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De quase rebaixado a campeão, Cruzeiro dribla crise e acha "mina de ouro"

Do UOL, em Belo Horizonte

13/11/2013 23h22

De quase rebaixado em 2011 a campeão em 2013, o Cruzeiro passou por mudanças drásticas dentro e fora das quatro linhas. Além de renovar amplamente o elenco, o clube se reestruturou financeiramente e deixou para trás as dificuldades vividas no início da gestão de Gilvan de Pinho Tavares. Depois de equilibrar as contas, ampliou o programa de sócio-torcedor e investiu alto na contratação de reforços.

Sucessor de Zezé Perrella, Gilvan encontrou o clube em situação difícil e logo em seu primeiro mês no cargo não tinha dinheiro disponível sequer para pagar os salários dos atletas. Apesar do problema de caixa, o dirigente relutou em negociar o argentino Montillo.

Sem dinheiro e com cotas de TV já antecipadas, a diretoria fez apenas um time para não cair para a segunda divisão em 2012 e com este objetivo contratou o técnico Celso Roth no meio da temporada. Naquele momento de transição chegaram alguns jogadores que seriam titulares em 2013, como Ceará e Borges.

Com a volta do time a Belo Horizonte, depois de dois anos atuando fora da capital, o projeto era fazer mais dinheiro com a bilheteria e ampliar o programa de sócio-torcedor que, antes do fechamento do Mineirão para reformas, possuía 18 mil filiados. Porém, o Cruzeiro teve dificuldades jogando no Independência, reinaugurado no meio do ano passado, e não conseguiu fazer do estádio a sua casa, como ocorreu com o rival Atlético-MG.

Com a volta do Mineirão em 2013, a diretoria apostou as fichas na ampliação das receitas com o estádio e o engajamento do torcedor. Para animar os cruzeirenses, o plano era formar um time competitivo. Foi aí que a diretoria decidiu negociar Montillo.

O Cruzeiro utilizou a venda do meia argentino para o Santos no início da temporada para contratar vários jogadores e formar boa parte da equipe. “Nós tivemos prazo para vender o Montillo e depois pagar o Éverton Ribeiro [R$ 4,5 milhões]. Fomos trazendo atletas que encorparam nossa equipe, e com o dinheiro nós completamos o elenco”, disse Gilvan a Rádio Itatiaia.

“Não foi nenhum milagre. Foi uma coisa planejada e que só pôde acontecer no momento em que recuperamos as finanças do clube e enxugamos as contas da casa. Deixamos de antecipar as receitas do ano seguinte porque acho um erro gastar o que ainda não recebemos”, acrescentou o mandatário.

Um dos pontos fortes do clube nesta temporada foi o sucesso do programa de Sócio do Futebol. O departamento de marketing trabalhou bastante para levantar receitas extras utilizando a volta do Mineirão. A contratação do zagueiro Dedé, em abril, ajudou a empolgar a torcida.

No meio do ano, o clube ainda faturou com a venda de Diego Souza por 3 milhões de euros ao Metalist, da Ucrânia. O atleta não vinha rendendo o esperado e sua troca por Willian, além da chegada de Júlio Baptista, um pouco mais tarde, é vista como o grande negócio da temporada.

O goleiro Fábio, que esteve presente em todos esses momentos, acredita que o Cruzeiro obteve sucesso este ano ao fazer um planejamento. “O Cruzeiro acertou quando começou a contratar o Marcelo [Oliveira]. O Cruzeiro sempre foi grande por planejamento. Em dois anos tivemos dificuldades em muitos setores, como troca de treinador, dirigentes”, disse o capitão celeste.

“Eu nunca tinha passado por momentos assim, mas foi bom para o crescimento. O Cruzeiro se preparou, contratou os jogadores necessários. Além da qualidade, fluiu muito bem o trabalho desempenhado pelo Marcelo”, acrescentou o camisa 1, que conquistou nesta quarta-feira o título mais importante em sua história no clube.

CRUZEIRO É O CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2013; BAIXE O PÔSTER

Do time que escapou do rebaixamento na última rodada do Brasileirão 2011, ao golear o rival Atlético por 6 a 1, apenas o goleiro Rafael, os zagueiros Léo e Victorino, o volante Leandro Guerreiro e o atacante Anselmo Ramon seguem no clube. 

Fábio, que também fez parte daquela campanha e só não pôde atuar na última partida por suspensão, também esteve em campo no jogo contra o Vitória. Os demais remanescentes se tornaram reservas e vêm sendo pouco aproveitados por Marcelo Oliveira.