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Astro do Pré-Olímpico, mascote revela apuros da função e esconde identidade das crianças

Porto-riquenho contou que até já quebrou o braço atuando como o personagem Jay Jay - Daniel Neves/UOL
Porto-riquenho contou que até já quebrou o braço atuando como o personagem Jay Jay Imagem: Daniel Neves/UOL

Daniel Neves

Em Mar del Plata (Argentina)

04/09/2011 12h02

Ele está presente em todos os cantos da quadra, é querido por crianças e adultos, corre o tempo todo com um fôlego impressionante e sempre levanta as arquibancadas por onde passa. Manu Ginóbili? Luis Scola? Marcelinho Huertas? Nada disso. A única unanimidade no Pré-Olímpico das Américas é Jay Jay, o mascote onipresente nos eventos da Fiba Américas, que esbanja simpatia e vitalidade durante todos os jogos do torneio continental.

A ‘identidade secreta’ de Jay Jay é o porto-riquenho Jeffrey Rivera, de 40 e poucos anos, como gosta de definir. Tão simpático quanto o mascote, ele se inspirou no personagem Cookie Monster, do programa infantil Vila Césamo, para criar o boneco quando ficou desempregado em Porto Rico, há 10 anos.

O nome do boneco foi escolhido com a ajuda de sua família, que levou em conta o nome de Jeffrey e de seu filho, Jeffrey Junior, para batizar o personagem. “Os nomes começam com jota (jay, em inglês). Perguntei ‘como vamos chamá-lo? Vamos por Jay Jay’”, explicou.

A aproximação com a Fiba Américas aconteceu no Pan-Americano de Santo Domingo-2003, quando a entidade se impressionou com a animação de Jay Jay na torcida por Porto Rico. Desde então o mascote se tornou figurinha carimbada nos eventos da entidade e participa de 14 torneios por ano. A presença no Pré-Olímpico feminino, que ocorrerá em setembro na Colômbia, já está confirmada.

Durante os intervalos das partidas ou nos tempos técnicos, o personagem dá um show. Participa de números musicais, brinca com as cheerleaders, traz crianças ao meio da quadra para executar algum tipo de apresentação e até mesmo dá enterradas. A interação ocorre até mesmo com as equipes, com Jay Jay perfilado para a execução dos hinos nacionais e cumprimentando os jogadores durante a apresentação das equipes ao público.

“Estou nos quatro jogos [da rodada], o que muitos mascotes não fazem. É muito difícil às vezes. Mas, com um bom treinamento e exercícios, é possível”, comentou Rivera, que revelou que o ‘combustível’ de Jay Jay são muitas frutas e pizza.

O mascote tem mais de 25 figurinos diferentes, muitos de super-heróis, e se veste até mesmo de mulher, quando vira a ‘esposa’ de Jay Jay, J-Lo, inspirada na cantora Jennifer Lopez. Além das roupas, uma das grandes preocupações de Rivera diante das crianças é não revelar sua ‘identidade secreta’.

“O personagem não fala, é mudo. Em entrevistas podemos falar ao público, mas não com as crianças porque há a magia. As crianças também não podem ver meu rosto”, afirmou Rivera. “Precisamos agradar às crianças, aos adultos, aos mais sérios. Às mulheres, pois muitas não gostam de basquete ou beisebol, onde também estou com Jay Jay. Três horas ali sentado, é preciso um espetáculo para elas”.

Fã de basquete, o porto-riquenho disse conhecer vários jogadores, entre eles o brasileiro Anderson Varejão, mas apenas como Jay Jay. Rivera também contou que já passou por grandes apuros com o personagem, como quando caiu de uma arquibancada e sofreu uma série de fraturas.

“Uma vez, em um lugar como esse [vão de entrada para as arquibancadas], estava chovendo e caí uns seis metros. Todo mundo aplaudiu, ‘que lindo, espetáculo, faça de novo’. Quebrei o braço, machuquei a cintura. Jay Jay ficou um mês com gesso”, disse Rivera, que revelou que o mais difícil na vida como mascote é dançar. “Adoro dançar, mas para buscar o ar só respiro pela boca [do personagem]”.

Gerente da Liga Nacional de Basquete, Sérgio Domenici manifestou recentemente no Twitter sua intenção de contratar Rivera para treinar os mascotes das equipes da próxima edição do Novo Basquete Brasil (NBB). O porto-riquenho se coloca à disposição e já dá as primeiras dicas sobre como se comportar na função.

“Estou às ordens. Eu também crio mascotes, vou aos clubes e pergunto o que querem. Dou treinamento, porque você precisa saber lidar com pessoas que bebem muito, que são um pouco loucas, crianças. Mas o mais importante para nós são os deficientes. Preciso explicar o que faz um mascote, que busca a felicidade, o sorriso”, disse o porto-riquenho.

Além de Jay Jay, Rivera trabalha com outros personagens em Porto Rico e conta com uma equipe de oito pessoas para auxiliá-lo. Vestir-se como Jay Jay, porém, é tarefa exclusiva dele e de seu filho de 21 anos. “Ele está no caminho do Jay Jay. Quando me aposentar, ele vai continuar”.