Ataliba, o atacante que o Corinthians contratou para não levar mais gols
Toda vez que Corinthians e Juventus se enfrentavam no fim da década de 70 e começo de 80, a cena se repetia. Se Ataliba estivesse em campo, era quase certo que o atacante do time da Mooca (SP) deixaria a sua marca diante dos alvinegros. Segundo as contas de um amigo do ex-jogador, hoje com 62 anos, foram nove gols em 12 jogos. E de tanto sofrer com o ponta direita, não deu outra: em julho de 1982, ele foi apresentado para defender seu clube de coração.
Corintiano de coração, Ataliba iniciou a carreira no dente de leite do clube alvinegro. Ficou por um tempo, mas conta que 'deu um tempo' depois que mudou da Vila Maria para a Penha e passou a encontrar dificuldades para ir até o Parque São Jorge. Em seguida, teve a chance de ir para as categorias de base do Juventus, e por lá ficou até o profissional. Destaque do tradicional time paulistano, passou a brilhar nos jogos contra os grandes, especialmente Corinthians.

O Corinthians sofria demais quando enfrentava o atacante e resolveu dar um basta. Foi uma ideia simples, mas efetiva: contratando o carrasco, ao menos os gols parariam. E assim foi. Em 1982, o clube alvinegro procurou Ataliba, em uma cena que o ex-jogador se recorda até hoje: "Foi num treino na parte da manhã, na Mooca. Um diretor veio e me disse: 'Você não vai treinar agora, você vai para o Corinthians'. E eu falei: 'Então vou lá agora'. Naquele tempo nem tinha empresário, eu fui de carro para o Parque São Jorge e procurei o Adilson Monteiro Alves [ex-diretor], e foi assim, assinamos e pronto, era jogador do Corinthians".
Ataliba quase disputou Copa do Mundo
Antes de acertar com o Corinthians, ainda pelo Juventus, Ataliba esteve perto de realizar o sonho de disputar uma Copa do Mundo. Mesmo atuando por um time não tão expressivo quanto os quatro grandes, o atacante se destacou a ponto de fazer parte de uma pré-lista para a Copa do Mundo de 1978 - torneio em que a seleção brasileira foi comandada por Cláudio Coutinho.
"É verdade. Eu sei disso porque me ligaram e disseram que eu ia ficar numa pré-lista, mas se eu estivesse jogando em outro time mais importante, de mais ascensão, eu acredito que iria, sim, para a Copa. Não que os jogadores que foram não eram bons, eles eram muito bons", pontuou.
A Democracia Corintiana: "eu era a favor"

Além de comentar sobre o período da Democracia, Ataliba fez também um elogio individual ao Doutor Sócrates. "Eu era a favor da Democracia, mas não participava muito, não. Era mais o Sócrates, o Casa, o Wladi, mas a gente estava junto, sim. O Magrão era fora de série. Fumava para cacete [risos], mas muito gente boa, ele era sensacional", acrescentou.
O jogo mais especial com a camisa do Corinthians
Um jogo - e um lance - em especial (veja no topo) deixou o nome de Ataliba gravado na história do Corinthians. No fim de 1982, ele conquistou seu primeiro título com a camisa alvinegra, e teve participação direta na taça. Foi dele a espetacular jogada que resultou no gol de Casagrande, o terceiro da vitória por 3 a 1 na decisão contra o São Paulo. O atacante recebeu pela esquerda, deixou dois defensores no chão e serviu o centroavante corintiano para 'fechar o caixão' na segunda final.
"Foi o primeiro título, em 82, pelo Paulistão, onde eu fiz aquela jogada. Falam que eu passei pelo Oscar e pelo Dario Pereira, e na verdade não, era o Marinho Chagas e o Everton. Só que o pessoal persiste em falar que era o Oscar e o Dario, então eu falo 'ah, eram eles mesmos'", brinca.
Goleada histórica e gol mais bonito da carreira
No Campeonato Brasileiro de 1983, o Corinthians aplicou uma histórica goleada por 10 a 1 no Tirandentes-PI, em jogo realizado no Canindé. Ataliba brilhou com um passe sensacional para um dos tentos de Sócrates e com um gol que considera o mais bonito da carreira.
"O meu foi de voleio, mas o outro foi mais lindo, o do Wladi, de bicicleta, então o dele ficou mais lindo ainda. Esse meu gol eu classifico como o mais bonito da minha carreira. Não tem gol feio, entrou, está ali dentro, não vale? Então é gol. Mas claro, pela plasticidade da jogada, Sócrates para o Alfinete, o cruzamento e o jeito que eu peguei na bola, foi um belo gol", recorda.
Ida para o Santos teve o dedo de Chulapa
Após dois anos de Corinthians, Ataliba saiu para defender outro time paulista: o rival Santos. O atacante conta que a transferência teve influência do ex-companheiro Serginho Chulapa.
"Veio o treinador Jair Picerni para o Corinthians e ele trouxe um ponta direita que era do Botafogo. Nisso, o Serginho Chulapa foi para o Santos e me disse: 'Vamos para o Santos, Tatá'? Naquela época o Santos era ruim de dinheiro, mas o Chulapa falou: 'o nosso sai, c... [risos]', aí eu fui, e o dinheiro saiu mesmo, tudo em dia. O time do Santos era muito bom; tinha o Rodolfo Rodriguez, Márcio Rossini, João Paulo, Paulo Isidoro, Zé Sergio, Lino", completa Ataliba, que encerrou a carreira no Grêmio de Maringá (PR), em 1990 e hoje é um dos coordenadores da base do Clube Atlético Diadema (SP).
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