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R10 completa quatro meses sem salários e puxa reformulação do Fla; Traffic monta cronograma

Ronaldinho bate continência para a torcida do Flamengo após o empate com o Vasco - Julio César Guimarães/UOL
Ronaldinho bate continência para a torcida do Flamengo após o empate com o Vasco Imagem: Julio César Guimarães/UOL

Vinicius Castro

No Rio de Janeiro

05/12/2011 06h10

O ano de 2011 terminou para o Flamengo após o empate em 1 a 1 com o Vasco, no último domingo, no Engenhão, e a confirmação da classificação para a Libertadores. Nesta segunda-feira, a temporada 2012 começa efetivamente a sair do papel. Como não poderia ser diferente, Ronaldinho puxa a reformulação do elenco. A definição da sua situação é a prioridade absoluta da diretoria rubro-negra.

Curiosamente, o craque completa quatro meses de salários atrasados neste dia 5 de dezembro. A dívida chegou aos R$ 3 milhões, valor considerado limite para Assis, seu irmão e empresário. No decorrer desta segunda-feira, executivos da Traffic vão definir o cronograma de reuniões para a resolução da situação até dias antes do Natal. Se isso não acontecer, Ronaldinho não se reapresentará ao clube no dia 3 de janeiro.

Assis, J. Hawilla, dono da Traffic, e a presidente Patricia Amorim negociam diretamente os novos contratos a partir de agora. Os impasses estão ligados aos programas de fidelidade e sócio torcedor. A Traffic quer gerenciar a questão, conforme combinado no memorando inicial, enquanto o Rubro-Negro mostra-se reticente e deseja entregá-los para a administração da empresa Golden Goal.

Alguns ajustes já foram acordados. O principal é de que o contrato envolve as três partes e o atraso de quatro meses da Traffic (R$ 750 mil/mês) não corresponde apenas a empresa de marketing esportivo, já que a engrenagem funciona em conjunto. Inclusive, os R$ 250 mil (parte do Flamengo) possuem a própria Traffic como fiadora.

O imbróglio é uma incógnita no clube. Embora procurem não dar pistas no discurso, os profissionais ligados ao futebol do Flamengo sabem que a permanência, ou não, de Ronaldinho, influi em todo o processo de reformulação do elenco para a próxima temporada.

“Estamos trabalhando há bastante tempo. Agora, vamos direcionar mais forte, mas não podemos falar isso no momento. Com respeito ao Ronaldo, existe uma complexidade grande com a empresa que é parceira do Flamengo (Traffic). É uma discussão que vai acontecer entre as três partes. Vamos esperar as coisas para ver como vão resolver”, desconversou o técnico Vanderlei Luxemburgo.

O diretor executivo de futebol, Luiz Augusto Veloso, reafirmou o desejo do clube em contar com Ronaldinho até 2014. Porém, deixou claro que a questão extrapola os limites do departamento de futebol.

“O Ronaldo tem contrato com o Flamengo. O contrato federativo dele é com o clube. O que está em questão é o contrato com a parceira. A ideia é desenvolver tudo para que ele permaneça. A presidente já reiterou isso e as partes vão conversar para definir essas pendências. As questões saem um pouco do futebol, pois envolvem o marketing e outros níveis de negociação. Se dependesse apenas de nós já teria sido solucionado. Percebemos a felicidade dele em jogar no Flamengo e morar no Rio”, comentou.

Enquanto a situação não se define, a diretoria rubro-negra segue negociando contratos de patrocínio com a Procter & Gamble, utilizando o intermédio da agência 9ine, de Ronaldo Fenômeno. A presidente Patricia Amorim já garantiu ao UOL Esporte que o impasse não interfere no processo e que a Traffic terá o seu percentual desde que a questão envolvendo Ronaldinho seja solucionada.

Relembre o caso:

A situação só aconteceu por conta de uma revelia. No acordo que foi feito com a empresa na contratação do craque, ficou acertado que a Traffic recuperaria parte do investimento em R10 com uma parcela do patrocínio master da camisa rubro-negra. O problema é que não foi assinado nenhum contrato no início do ano entre as partes, apenas um memorando, cuja validade dura cerca de três meses.

Como a empresa não conseguiu arrumar um patrocínio, o Flamengo assinou com a Procter & Gamble para expor sua marca no uniforme, sem a interferência da Traffic, que não recebeu nenhuma parcela do patrocínio master na camisa. Com isso, a investidora deixou de pagar o salário de Ronaldinho para que fosse assinado um contrato e, neste documento, ficasse determinado como seria recuperado o investimento feito no craque.

A Traffic deseja garantias de que terá o Flamengo como verdadeiro parceiro a partir da assinatura do novo compromisso. Além de receber o percentual dos contratos que intermediar, a empresa de marketing esportivo será incluída nos demais acordos. Desta forma, os executivos acreditam que poderão recuperar de maneira mais rápida o dinheiro investido em Ronaldinho. A interrupção do pagamento foi acordada com Assis para que o impasse fosse resolvido pelo Flamengo.