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Empresas de engenharia questionam laudo que fechou o Engenhão

O Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, visto de cima - Julio Cesar Guimarães/UOL
O Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, visto de cima Imagem: Julio Cesar Guimarães/UOL

Do UOL, em São Paulo

07/05/2013 15h38

Determinado pela prefeitura do Rio de Janeiro, o fechamento do Engenhão foi baseado em um estudo técnico feito pela empresa alemã SBP (Schlaich Bergermann und Partner) que viu riscos que ventos fortes pudessem danificar ou até derrubar os arcos dos estádios. A questão é que agora duas outras empresas estrangeiras, a canadense RWDI 2004 (Rowan Williams Davies & Irwin Inc.) e a inglesa BRE (Building Research Establishment Ltd), contestam o resultado desse laudo em relação aos efeitos do vento. Ou seja, a necessidade da interdição da arena é posta em dúvida por esses novas análises.

Quem patrocinou o novo estudo sobre o Engenhão foi a ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), da qual faz parte o engenheiro Flávio D´Alambert, responsável pelo projeto do arco do estádio. A associação pediu laudos novos relacionados a esta estrutura para as empresas estrangeiras.

Primeiro, perguntou à RWDI se confirmava estudos sobre carregamento de ventos feitos para o Engenhão em 2004. Por esse documento, não havia risco ao estádio. "Se o relatório fosse emitido nos dias de hoje, as informações seriam exatamente as mesmas", afirmou o presidente da RWDI, Anton E. Davies. Sua conclusão foi baseada em ensaios em túneis de vento feitos em 2004. 

A questão é que os seus números sobre efeitos do vento sobre a arena obtidos pela RWDI são até três vezes inferiores aos da Wacker, empresa contratada pela SBP para testar as estruturas do Engenhão atualmente. Por isso, uma delas recomendou a interdição e a outra não via problemas na arena.

Para tirar dúvidas, a ABECE pediu que a BRE fizesse um estudo comparativo sobre os relatórios dos canadenses e dos alemães. Segundo a associação, a análise da RWDI foi considerada a mais correta.

"Em face das considerações efetuadas em nosso relatório, acreditamos mais nos resultados dos testes realizados pela RWDI 2004 do que nos resultados dos testes realizados pela Wacker 2012. Justificativa para este ponto de vista está dada no relatório. Em consequência, recomendamos que devam ser adotados os resultados descritos no relatório RWDI 2004 para a análise estrutural da estrutura de cobertura do Estádio Olímpico João Havelange", dis a empresa BRE. 

Como conclusão, a ABCE afirma quem, diante das informações dos dois laudos, "se posiciona contra esse argumento" da prefeitura de que o estádio deveria ser interditado por problemas estruturais de projeto em relação à carga de vento considerada.

Em seguida, a associação recomenda uma revisão do estudo da SBP, considerando as novas informações dadas pelas outras empresas e que sejam adotadas medidas para a manutenção previstas no projeto original. A ABECE ressaltou que suas análises e das empresas foram feitas de forma teóricas, sem avaliar as reais condições da obra.