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Adrianinho foi do "pacotão maldito" do Corinthians a comentarista da DAZN

Adrianinho foi jogador por 17 anos, com destaque na Ponte Preta, e hoje comenta partidas na plataforma DAZN - Reprodução/Twitter
Adrianinho foi jogador por 17 anos, com destaque na Ponte Preta, e hoje comenta partidas na plataforma DAZN Imagem: Reprodução/Twitter

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

12/05/2019 04h00

Uma das principais revelações da Ponte Preta dos últimos 20 anos, Adrianinho parou de jogar em dezembro de 2016 no Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos. Além da Macaca e do clube americano, ele carrega no currículo passagens sem brilho por Corinthians e Flamengo em uma trajetória profissional de 17 anos. Agora, toda a experiência acumulada é usada nos dois trabalhos que possui aos 38 anos: ele é técnico de futebol na Flórida, onde vive, e comentarista da DAZN.

O serviço de streaming de esportes já transmitiu mais de cem jogos no YouTube e no Facebook antes do lançamento de sua plataforma paga, e Adrianinho foi comentarista de 12 partidas, sempre do Campeonato Francês ou Italiano. Ele é um dos mais frequentes na DAZN, ao lado do ex-goleiro Bruno Cardoso e do jornalista Andrei Kampff. "A oportunidade surgiu por meio do Bruno, que é meu amigo e já estava fazendo alguns jogos. O diretor da DAZN me convidou para fazer um jogo e eu gostei. Ele disse que tinha mais jogos e eu aceitei o convite", conta o agora comentarista, ao UOL Esporte.

Adrianinho e Delano Vaz - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Ao lado do narrador Delano Vaz, sua dupla mais frequente nas transmissões
Imagem: Reprodução/Twitter

"Estou convivendo com alguns colegas de profissões diferentes dos que eu sempre convivi, como jornalistas e narradores, então tem sido uma boa experiência. Nunca pensei em ser comentarista, foi uma grata surpresa esse convite. Eu me preparo bastante para cada jogo com as estatísticas e material de dados que recebo e também faço algumas pesquisas pela internet, depois anoto tudo dos clubes, times, atletas e treinadores, além de estudar sobre o campeonato", diz Adrianinho, sobre seu método de trabalho.

Ele faz as transmissões diretamente do estúdio da DAZN nos arredores de Miami. "Estou em uma grande empresa, consolidada em lugares como Canadá, Estados Unidos, Alemanha... Tenho certeza que eles escolheram o futebol do Brasil para investir pelo potencial que enxergam no país. Quanto mais opções para o torcedor escolher como assistir o futebol é melhor, já é um sucesso em outros países", elogia.

Nos últimos dias, torcedores do Paysandu têm enviado mensagens aos perfis da DAZN nas redes sociais em uma espécie de campanha para que Adrianinho transmita jogos do time onde atuou em 2004 - a plataforma está exibindo a Série C do Campeonato Brasileiro. Mas o sonho não deve ser realizado, porque as transmissões da terceira divisão nacional têm sido feitas in loco com outros ex-jogadores, como Preto Casagrande e Clemer.

Corinthians e Flamengo na hora errada

Adrianinho no Corinthians - Fernando Santos/Folha de S. Paulo - Fernando Santos/Folha de S. Paulo
Imagem: Fernando Santos/Folha de S. Paulo

Adrianinho surgiu para o futebol na Ponte Preta, em 1998, e rapidamente encantou pelo potencial jogando como meia-atacante. Em 2003, chegou a ser chamado para amistosos da seleção da Áustria - nascido no Brasil, ele tem ascendência europeia, mas a convocação nunca se concretizou. No fim do mesmo ano, recusou uma proposta do Palmeiras e foi comprado pelo Corinthians, onde viveria a grande chance aos 22 anos.

