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Corinthians se divide em dois e mede força de Andrés em eleição no Conselho

Após eleger Andrés, Corinthians definirá presidente do Conselho em votação importante - MARCELO D. SANTS/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Após eleger Andrés, Corinthians definirá presidente do Conselho em votação importante Imagem: MARCELO D. SANTS/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Dassler Marques e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

27/02/2018 04h00

Na disputa presidencial, foram cinco candidatos. Para o Conselho, serão somente dois.

Eleito no último dia 3 de fevereiro, o presidente Andrés Sanchez terá sua força política testada de verdade pela primeira vez desde então, em nova eleição nesta terça-feira (27). Os 200 conselheiros eleitos, além dos mais de cem membros vitalícios do órgão, votam para eleger o próximo presidente do Conselho Deliberativo. Para o atual mandatário, a vitória virou essencial.

Por conta disso, Andrés (33% dos votos) precisou fazer concessões a Paulo Garcia (22%), segundo colocado nas eleições. Candidato da situação no Conselho, o deputado Antonio Goulart dos Reis (PSD-SP) é uma escolha de Paulo, e não de Andrés, para a disputa do órgão. No último dia 3, Goulart vestiu a camisa de Garcia e fez boca de urna na tentativa de auxiliar o então candidato. Ele costuma ser apoiado nas eleições que disputa fora do clube pela Gaviões da Fiel.

Na chapa situacional, Sanchez teve direito da escolha do candidato a vice-presidente do Conselho, que é Ademir de Carvalho, ex-presidente do órgão. Para a escolha dos dois secretários candidatos, novamente prevaleceu a posição de Paulo Garcia. O primeiro secretário é Denis Piovesan, filho do ex-diretor financeiro Emerson Piovesan, candidato à vice-presidência no grupo de Garcia no último dia 3. O segundo, Antonio Paulo, foi escolha de Andrés.

Apesar da junção em torno do nome de Goulart, curiosamente, Paulo Garcia move ação criminal contra a empresa responsável pelas urnas eletrônicas da eleição do Corinthians, que escolheram Sanchez presidente. A Justiça deve tomar decisão em primeira instância nos próximos dias a respeito do caso. Andrés, em nota, chegou a lamentar esse movimento.

Com as negociações por governabilidade como prioridade, Sanchez atrasou propositalmente a escolha de seus diretores. Em mais de três semanas no cargo, ele escolheu somente quatro nomes: marketing, jurídico, financeiro e futebol, que tem Duílio Monteiro Alves ainda como adjunto. A ideia principal é manter as direções em aberto e permitir que todos os conselheiros de seu grupo participem do pleito desta terça. Caso algum fosse nomeado dirigente, perderia o direito de votar no Conselho.

Do lado oposto, houve junção de três das oito 'chapinhas' eleitas para o Conselho Deliberativo: chapa São Jorge, liderada por Augusto Melo e Osmar Stábile, vices de Roque Citadini na última eleição; chapa Corinthians Supremo, liderada por Fernando Alba e Felipe Ezabella, também candidatos; e chapa Inteligência Corintiana, dividida entre apoiadores de Romeu Tuma Jr, Ezabella e Citadini e liderada pelos conselheiros Mauro Rosa, Max Carvalho e Sílvio Romualdo Júnior.

Todos esses grupos se uniram em prol da candidatura do promotor de justiça Thales Oliveira, que também apoiou Citadini, terceiro colocado na eleição recente. Na avaliação de Ezabella, a fiscalização das atitudes do atual presidente é essencial com os oposicionistas.

"O Conselho e os órgãos de Comissão Fiscal e Ética são de fiscalização, que fazem o contrapeso das principais decisões políticas e administrativas. Não interfere no dia a dia do presidente. É importante todas as chapinhas eleitas terem voz e fazerem o contrapeso necessário. Da nossa parte, ninguém é xiita. Queremos representatividade para o contraponto no âmbito da fiscalização", explicou.

A importância do novo presidente do Conselho na prática

O presidente do Conselho Deliberativo tem importância estratégica para os grupos políticos no clube. Ele possui o poder de convocar reuniões para decidir sobre temas que considere importantes sem precisar de 50 assinaturas, exigência feita no caso de o pedido partir de um conselheiro.

O cartola tem ainda a responsabilidade de criar comissões para discutir temas ou fazer apurações internas. Nesses casos, o presidente do Conselho indica os membros dos grupos. É também o mandatário do órgão quem encaminha eventuais pedidos de impeachment do presidente da diretoria feitos por conselheiros.

Entre os temas que devem entrar em debate no novo Conselho Deliberativo está o contrato do Corinthians com a Odebrecht para a construção de sua arena e a dívida provocada pela obra. Thales Oliveira, o candidato da oposição, estudou o assunto como membro da comissão do Conselho encarregada de analisar os contratos assinados entre as partes e apontou uma série de problemas. Além disso, fez parte de um grupo no Ministério Público para estudo de medidas de combate à violência nos estádios.