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Justiça mantém condenação de CBF e FPF na Máfia do Apito, mas reduz multa em 10 vezes

Ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho foi pivô de escândalo que mexeu com Brasileiro  - EFE
Ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho foi pivô de escândalo que mexeu com Brasileiro Imagem: EFE

Paulo Passos e Vinicius Segalla

Do UOL, em São Paulo

12/03/2013 15h49

A Justiça condenou a CBF e a Federação Paulista de Futebol, além dos árbitros, pelo escândalo conhecido como Máfia do Apito, esquema de manipulação de jogos que aconteceu no Campeonato Brasileiro de 2005. As duas entidades terão de pagar multas milionárias pelo ocorrido. A CBF terá de arcar com o pagamento de uma multa de R$ 20 milhões. Já a FPF terá de desembolsar R$ 4 milhões.

Os valores são dez vezes menores que a multa determinada pela Justiça em 2011. A CBF teria de pagar R$ 160 milhões e a FPF R$ 60 milhões. As entidades recorreram na época e conseguiram diminuir a punição.

“A indenização foi bastante reduzida. Mesmo assim, ainda iremos recorrer. Primeiro aqui, com recurso embargo declaratórios. Depois em Brasília, com recurso Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal”, afirmou ao UOL Esporte o advogado da FPF, Carlos Miguel Aidar.

Pivôs do esquema, os árbitros Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon, além do apostador Nagib Fayad, conhecido como Gibão, também foram condenados. Porém, por não terem condições financeiras de pagar uma indenização, o montante da punição será dividido entra a CBF e a FPF.

Paralelamente ao processo julgado nesta terça-feira, na 9ª Câmara de direito privado de São Paulo, corre ainda na Justiça ação na esfera criminal sobre o mesmo tema. Em 2009, três desembargadores de São Paulo trancaram o processo, sob a alegação de que o crime não era previsto no Código Penal. Desde então o Ministério Público tenta reverter a situação.   

SOBRE O ESQUEMA

Replay de Santos x Corinthians no Brasileiro 2005 acabou em polêmica - Foto: Folhapress

Uma investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público e pela Polícia Federal, com base em 20 mil horas gravadas de conversas telefônicas, descortinou o esquema de manipulação de resultados, que tinha o então árbitro Edilson Pereira de Carvalho como pivô.

Na época, Edilson confessou ter manipulado três jogos [dois do Paulista e um da Libertadores], embolsando R$ 30 mil do empresário Nagib Fayad pelo trabalho. O árbitro também admitiu tentativa de influência em 11 partidas do Campeonato Brasileiro de 2005.

Os juízes [Paulo José Danelon também participava do esquema] comunicavam Gibão (Fayad) assim que eram sorteados para um determinado jogo. O empresário então comunicava seus sócios e apostava em sites ilegais, aplicando quantias até R$ 200 mil.

Com o esquema desvendado, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) anulou as 11 partidas apitadas por Edilson Pereira de Carvalho no Brasileiro de 2005 e ordenou que elas fossem novamente disputadas. Na oportunidade, o Corinthians conseguiu quatro pontos em jogos que antes havia sido derrotado [diante de Santos e São Paulo]. No desfecho da competição, a equipe paulista se sagrou campeã, três pontos à frente do Internacional.