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Caso Daniel

Audiência tem risada de réu e aceno de família Brittes a amigas

Edison Brittes Júnior no terceiro dia de audiência do caso Daniel  - FRANKLIN FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO
Edison Brittes Júnior no terceiro dia de audiência do caso Daniel Imagem: FRANKLIN FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO

Dimitri do Valle e Karla Torralba

Do UOL, em São José dos Pinhais e em São Paulo

21/02/2019 11h07Atualizada em 21/02/2019 20h27

A primeira fase da audiência de instrução do caso Daniel, que decidirá se os réus irão a júri popular terminou ontem com dois momentos inusitados de risos e até acenos de Allana e Cristiana Brittes a conhecidos. 

O primeiro deles aconteceu dentro da sala de audiência do fórum de São José dos Pinhais (PR) durante o depoimento do delegado Amadeu Trevisan com o riso de Eduardo Henrique da Silva e irritação do policial. O segundo foi durante a movimentação da família Brittes, quando Allana, Cristiana e Juninho acenaram para amigos presentes em outro setor do local. 

Na movimentação entre uma sala e outra do fórum, a família Brittes acenou a amigos. Allana e Cristiana mandaram beijos e Edison Brittes deu um 'tchauzinho'. 

A reportagem apurou que os presentes no fórum a acenar para a família eram três amigas de mãe e filha. No momento da movimentação, houve alguns gritos para chamar a atenção dos réus, que retribuíram. 

Brittes família  - Reprodução/rede Massa - Reprodução/rede Massa
Família Brittes acena para amigos no terceiro dia de audiência do caso Daniel
Imagem: Reprodução/rede Massa
Riso durante o depoimento do delegado 

O delegado Amadeu Trevisan foi o primeiro do dia a depor, em fala que durou 4 horas, o testemunho mais longo até aqui. Em determinado momento, quando o chefe das investigações do caso Daniel era questionado sobre o grau de participação de todos no crime, Eduardo Henrique da Silva riu, momento que Trevisan parou pedindo respeito. 

"Um dos réus, quando eu comentei, deu uma risada e esboçou sorriso e eu pedi para que respeitasse a audiência. Ele imediatamente se recompôs. A indiferença que eles têm com as autoridades é uma coisa que tem que ser explicada por eles", comentou Amadeu Trevisan após sua fala à Justiça. 

Terceiro dia de depoimentos do caso Daniel

UOL Esporte

 "Desprezo pela dor", diz assistente de acusação 

O assistente de acusação e advogado da família de Daniel Nilton Ribeiro criticou a postura dos réus. "O que eu vi durante os três dias é algo estarrecedor. Os réus zombando da justiça. Hoje um réu zombou, deu risada da cara do delegado de polícia, o doutor Amadeu. Um ar de deboche na autoridade policial, na frente da promotoria, da juíza. Ele ainda zomba da autoridade policial", disse ao UOL

"Nenhum réu entendeu ainda que eles tiraram a vida do ser humano. Isso me entristece muito, o fato de acharem ser brincadeira. Eu estava adiante de pessoas zombando da justiça. As pessoas estavam embaixo aplaudindo e mandando beijo. Tem total desprezo pela dor e pela vida", avaliou. 

Em contato com a reportagem, o advogado Edson Stadler, que defende Eduardo explicou a situação de riso de seu cliente. "Foi um fato que chamou a atenção que o delegado prestava o depoimento não olhando para o promotor, nem para a juíza e nem para os advogados. Tenho respeito pelo doutor Amadeu, mas vi que ele falava olhando para os réus e por motivo alheio ao processo acabaram rindo, mas de outro fato. A juíza ao advertiu, o Eduardo disse que não ria pelo delegado". 

O UOL tentou contato com Cláudio Dalledone Júnior, defensor da família Brittes, mas não obteve retorno até o momento. 

Audiência continua em abril

Os depoimentos das testemunhas de acusação acabaram. Na sequência, devem ser ouvidas as testemunhas de defesa e, por fim, os réus.

Isso só acontecerá em abril, após a transferência da audiência para os dias 1º, 2 e 3 deste mês. O advogado Rodrigo Faucz Pereira e Silva, responsável pela defesa dos réus Ygor King e David Vollero, confirmou a informação à reportagem do UOL Esporte.

O advogado havia inicialmente pedido a anulação dos dois primeiros dias de audiência por não estar presente, mas o pedido foi negado pela juíza da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais (PR), Luciani Regina Martins de Paula. Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado.

Entenda o caso

Daniel Correa foi morto no dia 27 de outubro de 2018 depois da festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes. Após celebração em uma boate de Curitiba, todos seguiram para a casa da aniversariante, onde o jogador foi espancado antes de ser levado dali de carro para a morte. 

Daniel foi degolado e teve o pênis cortado. Edison Brittes Júnior, pai de Allana, confessou o crime. No carro que levou o jogador para ser morto ainda estavam David Vollero, Ygor King e Eduardo da Silva, também presos acusados de participação no homicídio. 

Segundo Edison Brittes, conhecido como Juninho Riqueza, Daniel tentou abusar de sua mulher, Cristiana Brittes, e por isso iniciou a sessão de espancamento do jogador, ainda em sua casa. Cristiana e a filha Allana também estão presas. 

A polícia afirma que, além de ter matado Daniel, Edison Brittes ameaçou testemunhas do crime e fez com que todos os presentes na casa limpassem o local para apagar as provas de que Daniel esteve ali. 

A sétima ré denunciada à Justiça é Evellyn Perusso, ficante de Daniel na noite anterior ao crime. A garota, amiga de Allana, responde por falso testemunho e denunciação caluniosa. 

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