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Terceiro evento no Rio em 14 meses põe Brasil atrás apenas dos EUA como mercado do UFC

Anderson Silva e Stephan Bonnar se encaram na coletiva do UFC Rio 3 - UFC/Divulgação
Anderson Silva e Stephan Bonnar se encaram na coletiva do UFC Rio 3 Imagem: UFC/Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, no Rio de Janeiro*

12/10/2012 06h00

Que o Brasil vive uma febre do MMA – e mais especificamente do evento UFC – todos sabem. Mas não é só isso. O crescimento das artes marciais mistas no país trouxe a atenção do Ultimate com força para o público verde-amarelo e a terceira edição no Rio de Janeiro em 14 meses comprova isso. Tanto que, para integrantes da organização e especialistas, o Brasil já aparece como segundo mercado, ultrapassando o Canadá, que também tem tradição na modalidade, e ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

CARTOLA FALA DOS PLANOS PARA 2013

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Criado nos EUA pelo brasileiro Rorion Gracie em 1993, o Ultimate Fighting Championship tem a sua casa como palco mais significativo, com a grande maioria dos eventos e dos investimentos. O vizinho Canadá sempre foi conhecido por ter um público apaixonado pelo MMA, mas a ascensão brasileira com um grande número de campeões em contraposição ao solitário canadense Georges St-Pierre, dono do cinturão dos meio-médios, mudou o quadro.

Diretor de desenvolvimento internacional, Marshall Zelaznik admite o crescimento, mas não crava a “ultrapassagem”. “Quando se vê o número de fãs, o Brasil certamente está à frente, com mais de 40 milhões de pessoas assistindo aos nossos eventos em uma noite. É assombroso. Em termos de vendas, vejo o Canadá levemente melhor, mas o Brasil chegará lá”, afirma o dirigente.

Mas, para os principais jornalistas estrangeiros que cobrem os eventos dentro e fora dos Estados Unidos, a atenção dada ao Brasil prova esta posição. Não apenas com os três UFCs no Rio e a edição de Belo Horizonte, mas com os planos de se realizar um evento em estádios e a realização The Ultimate Fighter no país, a primeira edição do reality show fora dos EUA. Para 2013, Marshall afirmou ao UOL Esporte que o crescimento continua, com os planos de sete eventos. Neste ano, tanto os brasileiros quanto os canadenses tiveram três eventos em seus países.

Apesar de ser canadense, Ariel Helwani, repórter do UFC e do site MMA Fighting, concorda com a inversão de prioridade no UFC. “Apesar de ter nascido lá, eu acho, sim. A audiência que se tem aqui só se pode sonhar lá fora. Não há nem o que se pensar. A minha surpresa é que eles demoraram tanto a se dar conta disso", detalha o jornalista. "O problema é que o Canadá ainda depende demais de GSP”.

Para Ariel, o próximo ano é que estabelecerá o real patamar. “Eu me preocupo um pouco que o UFC venha demais para o Brasil, mas aparentemente o público ainda tem sede por estes eventos. Mas será que um Jon Jones x Dan Henderson teria esta recepção, ou se depende das estrelas brasileiras?”, questiona ele, sobre a dúvida quanto à popularidade do MMA ou apenas dos astros do momento.

Os eventos do UFC tem rendido de 15 a 20 pontos de audiência para a Rede Globo – algumas vezes mesmo quando transmitidos em VT. O TUF Brasil também teve boa marca, com 10 a 12 pontos, mesmo sendo transmitido tarde na noite de domingo. Todos os números são maiores do que os registrados nos Estados Unidos, mesmo que os UFCs no Rio e em Minas não tenham sido campeões de venda em pay-per-views no mercado norte-americano.

Para John Morgan, principal repórter do site especializado MMAJunkie, a barulhenta torcida brasileira tem grande impacto. “Eu acho que o Brasil já passou o Canadá. A paixão é incrível aqui. Tive a sorte de vir a todos os eventos aqui e é insano e não se replica em nenhum lugar do mundo. Mas não é só isso, recentemente o Canadá começou a ter um pouco de dificuldades de esgotar os ingressos em seus eventos, mesmo com disputas de títulos”, explicou Morgan. Foi o caso de Jon Jones x Vitor Belfort, que não esgotou suas entradas.

“Há tantos brasileiros bons, Lyoto, Belfort, Anderson, Barão, Aldo, Cigano... É fácil acontecer uma febre como essa em um país tão vitorioso e com tantas ligações com o MMA, então não vejo esse cenário mudar”, completou ele.

Vale lembrar que o recorde de público é canadense, com os mais de 55 mil espectadores do UFC 149, em Toronto. O Brasil quase recebeu o evento no Engenhão, mas problemas de infraestrutura no Rio levaram o UFC 147 para Las Vegas. A expectativa era de quebrar esta marca, com 60 mil pessoas no estádio.

E mesmo para quem trabalha fora do UFC os resultados aparecem. É o caso de Wallid Ismail, dono do Jungle FIght, que também lembra que a presença na TV aberta foi um divisor de águas, primeiramente na RedeTV! e depois na Globo.

“Não tem como negar que foi a presença da TV aberta que colocou o UFC neste patamar, e eu me dei bem com isso também. Eu fiz 12 eventos este ano e pretendo fazer 18 ano que vem, porque os patrocinadores começaram a olhar para o MMA depois disso”, afirmou o cartola.

*Colaborou Jorge Corrêa