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Acordos com R10, Conceição e outros atrapalham nova política do Atlético-MG

Ronaldinho em ação pelo Atlético; ele jogou no clube de 2012 a 2014 e recebe até hoje - Pedro Vilela / Agencia i7
Ronaldinho em ação pelo Atlético; ele jogou no clube de 2012 a 2014 e recebe até hoje Imagem: Pedro Vilela / Agencia i7

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

24/11/2018 12h00

Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG, teve de adotar política de contenção de gastos em 2018. O mandatário herdou dívidas das antigas gestões e tem que amortizar débitos mensalmente. Ronaldinho Gaúcho, Emerson Conceição, Felipe Santana e Roger Bernardo, por exemplo, recebem do clube até hoje por conta destes acordos.

As obrigações herdadas travam a diretoria no cotidiano. A cúpula, que sempre prezou por uma política de austeridade, acumula dois meses de atrasos salariais. Os vencimentos referentes aos meses de setembro e outubro ainda não foram pagos. Por conta disso, o clube precisou antecipar receitas para quitar os atrasados. Os débitos devem ser pagos somente na próxima semana, conforme apurado pelo UOL Esporte.

O clube projeta para 2019 o pagamento de R$ 70,5 milhões em compromissos deste tipo e em acordos trabalhistas. O valor, dividido em 12 meses, exige o pagamento de R$ 5,875 milhões mensais.

De acordo com o orçamento assinado pelo presidente Sérgio Sette Câmara e pelo diretor de finanças e orçamento Carlos Fabel, o Galo terá que desembolsar R$ 500 mil para "acordos já formalizados e novos processos/reclamações que ainda estão em curso". A diretoria ainda estima R$ 70 milhões em "pagamentos de compromissos junto a clubes de futebol (compra de direitos econômicos de atletas) e rescisões com atletas/técnicos".

Carlos Fabel falou sobre as dívidas do clube em entrevista à reportagem, concedida há duas semanas: "O Atlético tem R$ 580 milhões em dívida. Ela é equacionada, uma parte no Profut, uma parte com o ex-presidente Ricardo Guimarães. Mas tem uma parte corriqueira, que a gente precisa estar pedalando. É dívida com banco, com clubes de futebol do exterior. Nós devemos R$ 130 milhões a clubes no exterior e no Brasil, mais intermediários, mais acordos", afirmou.

"Nós vamos pagar o Ronaldinho por mais dois anos e meio. Tem o Emerson Conceição recebendo até hoje, tem ex-atleta, que saiu neste ano. Tem o Roger Bernardo, o Felipe Santana... Todos geram acordos, e a gente fica pedalando. Às vezes, a imprensa e o torcedor nem sabem que a gente fica pagando o Ronaldinho, que a gente está pagando pessoas que passaram por aqui há um ano, um ano e meio. Nós vamos pagar o Roger Bernardo por mais um ano e meio. Então, é pesado para fazer futebol", acrescentou.

Procurado novamente para falar sobre o gasto mensal somente com os jogadores, o diretor Carlos Fabel optou por não se manifestar. A pedido do mandatário Sérgio Sette Câmara e de Rodolfo Gropen, presidente do conselho, o dirigente foi proibido de se pronunciar. O UOL Esporte apurou, no entanto, que o clube desembolsa cerca de R$ 3 milhões mensais com acordos antigos com jogadores e treinadores.

As dívidas incluem também débitos com empresas. Em documento anexo ao orçamento na última quinta-feira (22), Fabel explicou que há a inclusão de "acordos trabalhistas, acordos cíveis, acordos com atletas/clubes, provisões para contingência, etc, a expemplo dos expressivos acordos com Axial, Ronaldinho, Emerson Conceição, WRV, dentre outros".