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Torcedores foram de AL ao RS pelo acesso do CSA, mas viram jogo por celular

CSA venceu o Juventude por 4 a 0 e conquistou o acesso à Série A do Brasileirão - CSA/Divulgação
CSA venceu o Juventude por 4 a 0 e conquistou o acesso à Série A do Brasileirão Imagem: CSA/Divulgação

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

28/11/2018 04h00

O sábado (24) foi de festa para a torcida do CSA. Jogando em Caxias do Sul (RS) pela 38ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, o time alagoano contou com três gols de Neto Berola para vencer o Juventude por 4 a 0 e conquistar o vice-campeonato da competição. A classificação final deu aos azulinos o acesso à primeira divisão nacional, da qual estão ausentes desde que disputaram o módulo amarelo da Copa União de 1987.

Só que nem todo torcedor alagoano teve a mesma sorte de Marta, camisa 10 da seleção brasileira feminina de futebol, que assistiu à partida in loco no estádio Alfredo Jaconi. No mesmo final de semana, um grupo de torcedores saiu de Maceió para torcer pela equipe no Rio Grande do Sul, mas acabou acompanhando o jogo do acesso no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.

1ª etapa: no Recife, voo cancelado

A aventura do grupo começou na tarde de sexta-feira (23), em Maceió. Enquanto uma parte saiu da rodoviária com destino ao Recife, outro grupo foi em carros particulares até a capital pernambucana. Antes das 22h (horário local, 23h de Brasília), todos já estavam no aeroporto dos Guararapes esperando o avião até São Paulo.

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Foi aí que a coisa começou a dar errado: o voo do grupo, que sairia à 1h55, foi cancelado. “A companhia alegou que o voo foi cancelado porque a aeronave em que íamos viajar não saiu de São Paulo por causa do mau tempo”, explicou o empresário Thales Farias, 25 anos, um dos participantes da viagem.

A opção oferecida, segundo ele, foi um embarque às 6h. “Só que, às 3h, ficamos sabendo que o voo das 6h também ia ser cancelado”, disse. Após “muita pressão” do grupo, a companhia encaixou todos em um voo de outra empresa às 3h30 para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo; de lá, o grupo iria de ônibus para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

2ª etapa: em São Paulo, rearranjo e mais atraso

Com o problema no trecho entre Recife e São Paulo, a companhia responsável precisou dar um jeito também no trecho entre São Paulo e Porto Alegre. Em Guarulhos (SP), o grupo encontrou mais um integrante vindo de Belo Horizonte.

“Todos tinham comprado passagem para Porto Alegre, pois não tinha voo Recife-Caxias nem Maceió-Caxias. Porto Alegre fica a 130 km de Caxias, uma distância pequena; já tínhamos locado uma van para fazer esse translado. No máximo gasta duas horas”, explicou Thales.

“Só que, em vez de a companhia escalar a gente em algum voo para Porto Alegre - é um voo frequente, quase todo hora sai voo São Paulo-Porto Alegre -, eles preferiram botar a gente em um voo direto para Caxias, pois é um voo com menos passageiro, a procura é pequena. Para eles seria mais viável”, completou.

A turma embarcaria às 13h30, a três horas e meia do jogo no Alfredo Jaconi. Com uma previsão de 1h20min de voo, o grupo chegaria a Caxias do Sul às 14h50. Tempo de sobra para a partida, certo?

Torcedores do CSA em Guarulhos - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Torcedores do CSA chegaram atrasados a São Paulo; no embarque para o Rio Grande do Sul, foram encaixados em voo direto a Caxias do Sul
Imagem: Acervo pessoal

Só que tudo deu errado (de novo) em SP: na hora do embarque, depois de muita informação desencontrada, os torcedores do CSA descobriram que o voo estava atrasado.

“Ninguém dava uma justificativa certa, até que ficamos sabendo que o nosso voo ia ser atrasado, pois não havia tripulação pra viajar”, lembrou Thales. Depois de muita pressão, os passageiros receberam a informação de que o avião decolaria às 15h20 e pousaria em Caxias do Sul às 16h40, 20 minutos antes do início de Juventude x CSA. Era descer do avião e correr para o estádio.

Àquela altura, os azulinos no aeroporto já estavam desesperados. “Após todos os passageiros embarcarem, a aeromoça nos comunicou que tripulação ainda estava chegando. Saímos de Guarulhos às 15h45. Se tudo desse certo chegaríamos às 17h, horário exato do jogo”, conta Thales.

3ª etapa: desembarque em... Porto Alegre

Ao se aproximar de Caxias do Sul, o voo dos torcedores alagoanos não conseguiu pousar. O piloto então partiu para Porto Alegre – e Thales desconfiou até de má-fé da companhia aérea.

“Seria inviável ela (empresa) ter uma aeronave em Caxias só para fazer voo no domingo. Ela preferiu ir a Porto Alegre, pois a saída de voos é bem mais frequente, e mandou os passageiros para Caxias de ônibus”, teoriza.

Torcida do CSA vê jogo no aeroporto - Reprodução - Reprodução
Grupo chegou a Porto Alegre quando o jogo em Caxias já havia começado; solução foi assistir à partida por um celular no próprio aeroporto
Imagem: Reprodução
Era o fim do sonho do jogo dos torcedores: o pouso na capital gaúcha aconteceu às 17h40, já no fim do primeiro tempo da partida em Caxias do Sul.

A solução? O grupo então se reuniu ao redor de um celular e assistiu à partida em pleno aeroporto Salgado Filho.

Surpresa: três torcedores chegaram a tempo ao jogo

Mas nem todo mundo deu azar na viagem. Ainda no Recife, três torcedores do grupo foram para um hotel quando receberam a notícia de que o voo da 1h55 foi cancelado; de volta ao aeroporto, ficaram sem vaga no avião que partiria às 3h30 e acabaram encaixados em outro trajeto.

Assim, foram do Recife para Brasília e de Brasília a Porto Alegre. O trio chegou à capital gaúcha às 14h e se mandou para o Alfredo Jaconi. “Deu tempo de ir para Caxias”, resignou-se Thales.

Paixão sem distância: torcida do CSA marcou presença no jogo em Caxias do Sul - CSA/Divulgação - CSA/Divulgação
Paixão sem distância: torcida do CSA marcou presença no jogo em Caxias do Sul
Imagem: CSA/Divulgação
Seu grupo não teve a mesma sorte e preferiu ficar em Porto Alegre para a volta. “Não adiantava mais. Íamos perder o resto do segundo tempo. Preferimos assistir na TV o resto do jogo”, contou o empresário. O retorno a Maceió, pelo menos, aconteceu nos horários previstos.

Para Thales, porém, nem tudo foi lamentação. Se seu grupo de amigos não conseguiu chegar a Caxias do Sul para o jogo mais importante do CSA na temporada, ao menos o ano terminou com um motivo de festa para a equipe.

“Foi uma sensação de felicidade, de um sonho realizado. Ao mesmo tempo, foi frustrante. Chorávamos de tristeza e de alegria ao mesmo tempo. Sempre acompanhamos o time, independente de divisão, estado, e jamais passava na cabeça acontecer algo desse tipo”, comentou.