Rival do Corinthians atropela planejamento e já pensa até em abrir capital
O Corinthians faz às 20 horas (de Brasília) de hoje, no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, o primeiro amistoso de sua intertemporada. O teste será contra o Botafogo-SP, equipe tradicional do interior paulista que desde maio de 2018 vive uma nova realidade. Não só por ter voltado à Série B após 16 anos e hoje ser vice-líder, mas também por ter se tornado um clube-empresa há pouco mais de um ano, após proposta aprovada por unanimidade pelos conselheiros.
Desde então, o futebol botafoguense passou a ser administrado 60% pelo próprio clube e 40% pela Trex Holding, empresa de investimentos comandada pelo ex-diretor do São Paulo, Adalberto Baptista, que adquiriu esta participação na nova empresa por R$ 8 milhões e hoje é o homem-forte da Botafogo S/A. Até aqui, tudo caminha como planejado - ou até melhor.
Passo importante no projeto é a inauguração do novo setor do Estádio Santa Cruz, ocasião que justifica o próprio amistoso com o Corinthians. O espaço tem capacidade para 15 mil pessoas e pretende receber shows e espetáculos, além de ter restaurantes, cafés e camarotes novos na parte interna.
Passadas oito rodadas da Série B, o Botafogo-SP ocupa o segundo lugar da tabela, com 16 pontos - três atrás do líder Bragantino, e à frente de clubes como Sport, Ponte Preta e Coritiba. Se o campeonato acabasse hoje, o time de Ribeirão Preto estaria classificado para a elite, algo que, no planejamento original, estava esperado para acontecer apenas em 2025.
"No projeto inicial eram sete anos, porque achávamos que precisaríamos de três anos para conseguir o acesso da Série C para a Série B, mas aconteceu logo no primeiro ano, então fizemos três anos em um. Na Série B é a mesma coisa: a gente pensa que o prazo de três anos é factível. Claro que seria ótimo conseguir logo no primeiro. Não vejo grande dificuldade em planejar a Série A de um ano para outro, porque são elencos diferentes. Então, qualquer que seja o momento que a gente suba, teremos capacidade para disputar a Série A", analisou Adalberto em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Caso o Botafogo-SP mantenha o mesmo desempenho do início da Série B até o fim da competição, um eventual acesso, de acordo com Adalberto Baptista, não seria um problema. A seu ver não há grande risco em atropelar o planejamento e chegar na elite com o projeto ainda em desenvolvimento.
"Só pode vir a ser um problema se nós nos iludirmos: acharmos que somos um clube de Série A e gastarmos mais do que devemos. Se mantivermos os pés no chão, investirmos parte das receitas que tivermos em estrutura, dá certo. Um exemplo para nós é o Atlético-GO, que quando subiu não fez loucura de montar time de Série A para disputar. Eles investiram 50 ou 60% no elenco e o restante em estrutura, então hoje é um time super bem estruturado, com categoria de base muito profissional. Há modelos a serem seguidos", acrescentou o empresário, que ainda cita a Chapecoense como outro exemplo a ser seguido dentro do futebol.
"Chapecoense e Atlético-GO são dois exemplos: o primeiro é no objetivo de longo prazo para chegar e se consolidar na Série A; o outro como usou esta estabilidade de estar na Série B, visitando em alguns momentos a Série A e crescendo muito em termos de estrutura", disse.
Botafogo S/A na bolsa de valores?
A ambição da Botafogo S/A não se restringe ao sucesso dentro de campo. Fora dele, a ideia é se preparar para que a empresa abra um capital na bolsa de valores. Um desafio, segundo Adalberto, que pode transformar o clube em um pioneiro no mundo dos negócios.

A aposta no aumento do valor de mercado do clube começou com o acesso da Série C para a Série B. Caso o plano se concretize, a tendência é que os botafoguenses faturem cada vez mais. Para 2019, a expectativa é dobrar o faturamento e repetir isso em 2020.
Parte importante desse faturamento está apostada na inauguração da Arena Eurobike, marcada justamente para hoje. O espaço no estádio Santa Cruz pretende ser a casa de shows e eventos internacionais e contará com restaurantes, como por exemplo o Hard Rock Café.
Sócios e seguidores nas redes sociais só aumentam
Além do bom desempenho dentro de campo, a nova forma de gestão do clube já trouxe resultados em diversos setores do clube do interior de São Paulo. Exemplo disso é o número de sócios-torcedores que quadruplicou em menos de seis meses. O programa, que em dezembro de 2018 tinha dois mil sócios, atualmente já conta com mais de oito mil.
Denominado de "Botafanáticos", o programa dá benefícios a torcedores associados ao clube e até mesmo para empresas parceiras. E tem dado certo. A empolgação da torcida do Pantera pôde ser comprovada no Campeonato Paulista de 2019, em que o time ficou em quinto lugar na média de público, atrás apenas dos grandes Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos.

E a presença não se limita apenas ao estádio. Nas redes sociais, o Botafogo-SP já está entre os 45 clubes com o maior número de seguidores do país. Os botafoguenses entraram pela primeira vez no ranking digital dos clubes brasileiros, divulgado pelo IBOPE Repucom, no mês de maio. O time, hoje, tem mais de 200 mil inscritos entre Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.
"Temos ainda muitas possibilidades. Hoje nossa torcida representa cerca 20% da torcida de Ribeirão Preto, pessoas que se dizem torcedores-simpatizantes são 60%. Então primeiro temos que transformar este público em público do Botafogo. Depois, estamos numa região que abrange mais de 2 milhões de habitantes em um raio de 100 quilômetros. Além de poder triplicar a torcida dentro de Ribeirão Preto, podemos em seguida triplicar de novo. Nós queremos tornar o Botafogo um clube regional. É um campo muito fértil para trabalharmos neste sentido", explicou.
"Com certeza [com isso] já estaria de igual para igual com clubes de Curitiba, de Goiânia, clubes deste nível. Já nos colocaria em um patamar muito importante de relevância", completou.
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