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Paulista - 2019

Técnico que desbancou Sampaoli tem longa experiência na Alemanha e coaching

Vinícius Bergantin, técnico do Ituano - Reprodução/Facebook/Ituano
Vinícius Bergantin, técnico do Ituano Imagem: Reprodução/Facebook/Ituano

Giancarlo Giampietro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/02/2019 04h00

O Santos de Jorge Sampaoli causava sensação no princípio de temporada. Até sair do estádio Novelli Júnior humilhado na quinta rodada do Campeonato Paulista: Ituano 5 a 1. Por mais conhecidos que sejam as diretrizes de jogo prediletas do argentino, o enfrentamento com seu sistema parecia desafiador por aqui. Basta perguntar a André Jardine. Mas o mesmo não se pode dizer sobre Vinícius Bergantin, o jovem treinador do time de Itu, de 38 anos.

Afinal, no ano passado ele procurou fazer sua equipe jogar de forma parecida justamente à que Sampaoli gosta de praticar. Quer dizer: talvez não houvesse adversário mais preparado nestas primeiras semanas da temporada para desbancar o Santos.

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"Na Copa Paulista do ano passado estávamos jogando nesse sistema do Sampaoli", afirmou o técnico, ao UOL Esporte. "Seja com três zagueiros, uma saída de três com o volante entrando, tentando colocar o máximo de jogadores no campo adversário. Aprendemos muito com isso. Claro que estudamos e nosso departamento de análise nos passou muita coisa mastigada, porque o Santos tem suas particularidades. Mas lembramos muito dessa vivência que tivemos".

Foi algo de certa forma irônico, aliás, em diversos fatores. Ao mesmo tempo em que encarou um sistema de jogo ao qual está familiarizado, Vinícius ao mesmo tempo teve de contrariar alguns de seus princípios. Em sua visão, não é ideal ajustar muito a tática do time de rodada a rodada.

"Gosto muito de manter um padrão. Na estreia, perdemos (contra o Novorizontino, em casa), e achei que o time tinha margem para melhora. Mantive para o segundo. Mas há algumas situações que pedem", disse o técnico, cujo time está na segunda posição do Grupo D, com sete pontos (duas vitórias, um empate e duas derrotas). "Foi a primeira vez que joguei com três volantes. Fugi um pouco, por saber que iríamos enfrentar uma equipe diferente, de qualidade coletiva muito forte.

Agora, entre se preparar, saber o que fazer e executar, há um caminhão de gols de diferença. "Não tem como falar que esperássemos algo assim. Foi algo histórico", afirmou Vinícius, que tem identificação rara com o clube do interior.

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De Itu para a Alemanha

Não é a primeira vez que o treinador, ex-zagueiro, vive um momento único pelo Ituano, pelo qual começou a jogar aos 13 anos, passando por todas as categorias de base. Em 2002, aos 21, era o capitão da conquista do Paulistão. Lembrando que naquela temporada os clubes grandes do estado estavam disputando o Rio-São Paulo

O desempenho chamou a atenção de olheiros, mas antes que algum dos gigantes nacionais pudesse contratá-lo, o jovem zagueiro já estava de mudança para a Alemanha. Foram oito temporadas defendendo o Hannover 96. Lá, para além da tática (treinos em campo reduzido, busca por superioridade numérica etc.), diz que aprendeu muito sobre a organização em torno do futebol.

"No Brasil às vezes você vê situação em que o clube não oferece nem um par de chinelos ao jogador. Ou não tem programação detalhada, ou tem programação com muitos erros. Não me entendam errado, mas dar treino seria o mais simples. O duro é a gestão de pessoas", disse o técnico, que fez também curso de coaching com Suzy Fleury, psicóloga do esporte.

Vinícius sempre pensou em se manter conectado ao futebol ao final de sua carreira. "Mas nunca atrás de uma mesa, à frente de um computador. Teria de ser mais próximo do elenco mesmo, só não sabia se como auxiliar, gerente", conta, e faz todo o sentido para alguém que já era capitão aos 21 anos.

Pensando assim, o retorno ao Ituano talvez parecesse natural para suas pretensões, mas não foi algo planejado. A reunião aconteceu durante um curso de gestão esportiva na FPF (Federação Paulista de Futebol), no qual entrou em contato com Juninho Paulista, o ex-jogador presidente do clube. "Ali veio a amizade, o conhecimento dele sobre minha história e o convite. Na época ele queria subir o Doriva para o sub-20, e assumi o sub-17 em 2012", disse, citando outro ex-jogador que subiu degrau por degrau de sua carreira de técnico em Itu até ser campeão estadual de modo surpreendente em 2014.

Só não pensem em falar para Vinícius sobre o título de cinco anos atrás. A competitividade do Paulistão não permite isso, nem mesmo depois de um resultado acachapante como o 5 a 1. Ele lembra bem como o Mirassol que demoliu o Palmeiras em 2013 (6 a 2!) acabou a competição rebaixado. "O primeiro objetivo é sempre alcançar rapidamente os 12 pontos, e a partir daí olhar para cima", disse. "Um jogo como esse nos dá confiança, mas não pode nos tirar do chão."

O certo é que o Ituano agora pode voltar a jogar do modo como seu técnico prefere. Não é qualquer um que queira dar uma de Sampaoli. 

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