Topo

Joelinton se destaca no Hoffenheim e pode repetir roteiro de Firmino

Lindsey PARNABY/AFP
Imagem: Lindsey PARNABY/AFP

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (Portugal)

12/01/2019 04h00

Em dezembro, na última rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o Hoffenheim visitou o Manchester City no Etihad Stadium e saiu na frente logo nos primeiros 15 minutos e levou a virada posteriormente. O zagueiro John Stones passou um sufoco tão grande no restante da etapa inicial que o técnico Pep Guardiola foi obrigado a sacá-lo no intervalo. O responsável por infernizar a sua vida: Joelinton.

No fim das contas, o City conseguiu virar na volta do vestiário e vencer por 2 a 1. Mas o nome do atacante de 22 anos ficou gravado na mente de Stones e de quem mais acompanhou a partida. É candidato a próxima sensação brasileira na Europa.

"Esse cara é um animal. Uma máquina. É difícil pará-lo na frente", definiu o treinador Julian Nagelsmann.

Joelinton - JEFF PACHOUD/AFP) - JEFF PACHOUD/AFP)
Imagem: JEFF PACHOUD/AFP)
Natural de Aliança, cidadezinha a pouco mais de uma hora do Recife, Joelinton deixou o Sport com apenas 18 anos rumo ao Hoffenheim e repetiu o mesmo caminho traçado pelo compatriota Roberto Firmino. Logo após desembarcar no futebol alemão, por meio do mesmo grupo de investidores que havia trazido Firmino do Figueirense, ele teve a chance de falar com o próprio atacante do Liverpool ao telefone.

Mas ficou nisso. Deixe de lado qualquer comparação mais apressada entre os dois. No gramado, apesar de jogarem na frente, eles são jogadores totalmente diferentes e que, na verdade, se complementam.

"Acho difícil compará-los, os dois são atletas ofensivos, mas Firmino é mais um falso 9, mais leve, dono de um trato elegante com a bola. Joelinton é muito técnico, porém, é um gladiador em campo, briga pela bola o tempo todo e é quase impossível tirá-la dele", analisa Benni Hofmann, setorista do Hoffenheim na revista Kicker, ao UOL Esporte.

"O mais interessante nele é que ele tem a técnica, o drible, a velocidade e um excelente controle, mas corre pelo time, tem um comprometimento tático exemplar", prossegue.

"Se você me perguntar se pode ter o mesmo sucesso do Firmino, acredito que sim, tem uma excelente cabeça. Falta apenas melhorar um pouco mais a finalização. Os números dele são razoáveis, no entanto, carrega potencial para fazer muito mais. Se você der dois ou três anos para ele, a seleção brasileira estará ao seu alcance", completa.

Agora em alta no Hoffenheim, o talento de Joelinton era destacado desde os seus primeiros passos na Ilha do Retiro. Um dos primeiros a identificá-lo foi o treinador Eduardo Baptista.

"Joelinton é jogador de Europa", disse Baptista, em entrevista coletiva.

A frase virou motivo de chacota durante a fase de oscilação que o garoto pernambucano enfrentou em seu início e, claro, era inerente a qualquer atleta em começo de carreira. Mas ela se mostraria premonitória do que viria a acontecer menos de um ano depois dali, com a sua venda e o desembarque no Hoffenheim para seguir os passos de Firmino, Luiz Gustavo, Carlos Eduardo e outros.

Superou palmeirense Felipe Pires

Em sua primeira temporada, Joelinton pouco jogou no Hoffenheim. Foi repassado na seguinte ao Rapid Vienna, da Áustria, se saiu bem e teve o seu empréstimo renovado por mais uma. Ao fim do período, retornou em agosto com 21 gols e nove assistências em 79 jogos, mais maduro e, na ausência de tradutor em seu dia a dia, com o alemão um pouco mais afiado na bagagem.

Não é perfeito, mas com o auxílio do ex-goleiro César Thier, que trabalha como gerente no Hoffenheim e funciona como uma espécie de tutor para os brasileiros, ele se vira nas entrevistas.

Em campo, o camisa 34 ganhou uma chance ao lado do compatriota Felipe Pires, que também vinha de uma experiência na Áustria. Ele impressionou logo em seu primeiro jogo oficial nesta temporada, ao fazer três gols contra o Kaiserslautern. Depois disso, cavou um lugar na equipe e não deixou mais os titulares. Pires, por outro lado, não respondeu da mesma forma e, sem espaço, foi emprestado ao Palmeiras.

Ao todo, Joelinton soma oito gols e sete assistências até aqui. O desempenho fez que o Hoffenheim se adiantasse para renovar o seu contrato até 2022 e afugentar ou lucrar com o possível assédio no mercado.

"Ele encantou totalmente a comissão técnica. Quando chegou em 2015, havia gente que pensava que não tinha talento suficiente. É a prova de que ter paciência pode ser recompensador", afirma Hofmann.

Um dos destaques de edição recente da revista oficial do Hoffenheim, Joelinton está, enfim, pronto para construir a sua própria história.

"Eu sou o 'Joe'. O Firmino é o Firmino. Nós dois somos brasileiros e jogamos aqui, mas somos muito diferentes como jogador. Eu sou um clássico centroavante, camisa 9. Ele é mais um 10, um atacante que joga mais recuado", sintetizou.