Topo

Padrão Fifa? Após cortes, Copa América começa com problemas e desordem

Vestiário improvisado da Bolívia no CT do São Paulo, na Barra Funda - José Edgar de Matos/UOL Esporte
Vestiário improvisado da Bolívia no CT do São Paulo, na Barra Funda Imagem: José Edgar de Matos/UOL Esporte

Bruno Grossi, Danilo Lavieri, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

14/06/2019 04h00

O confronto entre Brasil e Bolívia hoje, às 21h30, no Morumbi, será o pontapé inicial da edição de 2019 da Copa América. Fora de campo, entretanto, a competição já começou, e as atividades nos dias que antecederam o rolar da bola foram marcadas por desordem, problemas e organização. Falta de sinal de internet, problemas em credenciamento, retirada de ingressos e até jogadores tomando banho gelado.

A edição atual do campeonato sul-americano de seleções vem na esteira de cortes orçamentários e de pessoal no Comitê Organizador Local. O COL já sofreu duas reduções de verba, e opera com menos da metade dos recursos inicialmente previstos. Na avaliação da Conmebol, a Copa América não produz lucro que justifique um maior investimento.

Disso resultam problemas logísticos que atingem imprensa, convidados, torcedores e até jogadores. A retirada de ingressos tem sido problemática, com demora de até duas horas. Para tentar sanar o problema, o COL aumentou o período de funcionamento dos centros de ingressos até hoje, das 9h às 22h. Segundo o comitê, a demora acontece pela checagem de dados e documentos dos compradores dos ingressos.

Quem não adquire ingressos, mas tem envolvimento profissional com a Copa América também enfrentou problemas no credenciamento. Postos de credenciamento em Salvador e no Rio de Janeiro passaram horas sem funcionar nos últimos dias, por problemas de sistema e até falta de papel e outros insumos para imprimir as credenciais.

Em São Paulo, credenciais que foram impressas tiveram problemas com o microchip, e precisaram ser reparadas. Profissionais credenciados tiveram que retornar ao posto após serem barrados no treinamento da seleção brasileira de ontem, no Morumbi.

Filipe Luis no Pacaembu - sem água quente - Jales Valquer/Estadão Conteúdo - Jales Valquer/Estadão Conteúdo
Filipe Luis surgiu de cabelos molhados em coletiva em que reclamou da estrutura do Pacaembu
Imagem: Jales Valquer/Estadão Conteúdo

A estrutura para imprensa apresentou problemas também. Na última terça-feira, a seleção brasileira treinou no estádio do Pacaembu, que não estava na lista inicial de campos oficiais de treinamento divulgada pelo COL. No local, não havia qualquer sinal de internet, e a sala destinada à entrevista coletiva do lateral Filipe Luís comportava menos de um terço do total de jornalistas presentes. Houve desordem. A sala de imprensa permaneceu fechada, e não houve acesso sequer a tomadas. Profissionais presentes utilizaram o local de antidoping e o próprio vestiário de jogadores quando precisaram ir ao banheiro.

Ontem, no Morumbi, já com a estrutura do centro de mídia montada, foram disponibilizadas conexões de internet sem fio durante o treino da seleção. Elas, entretanto, não funcionaram quando o setor foi preenchido por jornalistas de diversos países Sul-Americano. Em Porto Alegre, entrevistas coletivas aconteceram à beira do gramado, mesmo em locais onde havia uma sala de imprensa que poderia ter sido utilizada.

Jogadores também foram afetados, a começar pela seleção brasileira. Enquanto os jornalistas se acotovelavam no Pacaembu, Filipe Luís tomava banho frio. O lateral reclamou publicamente do chuveiro, dizendo que a situação jamais acontece na Europa. A resposta do COL causou mal estar entre os atletas: o comitê afirmou que os chuveiros tinham sido testados, estavam funcionando e que orientou a delegação brasileira "que o funcionamento dos chuveiros era a gás, sendo necessário ligar a água quente primeiro, para depois regular a temperatura".

Em Porto Alegre, a Venezuela encontrou péssimas condições de gramado no campo do Sesc, onde treinou uma vez. Em São Paulo, a seleção da Bolivia não teve acesso ao vestiário principal no CT do São Paulo, na Barra Funda, já que a equipe anfitriã ainda treinava no local. O elenco boliviano precisou se trocar em um vestiário mais antigo, o que incomodou o técnico Eduardo Villegas.

Fora de campo, é difícil comparar os primeiros dias de Copa América com o tal "Padrão Fifa" de organização das últimas duas copas do mundo, no Brasil, em 2014, e na Rússia, em 2018. Se a organização não entrar nos trilhos no decorrer da competição, o padrão Copa América é grande candidato a virar meme nas redes brasileiras até o dia 7 de julho.

O Brasil enfrenta a Bolívia às 21h30, no Morumbi. Depois da partida, treina no sábado no CT do Palmeiras, na Barra Funda, e embarca para Salvador, onde encara a Venezuela na terça-feira, dia 18.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que foi publicado anteriormente, o Brasil joga na terça, dia 18 de junho, e não no dia 19.