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  05/06/2005 - 17h54
Brasil quebra tabu, vê vaga perto e faz "final" contra Argentina

Daniel Tozzi
Enviado especial do UOL
Em Porto Alegre (RS)

Teve pedalada. Teve gesto de comunhão em campo segundos antes do início do jogo. Teve apoio da torcida em tempo integral. Teve até vitória contra o Paraguai, resultado que faz do clássico contra a Argentina, quarta-feira, uma espécie de "final" das eliminatórias para a Copa do Mundo.

EFE 
Em "casa", Ronaldinho Gaúcho faz dois e leva torcida de Porto Alegre ao delírio
No caldeirão de fogos de artifício que o Beira-Rio, em Porto Alegre, se transformou neste domingo, a seleção brasileira não sentiu falta dos gols de Ronaldo e, com dois de pênalti do xará Ronaldinho, um de Zé Roberto e outro de Robinho, fez 4 a 1 no Paraguai na primeira vitória contra o rival em quatro anos. Um novo sucesso em Buenos Aires deixará o time pentacampeão matematicamente classificado para o Mundial de 2006, na Alemanha.

A vitória do Brasil e a derrota Argentina nesta rodada do qualificatório ampliaram significativamente a importância do clássico de quarta-feira que, por si só, já é gigantesca. Quem sair vitorioso do Monumental de Nuñez será o primeiro sul-americano a garantir presença na Alemanha. O perdedor seguirá na luta nas três rodadas restantes.

Se vencer o arqui-rival fora de casa, o que não acontece há dez anos, o Brasil irá a 30 pontos conquistados e, na pior das hipóteses, fica em quarto lugar. O mesmo acontece com os argentinos, que lideram as eliminatórias com 28 pontos.

Não precisar de uma vitória no último jogo das eliminatórias para ir ao Mundial é uma situação que o Brasil não vive há 20 anos, quando fez quatro jogos contra Paraguai e Bolívia para ir à Copa do México. Superou os adversários nos dois primeiros, garantiu a vaga e se deu ao luxo de empatar, em casa, os jogos de volta.

"AMISTOSO DE LUXO"
Após a vitória sobre o Paraguai, o técnico Carlos Alberto Parreira confiante disse que a seleção brasileira está 99,9% classificada para a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.

Com isso, tirou a pressão do Brasil por uma vitória sobre a Argentina, na próxima quarta, em Buenos Aires.

"Brasil e Argentina estão classificados para a Copa e farão um amistoso de luxo em Buenos Aires. O jogo vale a liderança e terá um tempero que é a rivalidade entre os dois países" analisou. Leia mais
Tal situação é idealizada pelo atual grupo da seleção desde o início do qualificatório em disputa, em setembro de 2003. À ocasião, além de reclamações sobre a duração do torneio - dois anos e meio -, foram fortes os "pedidos" de Carlos Alberto Parreira e de veteranos como Roberto Carlos, Rivaldo e Emerson para que, desta vez, o Brasil fosse à Copa "sem sofrimento".

Nas três últimas eliminatórias que havia disputado, a seleção se classificou apenas na última rodada. Em 1989, o país teve que esperar a Fifa (Federação Internacional de Futebol Association) ratificar a vaga para o Mundial de 1990. No jogo decisivo, os chilenos abandonaram o campo antes do fim após o goleiro Rojas simular ter sido atingido por um sinalizador.

Em 1993, com Parreira no comando, a vaga veio com um show de Romário contra o Uruguai, no Macaranã. Se perdesse, o Brasil estaria fora da Copa na qual conquistou o tetracampeonato.

No qualificatório para 2002, os maus resultados derrubaram dois técnicos (Vanderlei Luxemburgo e Leão) e fez o time ser comandado por um interino (Candinho) até que, na última rodada, com Luiz Felipe Scolari, O Brasil superou a Venezuela em casa e evitou o vexame.

Caso não ocorra na próxima quarta-feira, a classificação matemática poderá vir em setembro, quando a seleção recebe o Chile. E com Ronaldo, no que depender de Carlos Alberto Parreira. "Queremos contar com ele no máximo de sua capacidade", avisou o treinador, que cortou o "Fenômeno" das eliminatórias após receber o pedido deste de dispensa da Copa das Confederações.

Sem o artilheiro das eliminatórias em campo, o Brasil não encontrou dificuldades para superar o Paraguai. Com Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Adriano, a equipe conseguiu dois pênaltis no primeiro tempo, que praticamente definiram o resultado. Na etapa final, troca de bolas na entrada da área deram a Zé Roberto, xodó de Parreira, fechar o placar.

Reuters 
Atacante Robinho marca o quarto gol brasileiro e coroa boa atuação na partida
Contra a Argentina, o Brasil terá a volta de seu capitão, Cafu, que não participou do jogo deste domingo por estar suspenso. Já os arqui-rivais, ao contrário do que fizeram no sábado, quando escalaram um time misto na derrota para o Equador, em Quito, terão força máxima contra o time de Parreira. Que não poderá fazer o mesmo - até porque não terá Ronaldo em campo.

O jogo
A ausência do atacante Ronaldo, cortado pelo técnico Carlos Alberto Parreira para resolver problemas particulares, não foi sentida no jogo contra o Paraguai. Apesar do pouco tempo de trabalho, o quarteto ofensivo demonstrou bastante entrosamento.

