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Espanhol - 2019

Atlético supera lesões, arranca empate com Barça e é campeão após 18 anos

Do UOL, em São Paulo

17/05/2014 14h54

Vacilos contra rivais menores, lesões dos dois principais jogadores e desvantagem na casa do adversário poderoso. O roteiro do Atlético de Madri era de tragédia na última rodada do Campeonato Espanhol, mas o time de Diego Simeone mudou o fim do filme, mostrando mais do que apenas garra. Com propriedade, domínio de jogo e muita paciência, o time mais surpreendente da temporada europeia superou os problemas de Diego Costa e Arda Turán, arrancou um empate do Barcelona no Camp Nou por 1 a 1 e é campeão nacional pela primeira vez após 18 anos.

A conquista pode ser a primeira de uma temporada histórica, já que daqui a sete dias a equipe disputará a Liga dos Campeões contra o arquirrival Real Madrid. Trata-se de um prêmio para um time aguerrido, mas também muito qualificado, que vence uma disputa dura contra os dois clubes mais ricos do mundo, donos de elencos estelares e que dominam o Espanhol há dez temporadas.

E o torcedor do Atlético de Madri poderá dizer que foi sofrido. Há uma rodada, o Atlético tinha tudo nas mãos para já ser campeão, mas empatou em casa com o Málaga, deixando a decisão da taça para o Camp Nou. Para ser campeão, o Barcelona “só” precisava vencer diante da sua torcida.

A “final” em um campeonato de pontos corridos é algo quase inédito na Espanha. Segundo o diário AS, só em outras duas vezes os dois times que disputavam o título se enfrentaram na última rodada. A favor do Barcelona estava seu histórico no Camp Nou, já que nunca um time visitante foi campeão jogando no estádio azul-grená.

Quando a bola rolou, porém, não foram as estatísticas que pesaram. O Atlético de Diego Simeone tentou repetir a estratégia que derrotou o Barcelona na Liga dos Campeões, marcando duro, por vezes com linhas bem avançadas, e um contra-ataque mortal.

Só que em uma dessas arrancadas o pesadelo do time “colchonero” começou. Quando Koke carregava a bola, Diego Costa sentiu uma lesão muscular na perna direita e teve de ser substituído, aos prantos, ciente de que pode se transformar em desfalque para a final da Liga dos Campeões, daqui a uma semana.

As coisas ficaram ainda pior para os líderes minutos depois. Em um choque bobo no meio-campo, Arda Turán sentiu dores e também foi sacado por problemas médicos. Era um golpe nas esperanças do Atlético, que sonhava com o primeiro título espanhol desde 1996.

O Barcelona aproveitou. Mesmo com Messi longe de sua melhor forma, os donos da casa cresceram e abririam o placar antes do intervalo, com uma ajuda providencial do argentino. Em um dos seus poucos lances de brilho, aos 33 minutos, o camisa 10 ajeitou de peito para Alexis que, mesmo muito marcado e sem ângulo, arriscou com a perna direita. O chute passou entre os zagueiros e alcançou o canto esquerdo alto de Courtois, que nada pôde fazer.

Era o roteiro que o Barcelona queria, com uma vantagem providencial, o apoio de sua torcida e o controle de jogo. Só que o time ainda não parecia seguro. Em um lance intempestivo, depois do apito que pôs fim ao primeiro tempo, Messi chutou a bola irritado para o meio-campo, iniciando uma confusão com os rivais e o árbitro.

A etapa final mostrou que o Barcelona, de fato, não estava em uma situação tão cômoda. O Atlético voltou do intervalo com toda a força, dominando completamente a partida. Villa, logo de cara, acertou a trave. No minuto seguinte, o time visitante pediu pênalti em um lance com Fabregas. Mais adiante, a bola entrou com Godín, que subiu alto e fez, de cabeça, o gol que dava o título à sua equipe.

Tudo aconteceu em um espaço de apenas 3 minutos, que mostraram como o jogo mudou. O Atlético, mesmo após o gol, dominou as ações, trocou passes no campo adversário e chegou a levar mais perigo ao Barça, que voltava a precisa de um gol. Foi aí que Neymar entrou em campo.

Aos 16 minutos, o brasileiro entrou em campo no sacrifício, ainda às voltas com uma lesão no pé esquerdo. Sua presença, porém, fez o Barcelona avançar em campo. Messi, aos 18 minutos, chegou a marcar o segundo, mas o árbitro anulou por impedimento.

A pressão do Barcelona, que não queria terminar a temporada sem títulos de peso, foi grande. Piqué pediu pênalti, Messi tentou fazer de falta e Neymar se movimentou bastante para conseguir algo. Só que a muralha do Atlético se impôs e fez o gol do uruguaio Godín valer.

O apito final iniciou uma festa marcante, ainda que na casa rival. Jogadores chorando, Simeone sendo jogado para cima e as mais de 96 mil pessoas presentes no Camp Nou respeitando a alegria alheia. 

A festa pode ficar ainda maior. Daqui a uma semana, em Lisboa, Portugal, o time poderá conquistar a Europa contra o seu maior rival, o Real Madrid. Diego Costa e Arda Turán, porém, serão dúvidas, com lesão muscular na coxa direita e dores no púbis, respectivamente.