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Corinthians deixa problema "nas mãos de Carille" enquanto sonha com Arana

Arthur Sandes e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo

31/01/2019 04h00

Os nove reforços contratados pelo Corinthians neste início de temporada suprem carências nos mais diversos setores, menos um: a lateral esquerda. A posição era tratada como prioridade no início do ano, mas a frustração nas conversas por Guilherme Arana deve deixar os problemas inteiramente nas mãos de Fábio Carille. Sem plano B, a diretoria aposta nas peças que o elenco já tem.

As alternativas são Danilo Avelar e Carlos Augusto - um criticado pela torcida; outro ainda garoto. Na última quarta-feira (30), Carille improvisou Léo Santos para evitar que Avelar fosse titular pela quarta partida seguida neste início de temporada, mas precisou colocar o lateral em campo no intervalo. O camisa 35 é a única opção enquanto Carlos disputar o Sul-Americano sub-20 com a seleção brasileira.

As condições dadas a Carille não são facilmente contornáveis. Carlos só deve se reapresentar no CT Joaquim Grava daqui a duas semanas, enquanto o contrato de empréstimo de Avelar termina em junho. O técnico precisa fazer um ou outro tomar conta da posição até o meio do ano, quando o Corinthians deve contratar um lateral de qualquer forma - seja o próprio Avelar, seja um sucessor.

Os problemas na lateral esquerda do Corinthians existem justamente desde que Guilherme Arana foi vendido ao Sevilla, há pouco mais de um ano. Seis jogadores foram testados na posição em 2018: Juninho Capixaba, Guilherme Romão, Maycon, Sidcley, Danilo Avelar e Carlos Augusto. Nenhum supriu a ausência de Arana com maestria, mas foi o último quem conseguiu terminar a temporada passada como titular - ainda sob comando de Jair Ventura.

A dificuldade do setor foi mais uma vez explícita na última quarta-feira, na derrota por 2 a 0 para o Red Bull pela quarta rodada do Campeonato Paulista. Ambos os gols sofridos nasceram em bolas alçadas pelo lado esquerdo da defesa corintiana: o primeiro, releva-se, pois sucedeu um escanteio no qual a defesa corintiana ainda estava bagunçada; mas o segundo saiu de um cruzamento bem na frente de Avelar.

A tentativa por Arana, portanto, seria para resolver uma carência que já dura uma temporada inteira. O Corinthians se mostra disposto a investir pesado, por isso concordou com o Sevilla quanto ao valor (8 milhões de euros, cerca de R$ 34 milhões); o que emperrou o negócio foi a forma de pagamento. Os espanhóis recusaram parcelar em quatro anos, como propôs o Alvinegro, e há poucas chances de as conversas avançarem.

Mesmo diante da negativa, o Corinthians prefere esperar pois acredita que o fechamento da janela europeia nesta quinta-feira (31) amoleça os espanhóis. Imagina que sua oferta pareça melhor aos olhos do Sevilla quando houver menos concorrentes por Arana. Assim o clube alimenta o sonho pelo retorno do lateral, sem apresentar qualquer plano B e deixar o problema todo, enquanto isso, nas mãos de Carille.

"A gente aguarda. Não vamos sair contratando, a não ser que apareça alguma oportunidade", falou o diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, ao ser questionado sobre o assunto na última quarta-feira. Sobre Arana, o dirigente mostrou pessimismo.

Havia consenso entre diretoria e comissão técnica de que era preciso um reforço para a lateral esquerda. Como o retorno de Arana está cada vez mais difícil, Fábio Carille é obrigado a se virar como puder para fazer o setor funcionar. Sempre que pode ele sai em defesa de Danilo Avelar, repetindo que se trata de um jogador "recuperável", que virou bode expiatório injustamente em 2018. Com a confiança do chefe, Avelar deve ser titular no clássico contra o Palmeiras, às 17 horas (de Brasília) deste sábado (2).

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