A primeira boa jogada aconteceu aos 13min. Robinho lançou Zé Roberto na esquerda, que cruzou rasteiro para Kaká na entrada da área. O meia do Milan chutou forte e o goleiro Villar não segurou. No rebote, Manzur salvou antes de Adriano chegar.

Aos 19min, Kaká lançou Adriano pela esquerda. O atacante girou o corpo sobre o zagueiro Manzur e chutou forte de pé esquerdo. A bola bateu na parte externa da rede do Paraguai. Aos 25min, novamente Adriano recebeu na área, tentou driblar Villar, mas acabou chutando em cima do goleiro.

O Brasil dominava amplamente o jogo e o primeiro era questão de tempo. Aos 31min, finalmente os brasileiros abriram o placar no Beira-Rio. Roberto Carlos recebeu no lado esquerdo do ataque e buscou Adriano na área. O cruzamento, no entanto, barrou no braço de Manzur: pênalti. Ronaldinho Gaúcho cobrou sem chances para Villar e fez 1 a 0.

Abrimos uma vantagem boa sobre o Paraguai na classificação e agora vamos para Buenos Aires sem muita pressão. A obrigação é deles, que têm de vir para cima do Brasil.
Roberto Carlos

A seleção brasileira aproveitou o bom momento para apertar o ritmo. Após algumas chances desperdiçadas, Robinho brilhou. Aos 41min, o atacante do Santos pedalou para cima da defesa do Paraguai e sofreu novo pênalti, agora de Da Silva. Ronaldinho Gaúcho bateu novamente com perfeição no canto direito do goleiro.

A atuação da equipe no primeiro tempo foi bastante comemorada pelo técnico do Brasil Carlos Alberto Parreira. "O time jogou com muita aplicação. O Paraguai jogou fechado, mas soubemos trabalhar pelos lados do campo, abrir espaços. Os gols saíram de pênalti, mas foram em jogadas criadas pelo nosso time", afirmou.

A aplicação da equipe citada pelo treinador seguiu no segundo tempo. A seleção foi envolvendo o adversário e criando mais chances. Logo aos 2min, Kaká driblou dois marcadores e tocou para Zé Roberto na entrada da área. O jogador chutou forte e acertou o travessão de Villar.

O Brasil estava em tarde inspirada e criava muitas oportunidades para ampliar, principalmente com o quarteto Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Adriano e Kaká. A facilidade fez até os jogadores abusarem no preciosismo ao definir os lances. Fato que irritou Parreira.

O Paraguai apostava apenas nos contra-ataques e buscava faltas próximas da área para levar algum perigo ao goleiro Dida.

A seleção brasileira era infinitamente superior e chegou o terceiro aos 25min. Depois de jogada pelo lado direito do ataque, entre Belletti e Ronaldinho Gaúcho, Zé Roberto recebeu livre na entrada da área e acertou belo chute no ângulo do goleiro Villar, que não pôde fazer nada.

No relaxamento da equipe após fazer 3 a 0, o Paraguai aproveitou para diminuir o placar no Beira-Rio, justamente em uma jogada de bola área, temor de Parreira. Três minutos depois do gol de Zé Roberto, Caniza cruzou na cabeça de Santa Cruz. A bola ainda bateu no zagueiro Lúcio antes de entrar no gol defendido por Dida.

O treinador brasileiro percebeu certa acomodação e fez duas alterações para mexer com o time. Gilberto Silva e Ricardo Oliveira entraram no lugar de Emerson e Adriano. Logo após essas alterações, aos 33min, Ronaldinho Gaúcho deu passe perfeito para Robinho dentro da área. O atacante chutou cruzado para boa defesa de Villar.

A seleção ainda ficou com um jogador a menos a 10 minutos do fim. Lúcio tentou dominar uma jogada, errou e acabou cometendo falta dura em Paredes. O árbitro Martín Vázquez não teve dúvida e expulsou o jogador que já tinha amarelo.

Quando Parreira preparava Juan para entrar no lugar de Robinho e recompor o sistema defensivo, o atacante fez o quarto gol. Aos 37min, Kaká fez lindo lançamento para o santista dentro da área, que só tocou com facilidade por baixo do goleiro para fechar o placar: 4 a 1.

BRASIL
Dida; Belletti, Lúcio, Roque Júnior e Roberto Carlos; Emerson (Gilberto Silva), Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho (Juan) e Adriano (Ricardo Oliveira)
Técnico: Carlos Alberto Parreira

PARAGUAI
Villar; Caniza, Manzur, Gamarra e Da Silva; Bonet (Barreto), Ortiz, Paredes e Torres; Cabañaz (Cuevas) e Santa Cruz
Técnico: Aníbal Ruiz

Local: estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Árbitro: Martín Vázquez (URU)
Cartões amarelos: Belletti, Roque Júnior(Brasil); Paredes, Mansur (Paraguai)
Cartão vermelho: Lúcio (Brasil)
Gols: Ronaldinho, aos 32min e aos 41min, do primeiro tempo; Zé Roberto, aos 25min, Santa Cruz, aos 27min, Robinho, aos 37min, do segundo tempo

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