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Tirone se rebela contra fama de 'banana' e posa de durão com bate-boca e demissões

Tirone tenta exibir novo perfil. Quer passar imagem de que é um presidente mais firme - Eduardo Anizelli/Folhapress
Tirone tenta exibir novo perfil. Quer passar imagem de que é um presidente mais firme Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Luiza Oliveira

Em São Paulo

22/11/2011 06h02

Arnaldo Tirone se cansou de ser chamado de omisso e até de ‘banana’ e decidiu se rebelar. O presidente do Palmeiras agora tenta ser um novo homem. Posa de durão e quer mostrar que é firme e decidido em suas atitudes. Recentemente, já bateu boca com jornalistas e opositores ao vivo em programas de rádio e televisão e até demitiu funcionários com grande respeito no clube.

Na segunda-feira, o mandatário tomou a atitude mais drástica de seu mandato. Decidiu atender a um pedido de Luiz Felipe Scolari e dispensou o gerente administrativo Sérgio do Prado, o advogado André Sica e a assessoria de imprensa do clube. Na explicação, no entanto, não convenceu. Afirmou que não havia motivo para a demissão e se resumiu a dizer que ninguém é eterno no clube.

PALMEIRAS FAZ FAXINA NA ADMINISTRAÇÃO

  • Piervi Fonseca/AGIF

    O Palmeiras iniciou a reformulação para a próxima temporada pela sua parte administrativa. Nesta segunda, Arnaldo Tirone decidiu demitir boa parte da estrutura que trabalhava na Academia de Futebol do clube. Na lista estão incluídos o gerente Sérgio do Prado, o advogado André Sica, além dos cinco assessores de imprensa. Leia mais

A mudança de postura atinge outras áreas. Antes criticado por 'sumir' em todas as crises do clube e deixar o vice de futebol Roberto Frizzo assumir a bronca e enfrentar os jornalistas, agora ele decidiu dar a cara a tapa. Fez uma maratona de participações em programas esportivos nas últimas semanas.

Até a maneira de falar sofreu modificações. Antes calmo e com claro perfil de apaziguar ao invés de buscar o confronto, Tirone agora mostra grande irritação ao ser contrariado. Na segunda-feira, no programa Esporte em Debate da rádio Bandeirantes, por exemplo, se exaltou ao ser perguntado várias vezes sobre as demissões. ‘Vamos falar de futebol. Para que discutir administrativo?’, disse, visivelmente irritado.

Também discutiu ao vivo com o conselheiro José Corona no programa de rádio Estádio 97. Na última sexta-feira, protagonizou uma saia justa ainda maior, dessa vez no SP Acontece, apresentado por Neto na TV Bandeirantes. Levantou o tom de voz e se exaltou com o repórter Luiz Ceará e com o comediante Beto Hora.

Primeiro, ficou com raiva porque o jornalista disse que ele sempre está viajando quando os problemas surgem no clube. “Você não acha que está exagerando um pouquinho? Você fica no aeroporto vendo quando eu chego e quando saio?”, esbravejou.  

Em seguida, perdeu a paciência com o comediante que, vestido como o personagem Charutinho, indagou se faltava comando ao Palmeiras. “Todo mundo sabe que eu mando lá. Eu não preciso mostrar a cara. Vocês só acham que eu não mando”, bradou.

A omissão de Tirone já foi criticada não só pela imprensa, como também por conselheiros do clube e pela torcida. Ele chegou a ser alvo de uma manifestação em que era chamado de banana de pijama, nome de um programa infantil. Ainda apareceu em um cartaz dentro de uma banana.

O novo estilo do mandatário, no entanto, não foi suficiente para melhorar sua imagem. Ao contrário. A demissão da assessoria de imprensa, de André Sica e de Sérgio do Prado foi muito criticada por serem profissionais de áreas elogiadas no clube por efetivamente funcionarem.

Seu jeito mais explosivo também não tem ajudado. O presidente demonstra nervosismo e falta de traquejo, chega a gaguejar em alguns casos e sua argumentação deixa a desejar. Por isso, seu discurso frequentemente se contradiz com suas atitudes passadas. À rádio Bandeirantes disse, por exemplo, que Felipão nunca quis a saída de Kleber do clube, sendo que é de conhecimento público que o treinador ficou irredutível após uma briga com o atacante e exigiu seu afastamento.