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Mbappé é o primeiro astro do PSG a marcar na Copa. Graças ao jogo coletivo

Kylian Mbappé manda a bola para o gol e abre o placar para a França contra o Peru - Shaun Botterill/Getty Images
Kylian Mbappé manda a bola para o gol e abre o placar para a França contra o Peru
Imagem: Shaun Botterill/Getty Images

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/06/2018 14h33

Edinson Cavani, Neymar e Ángel Dí Maria são jogadores que já têm vasta experiência no futebol. Seus feitos e milhões recebidos no Paris Saint-Germain levam a eles a responsabilidade de decidir partidas para suas seleções na Copa do Mundo. Mas, até agora, passaram em branco na Rússia. Foi preciso, então, que Kylian Mbappé, o mais jovem do estelar ataque do PSG, marcasse o primeiro gol do PSG no Mundial.

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O atacante de 19 anos é apenas o segundo de seus parceiros a disputar dois jogos nesta Copa. Cavani passou em branco contra Egito e Arábia Saudita. Neymar não marcou sobre a Suíça e Dí Maria falhou diante da Islândia. A Austrália até conseguiu segurar Mbappé, mas o Peru não escapou do talento do garoto, que se tornou o mais novo a fazer um gol pela França em Copas. Os europeus se classificaram para as oitavas de final com o triunfo por 1 a 0.

E para que esse recorde fosse consolidado, Mbappé e sua seleção precisaram rever o estilo de jogo apresentado na estreia contra os australianos. Os franceses, no primeiro jogo, não passaram nem perto do time que encantou a Europa nas Eliminatórias. Não se viu ultrapassagens ou tabelas. Cada um parecia priorizar tentativas de jogadas individuais, quase sempre ocupando o mesmo espaço no campo. 

No duelo com os peruanos, a França mudou a escalação titular. Em vez de três jogadores móveis se revezando no ataque, Didier Deschamps sacou Ousmane Demebelé e apostou em Olivier Giroud como referência. Assim, foi mais fácil fazer a bola circular. Paul Pogba pôde se concentrar mais em ações no meio de campo e dividir as chegadas surpresa com Blaise Matuidi, outra novidade da escalação.

Griezmann e Mbappé tiveram missão mais simples contra o Peru e jogaram melhor - Catherine Ivill/Catherine Ivill - Catherine Ivill/Catherine Ivill
Griezmann e Mbappé tiveram missão mais simples contra o Peru e jogaram melhor
Imagem: Catherine Ivill/Catherine Ivill

Mas à frente, Mbappé e Antoine Griezmann já não se atrapalharam tanto com as trocas de posição. Foi como se Deschamps tornasse mais simples as tarefas de cada atleta, de cada posição. E isso foi essencial diante da boa atuação peruana. Os sul-americanos não se retrancaram. Saíram para agredir os franceses e tornaram o confronto extremamente vistoso. Havia briga por espaço, havia marcação eficiente e havia duelo ofensivo. O tempo todo.

O melhor momento da França no jogo foi quando os passes começaram a ser trocados de forma mais rápida e objetiva, aproveitando o avanço das linhas do Peru. Chances seguidas foram criadas, quase sempre com toques de primeira, até que Mbappé mostrou oportunismo para abrir o placar e entrar para a história.

Ou seja, priorizar um estilo mais coletivo foi o que permitiu aos talentos individuais decidir a partida. Algo que os parceiros de Mbappé no PSG pouco aproveitaram. Cavani ainda se viu em contexto mais parecido, já que, como centroavante, depende mais do trabalho da equipe na hora de construir as jogadas. Além disso, a seleção uruguaia é mais moldada para a coletividade. O que pesa para que o artilheiro não tenha marcado envolve muito mais a técnica dos companheiros do que a estratégia do time.

Dí Maria foi pouco notado contra a Islândia e perdeu posto de titular contra a Croácia - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Dí Maria foi pouco notado contra a Islândia e perdeu posto de titular contra a Croácia
Imagem: Reprodução/Instagram

Mas nos casos de Neymar e Dí Maria, a falta do jogo coletivo foi escancarada. O empate com a Islândia mostrou uma Argentina que trocou o segundo maior número de passes da primeira rodada (718), mas que centralizou esses toques na insistência burra de acionar Lionel Messi. E os pontas, como Dí Maria, tiveram grande responsabilidade nisso.

Muitas vezes podiam arriscar lances individuais para abrir a defesa islandesa, mas preferiam recuar e procurar Messi. Ainda que configure uma ideia mais coletiva à primeira vista, isso evidencia o desespero para fazer um craque desequilibrar sozinho. O Brasil sofreu de mal parecido contra a Suíça. A diferença é que foi Neymar quem perseguiu a todo tempo esse jogo mais individual. O camisa 10 fugiu ao estilo desejado por Tite, de passes rápidos e movimentação livre no ataque. 

Foi comum vê-lo recebendo pela esquerda, dominando e parando, tirando toda a velocidade da jogada, para encarar a marcação de um adversário. Era como se Neymar quisesse criar um cenário que a partida não oferecia. Os suíços cometiam multas faltas, mas não davam sinais de descontrole, enquanto o craque brasileiro parecia obcecado por tentar fazer um adversário ser expulso. Ou seja, nada coletivo.

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