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A tragédia

Personagens relembram a fatídica noite no Morumbi

10 anos sem Serginho

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Uma noite inesquecível

Há exatos dez anos, Paulo Sérgio de Oliveira filho, o Serginho, morria no gramado do Morumbi em um encontro entre São Caetano e São Paulo válido pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2004. Aos 30 anos, o zagueiro foi vítima de uma parada cardiorrespiratória aos 14 minutos do segundo tempo, quando a partida estava empatada em 0 a 0. Pessoas envolvidas naquele jogo relembram os momentos de agonia: a queda no gramado, as manobras fracassadas de ressurreição, a espera por notícia e o trágico fim, o anúncio de sua morte, feito no Hospital São Luiz. Uma noite trágica para o futebol brasileiro.

Momentos do drama

A queda no gramado
Eram passados 14 minutos do segundo tempo. O zagueiro Marcos Aurélio e o atacante Jean Carlos, do São Paulo, disputavam a bola perto da linha de fundo, quando o são-paulino cometeu a falta. A pouco metros dali, dentro da grande área, Serginho desabava aos pés de Grafite. O goleiro Silvio Luiz foi o primeiro a ver a cena.
O atendimento
Assim que o árbitro Cleber Wellington Abade autorizou a entrada do médico Paulo Forte e do massagista Itamar Rosa. Ambos saíram em disparada do banco de reservas para a grande área. Enquanto o médico fazia respiração boca a boca, Itamar aplicava massagem cardíaca no zagueiro, que não esboçava qualquer tipo de reação.
Direto para a maca
Ao mesmo tempo em que recebia o atendimento, Serginho foi colocado na maca e logo em seguida no carrinho. O desespero de todos era visível. A situação era muito tensa, pois a ambulância estava do outro lado do campo. Muitos atletas começaram a gritar. Outros colocavam a mão na cabeça.

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A queda e o desespero

Relembre como foi o momento mais dramático daquela noite de 27 de outubro no Morumbi

Tensão total no gramado

  • Não sabíamos que ele estava infartando. Tentamos reanimá-lo de toda maneira, sentimos que ele estava querendo abrir o olho, Mas não deu Itamar Rosa, ex-massagista do São Caetano e hoje aposentado do futebol
  • Foi um momento muito dramático. Quando o vi no chão, o desespero foi grande. Foi uma das coisas mais tristes que já me aconteceram Anderson Lima, ex lateral do São Caetano e atual assistente técnico na Chapecoense
  • Enquanto faziam a massagem, ele deu um suspiro. Pensei que tinha voltado. Aí desmaiou de novo, ficou branco. Acho que foi o último suspiro Silvio Luiz, ex-goleiro do São Caetano e atual preparador de goleiros do Olímpia (SP)
  • Na verdade, só percebi que era grave quando vi jogadores em volta, meio desesperados, sem ação. Ele não se mexia, eu fiquei desesperado Paulo Forte, médico do São Caetano

A saída do gramado e a agonia geral

Ida para o centro médico
Serginho sai de campo no carrinho da maca,é colocado na ambulância e levado para o Centro Médico do estádio, onde segue recebendo o atendimento emergencial sob a supervisão de Paulo Forte, médico do São Caetano e José Sanches, médico do São paulo. O zagueiro também recebe choques com o desfibrilador, que nada adiantam. Com situação se agravando cada vez mais, Serginho é colocado na ambulância e transferido para o Hospital São Luiz.
Choro e consternação
No gramado do Morumbi, o desespero e preocupação eram visíveis. Fabrício Carvalho, do São Caetano, ajoelhou no gramado para rezar. Euller, também do Azulão se apoiou na trave para orar. Atletas de ambas as equipes conversavam, incrédulos com o que acontecia. Anderson Lima teve de ser consolado por Leão. Depois, fizeram uma roda no centro do gramado para orarem. Nas arquibancadas, o clima era de de muita tensão e consternação.

Partida é suspensa

Cerca de meia hora após Serginho cair no gramado, o árbitro Cleber Wellington Abade decide suspender definitivamente a partida. Naquele momento, era claro que não havia clima para o prosseguimento do jogo. "O regulamento da competição não trazia definição objetiva sobre situações extraordinárias de grande comoção incompatível com a continuidade da partida. Aguardamos um período para a tomada de decisão buscando subsídios que resguardasse nossa decisão. Tendo em vista que a maioria dos atletas demonstrava descontrole emocional com a situação do colega de trabalho, decidimos pela suspensão da partida e assumimos a responsabilidade", relata Abade, que atualmente trabalha na Caixa Econômica Federal na cidade de São José do Rio Pardo (SP).

À espera da pior notícia

O drama no vestiário, a saída do estádio e a notícia da morte
  • Foi o momento mais angustiante da minha carreira. Ficamos no vestiário por um bom tempo, esperando noticia de um atleta com risco de morte Péricles Chamusca, ex-técnico do São Caetano e hoje trabalhando no Japão
  • Foi o pior vestiário da minha vida. Fizemos oração diretamente para ele que ficasse bem, era uma tristeza total Silvio Luiz, ex-goleiro e capitão do São Caetano
  • Quando a gente estava saindo do Morumbi, no ônibus, tivemos a notícia que ele não havia resistido Anderson Lima, ex-lateral do São Caetano

O boletim médico informando o óbito

"Informamos que o jogador teve o primeiro atendimento médico ainda no gramado do estádio do Morumbi pelas equipes médicas, sendo imediatamente transferido para o Centro Médico do estádio, onde foram iniciadas as manobras do protocolo de ressuscitação cardiopulmonar, que tiveram continuidade durante a remoção por ambulância UTI até o hospital São Luiz. O jogador deu entrada no hospital às 22h05 e, apesar de todos os esforços da equipe médica que o assistiu, o mesmo veio a falecer às 22h45", dizia nota emitida pelo São Luiz.

A volta ao jogo 1 semana depois

  • Nos primeiros momentos do jogo parecia que a nossa equipe estava anestesiada, tomamos três gols em sequência Péricles Chamusca, ex-técnico do São Caetano
  • Foi horrível. Ninguém tinha condição nenhuma de jogar. Entramos em campo sem almejar nenhum objetivo. Entramos porque éramos obrigados Silvio Luiz, ex-goleiro do São Caetano
  • O jogo da volta não foi o mais difícil, mas com certeza os 30 minutos que mais exigiram de minha capacidade física em razão da intensidade Cléber Wellington Abade, ex-árbitro
  • Termos de jogar aqueles 30 minutos foi um grande absurdo. Não precsiava daquilo Anderson Lima, ex-lateral do São Caetano

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O atropelo são-paulino

Na sequência da partida, uma semana depois, o São Paulo aproveitou-se do abalo do Azulão

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