipulam um bônus de ética mensal, cujo pagamento está vinculado à obtenção dos chamados objetivos éticos. Este bônus variável é, portanto, uma parte da remuneração mensal.

2. Todos os atletas do Clube (futebol, futebol feminino, handebol, judô) têm este bônus ético em seu contrato, independentemente de sua idade e status (desde o primeiro contrato no centro de formação até o mais alto nível profissional). 

3. Entre estas 12 regras éticas: comportamento exemplar em relação a parceiros, adversários, árbitros e delegados oficiais; pontualidade e diligência em todo treinamento; a ausência de apostas relacionadas a competições nas quais o Clube participa ou o respeito aos compromissos do jogador com a mídia.

4.Nenhum jogador jamais foi penalizado por não ter aplaudido os torcedores no fina de uma partida.

5. Este sistema visa enfatizar o peso e a importância da instituição como um todo (clube, torcedores, dirigentes, funcionários, parceiros, patrocinadores). O objetivo não é dar um bônus para alcançar esses objetivos; o objetivo é pedagógico em torno dos valores que o clube pretende incorporar.

6. Antes da assinatura do contrato, um discurso completo e claro acompanha a apresentação desta cláusula. É particularmente lembrado que estas regras de senso comum são ainda mais essenciais no contexto ultra midiático do clube. 

Em quais casos os jogadores têm uma parte de seu bônus pela ética retirado?

Em casos excepcionais. Em particular, ausências injustificadas ou comentários negativos como no caso Periscope (lateral Sergie Aurier foi punido por xingar o treinador do PSG). Na extrema maioria dos casos, os objetivos perseguidos por esta cláusula são alcançados.

Para onde vai o dinheiro retirado dos prêmios de ética?

É inteiramente doado para a Fundação Paris Saint-Germain.

Estes bônus de ética só existem no PSG?

Não. Nós os encontramos hoje em muitos clubes esportivos, mas também na Carta dos Bleus criada em 2013 pela FFF (Federação Francesa de Futebol). Em geral, esses bônus estão previstos na Convenção coletiva do esporte de 7 de julho de 2005, para jogadores profissionais, no artigo 12-6.