O problema é que a passagem já começou confusa: Adrianinho foi apresentado pelo clube ao lado de outros seis jogadores (Rafael Silva, Rodrigo Beckham, Rincón, Samir, Julinho e Dinélson). Dias depois, chegaram mais cinco, Fábio Costa, Fábio Baiano, Régis Pitbull, Marcelo Ramos e Piá. Quase nenhum deles deu certo no ano em que o Corinthians só se salvou do rebaixamento no Campeonato Paulista porque o rival São Paulo venceu o Juventus com dois gols de Grafite na última rodada. É pelo insucesso que a numerosa quantidade de contratações ficou conhecida como "pacotão maldito".

Adrianinho no Flamengo - Arquivo - Arquivo
Imagem: Arquivo

Adrianinho rescindiu com o Corinthians em junho, depois de cinco jogos e um gol marcado. Terminou aquele ano no Paysandu, que fechou o Brasileirão no meio da tabela, e em 2005 foi contratado pelo Flamengo. Era mais uma grande chance que ficou no quase. Ele acabou dispensado do clube em abril, após 15 partidas.

"Foi um prazer vestir essas duas camisas de tanta história no futebol brasileiro, mas não foi como eu gostaria. No fim, essas experiências me deixaram mais forte, hoje entendo tudo o que aconteceu claramente, onde foram os erros e o que poderia ser diferente", diz o ex-jogador, que esteve nos dois clubes em tempos de turbulência política.

Nova vida nos Estados Unidos

Adrianinho no Strikers - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Imagem: Reprodução/Twitter

Depois do Flamengo, Adrianinho jogou no Vila Nova e foi vendido ao futebol da Grécia. Voltou no ano seguinte e rodou por uma série de clubes, como Brasiliense e Ceará. Até que, em setembro de 2012, aos 32 anos, as portas da Ponte Preta se reabriram para sua segunda passagem após um acordo jurídico sobre uma dívida do clube. No ano seguinte, o meia foi autor de um dos gols da vitória por 4 a 2 sobre o Penapolense, na final do Troféu do Interior do Campeonato Paulista. Ele teve o nome gritado pela torcida e se emocionou no estádio Moisés Lucarelli.

Em 2014, teve nos pés a bola do título da Série B do Campeonato Brasileiro aos 47 minutos do segundo tempo, contra o Náutico. Adrianinho demorou a chutar, foi desarmado e perdeu chance de garantir o primeiro título de expressão da centenária história da Ponte Preta. O Joinville, que tinha perdido seu jogo, acabou campeão naquela rodada. Apesar deste lance, o meia seguiu no clube e ainda foi campeão do interior outra vez em 2015. Ele foi embora no fim daquele ano para jogar no Strikers depois de 258 partidas e 36 gols pela Ponte Preta.

Adrianinho na Ponte - Marcos Ribolli/Folhapress - Marcos Ribolli/Folhapress
Imagem: Marcos Ribolli/Folhapress

"Tenho muitos amigos no clube, na cidade e muitas histórias com a camisa da Macaca. Tive o privilégio de fazer parte da história de um time com tanta tradição, conheço cada sentimento daquele estádio e convivi no dia a dia do clube por muitos anos. É um clube de raízes fortes com uma torcida apaixonada", relembra o ex-meia que ainda atuou por mais um ano nos Estados Unidos, onde decidiu fixar moradia por conta dos estudos dos filhos Mário Victor, Giovana e Benjamin.

"Hoje moro em Fort Lauderdale, na Flórida com minha família, tenho trabalhado com futebol aqui e feito algumas licenças de treinador. Trabalhei na escola do Barcelona como treinador. Foi uma experiência fantástica e passei a entender melhor a filosofia do clube. Ainda no Brasil fiz licenciatura e bacharelado em Educação Física e fiz cursos de gestão e treinador na CBF e na USSoccer (Federação de Futebol dos Estados Unidos). Estou me preparando para os novos desafios", conta Adrianinho.