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Fabíola Molina culpa vacilo por doping e lamenta: 'foi uma coisa idiota'

Fabíola comemora vitória no Troféu Maria Lenk, resultado que foi anulado - Satiro Sodré/Divulgação CBDA
Fabíola comemora vitória no Troféu Maria Lenk, resultado que foi anulado Imagem: Satiro Sodré/Divulgação CBDA

Alexandre Sinato

Em São Paulo

22/06/2011 15h24

“Foi uma coisa idiota, sem objetivo algum. Eu já tinha o índice para o Mundial, não tinha por que me dopar”. Assim Fabíola Molina resumiu o episódio que lhe custou o índice nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e a vaga no Mundial de Xangai, de 16 a 31 de julho. A nadadora de 36 anos testou positivo para uma substância proibida e foi suspensa por dois meses pela Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA). Em julho ela já volta às piscinas em busca de novo índice para as Olimpíadas.

O SACHÊ QUE CAUSOU O DOPING

  • Arquivo pessoal

    Segundo Fabíola, ela consumiu menos de um terço do sachê que continha a substância proibida e estava em sua mochila (foto acima).

    "Em vez de tomar o suplemento que estou acostumada, decidi tomar esse. Coloquei um terço do sachê na minha garrafinha e tomei um pouco antes do aquecimento, depois não quis tomar mais. A quantidade que ingeri foi muito pequena, não teve efeito nenhum. Tanto é que meu tempo foi pior do que o tempo que me rendeu o índice no Mundial"

Fabíola Molina credita o resultado negativo no antidoping a um conjunto de vacilos. Ela recebeu de um site norte-americano uma amostra grátis de um complemento e não procurou a CBDA para saber sua legalidade. “Sou um pouco desligada, mas sempre fui responsável. Sempre pergunto tudo para a doutora Sandra [Soldan, diretora adjunta do antidoping da CBDA], mas como recebi esse sachê gratuitamente e nunca tive o interesse em comprá-lo, não tive esse cuidado”, lamentou Fabíola ao UOL Esporte.

No dia 22 de abril deste ano, no Rio de Janeiro, após participar da Tentativa Mundial para Xangai, ela realizou o exame que indicou a presença de Metilhexanamina, substância proibida em competições e liberada para treinos. Nesse dia, ela nadou os 100 m costas em 1min00s89, acima dos 1min00s82 que ela obteve no ano passado, na Califórnia, e a garantiram no Mundial de Xangai.

“Quando fui fazer o antidoping, estava muito tranquila, nem imaginava que um sachê de amostra grátis poderia ter alguma coisa ilegal. Só comecei a ficar preocupada quando, depois do exame, a doutora Sandra pediu para ver o sachê e viu uma substância que se tornou ilegal em 2010”, recordou.

O erro de Fabíola lhe custou a vaga no Mundial de Xangai, já que ela estará suspensa no dia 1º de julho, prazo final de inscrição para o torneio. Sua pena acaba uma semana depois e ela estará livre para competir nos Jogos Militares do Rio, em julho, assim como no Pan de Guadalajara, em outubro.

Mais que isso, Fabíola precisará obter novamente o índice para as Olimpíadas de 2012, seu grande objetivo. Ela já participou de duas edições dos Jogos (2000 e 2008) e tem em Londres sua grande meta da carreira. Questionada se teme não conseguir a marca necessária e ficar fora das Olimpíadas, a nadadora esbanja tranquilidade.

“Estou nadando muito bem e tenho a chance de conseguir novamente. Dependo só de mim. Preciso ficar mais fortalecida depois disso tudo, tenho que transformar algo que está sendo péssimo em algo positivo, em alguma lição. Quero tirar força desse momento difícil. Já disputei duas Olimpíadas e tinha feito o índice para a terceira, é só continuar focada.”

Fabíola, inclusive, estava em Londres quando recebeu a notícia do teste positivo. Ela estava com a seleção brasileira treinando no Crystal Palace, mesmo local que a delegação usará em 2012. Pela manhã, ela estava na piscina treinando. À noite, embarcou ao Brasil para, na última segunda-feira, apresentar sua versão à CBDA.

“Eu perdi o chão. Ainda fui treinar de manhã e almoçar depois, mas mal tive tempo de falar com as pessoas. E no avião foi muito difícil ficar pensando nisso tudo sem ter um ombro para conversar”, contou ela, que acumula 5 medalhas no Pan (uma prata e quatro bronzes) e participou de cinco finais dos 11 Mundiais que disputou.

Emocionada durante a entrevista, Fabíola Molina afirmou que tem buscado o apoio na família para superar o episódio. Ela está com os parentes em São José dos Campos, em São Paulo. “Tenho uma carreira que todos sabem e quem me conhece sabe que não quis tirar vantagem de nada. Estou recebendo muito apoio e muitas mensagens positivas. Vou aproveitar esse carinho e focar nisso.”