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Corinthians perde solidez na defesa, e problema volta às mãos de Carille

Carille em treino do Corinthians em maio deste ano: time alvinegro ficou mais vulnerável - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Carille em treino do Corinthians em maio deste ano: time alvinegro ficou mais vulnerável Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

28/12/2018 04h00

A solidez defensiva se tornou o ponto forte do Corinthians nos últimos anos. Não à toa, o time corintiano se sagrou campeão brasileiro de 2017 com o menor número de gols sofridos, assim como aconteceu dois anos antes, na campanha vitoriosa de 2015.

Para alcançar o heptacampeonato do Brasileirão e também o título paulista de 2017, o Corinthians reforçou a filosofia em torno de um sistema cuja prioridade era, inicialmente, encontrar um equilíbrio na primeira linha do time. No começo daquele ano, Carille assumiu o comando do time com tal discurso. Agora, dois anos depois, terá pela frente o mesmo desafio.

Os números da atual temporada mostram que a missão de Carille novamente terá de começar pela zaga. O time corintiano sofreu 68 gols em 77 partidas, com média de 0,88 gol por confronto. O desempenho de 2018 contrasta com os resultados obtidos em 2017, quando a equipe foi vazada apenas 48 vezes em 71 jogos (média de 0,68 por duelo).

No início do ano passado, com a alcunha de quarta força do Estado, Carille deu ênfase justamente à busca pela solidez. Naquela ocasião, o time corintiano vivia situação similar à atual, pois vinha de um segundo semestre instável, com dois trabalhos sem bons resultados: de Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira.

Em 2016, o Corinthians também não alcançou a vaga na Libertadores via Campeonato Brasileiro e viu o desempenho defensivo ruir após a saída de Tite rumo à seleção brasileira. O cenário, então, fez Carille adotar o discurso de que arrumar a defesa era uma prioridade.

"A primeira ideia é parar de tomar gols, coisa que aumentou muito no ano passado [2016]", disse o treinador após o quarto jogo da temporada 2017 - uma vitória por 1 a 0 sobre o São Bento, pelo Paulistão.

Os resultados foram imediatos. Com a experiência obtida na época em que era auxiliar de Mano Menezes e Tite, quando era responsável pela montagem da defesa, Carille acertou o setor. O Corinthians se fortaleceu e, aos poucos, foi aprimorando também o sistema ofensivo. Dessa forma, garantiu o título paulista, com direito a um triunfo por 3 a 0 sobre a Ponte Preta no jogo de ida da final. No Brasileirão, somou 47 pontos no primeiro turno, sofrendo apenas nove gols em 19 jogos.

O desempenho ajudou o Corinthians a perder pouco. De janeiro ao começo de agosto de 2017 foram apenas duas derrotas. Na temporada inteira, o time alvinegro só viu o adversário superá-lo em dez jogos, número bem distante das 28 derrotas deste ano.

Vale lembrar que o próprio Carille passou a ter dificuldades para acertar a defesa no início de 2018. Até maio, quando deixou o clube para comandar o Al-Wehda, o Corinthians havia perdido nove dos 33 jogos e sofrido 27 gols (média de 0,82) - apesar disso, a equipe conseguiu ser bicampeã paulista em uma campanha marcada por viradas na reta final. Os dois números pioraram com as chegadas de Osmar Loss e Jair Ventura: a equipe perdeu mais 19 partidas e foi vazada outras 41 vezes em 44 confrontos.