Pep Guardiola levou o Barcelona a patamares até então nunca alcançados pelo time catalão, mas sua passagem pelo clube parece, cada vez mais, ter de ficar no passado. Ao fim da pior temporada desde a chegada do mentor do “tiki-taka”, o clube de Messi e Neymar fala abertamente em mudar.

O Barcelona de Tata Martino só ganhou a Supercopa da Espanha, no início da temporada. Pouco para quem investiu cerca de 50 milhões de euros (R$ 151 milhões) em reforços, o maior deles o brasileiro Neymar. A Copa do Rei escapou na final contra o Real Madrid e o Espanhol na última rodada, com o empate diante do Atlético.

O maior tropeço, porém, foi na Liga dos Campeões. O Barcelona não era eliminado antes das semifinais desde 2006/07. Desde que Guardiola assumiu, em 2008/09, foram dois títulos em cinco edições e três eliminações em semifinais. Neste ano, Martino viu seus comandados caírem na quartas, depois de um empate e uma derrota para o mesmo Atlético.

“Existem alguns jogadores que sabem que não seguirão. Não é o fim de uma era, mas terão mudanças profundas. A partir da próxima segunda começaremos a executar os projetos”, disse Josep Maria Bartolomeu, presidente do clube, ao Marca.

A primeira mudança foi anunciada neste sábado. Martino, como se esperava, confirmou que não seguirá no Camp Nou, segundo ele de “comum acordo”. Vários símbolos da geração vitoriosa de Guardiola deverão seguir o mesmo caminho.

O capitão Puyol anunciou que pendurará as chuteira e Valdés só teve seu contrato renovado porque se lesionou. Daniel Alves, titular desde o primeiro ano, pode ser liberado caso existam interessados. Fabregas, Mascherano e Pedro, que também tiveram grande importância no período, também podem entrar nessa lista.

“Foi uma temporada de decepção. Acaba a temporada, acabam muitas coisas”, disse Iniesta. “Acabou um ciclo que não pode ser repetido. Todos passam. Tem de haver câmbios para voltar a construir uma equipe vencedora”, disse Mascherano.

O Barcelona já sinaliza quem seguirá. Na última semana, renovou contrato com Leo Messi, maior ícone do período, fazendo dele o jogador mais bem pago do mundo, com 20 milhões de euros anuais (R$ 60,6 milhões). Iniesta e Xavi, ainda que estejam longe do ápice de suas carreiras, também não estão sob risco, mesmo status de Neymar.

O foco da atuação no mercado deve ser a defesa. David Luiz, Thiago Silva, Hummels, Javi Martinez, Agger e Vertonghen estão na lista de zagueiros que já foram ligados ao clube. Para o gol, Marc ter Stegen, do Borrusia Moenchengladbach, é o grande candidato.

Só que o Barcelona, espera-se, precisará ter mais cuidado na hora de fechar suas transferências. A temporada 2013/14 não foi só a pior do clube em campo, mas também fora dele.

Por falta de transparência na negociação com Neymar e o Santos, Sandro Rossell, ex-presidente do clube, teve de deixar o cargo. Por irregularidades na aquisição de jovens valores para suas categorias de base, o Barcelona chegou a ser impedido pela Fifa de fazer novas aquisições. A punição caiu, mas a lição para o futuro está dada.

Curiosamente, porém, o Barcelona deve optar por uma volta ao passado na hora de tentar se renovar. O grande favorito para comandar o time a próxima temporada é Luis Enrique, ex-meia de sucesso no clube, que pediu demissão do Celta de Vigo na última semana.

De 2008 a 2011, foi ele quem treinou o Barcelona B, último degrau entre a base do Barcelona e o time profissional. Para acabar com a Era Guardiola, portanto, o clube deve procurar alguém que, justamente, consiga reformar a filosofia vitoriosa dessa mesma geração. 

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