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Em noite histórica, UFC põe à prova polêmica aposta nas mulheres; Lyoto x Hendo define desafiante

Jorge Corrêa e Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

23/02/2013 06h00

Por muito tempo o MMA feminino foi um grande tabu. Criticados, ignorados e vistos muitas vezes com preconceito, os combates entre mulheres demoraram, mas neste sábado chegam ao palco mais famoso da modalidade, o UFC. A desconfiança ainda existe e a aposta da organização é polêmica, mas o surgimento de uma estrela como Ronda Rousey - bela, simpática e talentosa - mudou muitas mentes, principalmente as de Dana White e companhia.

A cidade californiana de Anaheim será palco do UFC 157 - a partir das 20h35 deste sábado*. E, se boa parte dos olhos se voltará para Ronda e a compatriota norte-americana Liz Carmouche, um outro combate gera grandes expectativas, pela qualidade que se verá no octógono: o ex-campeão Lyoto Machida encara o veterano Dan Henderson, num combate que, de acordo com Dana White, define o próximo desafiante ao cinturão dos meio-pesados.

A trilha que levou à inclusão do MMA feminino no UFC foi iniciada com o sucesso da bela Gina Carano e da fera Cris Cyborg no Strikeforce. Ainda assim, não foi o suficiente para convencer o Ultimate a dar espaço às mulheres, principalmente pela falta de rivais do mesmo peso e à altura da brasileira Cyborg. Foi então que surgiu Ronda Rousey, que reuniu beleza, técnica e apareceu no momento certo, para a alegria do Ultimate, que anunciou sua contratação em dezembro de 2012.

“Sempre achei que um cara apanhando já era feio, quanto mais uma mulher. Mas aí apareceu a Ronda. Essa garota foi a chave de tudo. Essa garota é real, uma real lutadora”, explicou Dana White, depois de ter declarado muitas vezes que o UFC nunca teria mulheres.

Hoje, ele se exalta ao falar da alta procura por ingressos e da repercussão da decisão do UFC, principalmente perante o público feminino. Apesar disso, a prova da polêmica que as mulheres ainda geram foi o fato de o UFC anunciar seu segundo combate feminino para a Suécia, mas depois ter de mudar Miesha Tate x Cat Zingano de card por medo de reações negativas no país europeu.

Rousey, de 26 anos, é filha de uma campeã de judô e seguiu estes mesmos passos. Apesar da infância difícil - seu parto foi complicado, prejudicando sua fala, e seu pai se suicidou -, ela se deu bem com o quimono e foi medalhista de bronze em Pequim-2008. A conquista não reverteu em ganhos financeiros e a norte-americana pediu à mãe um ano para se testar no MMA. Deu certo.

Três anos após a estreia, Ronda tem um cartel perfeito de seis vitórias, com seis finalizações no primeiro round. Ela lutou apenas 9 minutos e 28 segundos no total destes seis combates e, pasmem, encerrou todos eles do mesmo jeito, com chaves de braço. Na “promoção” ao UFC, a detentora do cinturão do Strikeforce foi proclamada automaticamente como nova campeã peso galo do Ultimate.

QUARTETO DE ESTRELAS DO UFC 157 FALA AO UOL

A rival deste sábado, Liz Carmouche, é cotada como completo azarão. Também uma rica personagem - é gay assumida, ex-militar e trabalha na academia em que treina, fazendo trabalhos que vão de recepcionista a dar aulas -, Liz tem como força o estilo de luta em pé. No entanto, já foi derrotada pela última vítima de Ronda, Sarah Kauffman.

Para Ronda, o favoritismo e a pressão de ter em seus ombros todo o projeto do MMA feminino do UFC ficam de lado. “A pressão é por conta do meu próprio orgulho. Eu não me vejo como campeã do UFC. Vou ganhar esta luta, e aí poderei me considerar a campeã. Liz é uma das atletas mais perigosas da categoria galo. Estou levando esta luta totalmente a sério, nunca me preparei tão bem”, disse a musa, ao UOL Esporte.

Novo clássico nos meio-pesados?

A segunda luta em importância na noitada em Anaheim vem com a expectativa de se ver um dos combates mais movimentados da noite. De um lado, o brasileiro Lyoto Machida é conhecido por nocautes arrasadores - basta lembrar as vitórias sobre Randy Couture e Ryan Bader -, enquanto o “vovô” Dan Henderson, de 42 anos, também tem mãos pesadas e, principalmente um queixo de ferro.

Apesar de ambos terem se envolvido na polêmica do cancelamento do UFC 151, o combate promete definir quem enfrentará o campeão dos meio-pesados, após o campeão Jon Jones encarar Chael Sonnen em abril. Em 2012, Henderson enfrentaria Jones, mas lesionou o joelho. O norte-americano tentou se recuperar e demorou a avisar a gravidade do problema, o que gerou o cancelamento da edição 151 - Lyoto ajudou a acabar com o evento, quando se recusou a substituir o rival deste sábado, pois não teria tempo suficiente para se preparar em três semanas.

Henderson foi campeão no Pride e no Strikeforce e, já com a idade avançada, tenta um último sonho, de conquistar o cinturão do UFC. Ele vem de vitória na luta épica contra Maurício Shogun e antes disso nocauteou Fedor Emelianenko, lutando como peso pesado. O norte-americano, vale citar, nunca foi nocauteado.

ANÁLISE: NA GRADE DO MMA

  • UFC/Divulgação

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Já Lyoto, campeão em 2009 do UFC, teve uma chance de voltar ao topo quando enfrentou Jon Jones em dezembro de 2011. Ele foi bem no primeiro round, mas acabou finalizado no segundo. Depois disso, nocauteou bem Ryan Bader em agosto de 2012 e sabe que este combate é importante para sua carreira.

“As pessoas perguntam muito sobre mudar de categoria e cinturão. O cinturão é onde todo atleta quer chegar e quero esta luta de novo, mas não fico pensando nisso. As coisas são muito imprevisíveis, vimos isso nos últimos meses com o cancelamento do UFC 151. O que quero é fazer grandes lutas, isso é o que me move”, afirmou o brasileiro, que em caso de revés pode ir para o peso médio, mas cujo foco está em aposentar outra lenda, a exemplo do que fez com Randy Couture em 2011.

*O UFC 157 acontece neste sábado, a partir das 20h35 (de Brasília) e terá acompanhamento lance a lance pelo Placar UOL Esporte. Na televisão, o card preliminar será transmitido pelo Sportv das 20h35 às 00h. Já o card principal estará apenas no canal em pay-per-view Combate a partir da meia-noite de sábado para domingo.