Relembre como foi o momento mais dramático daquela noite de 27 de outubro no Morumbi
Uma noite inesquecível
Há exatos dez anos, Paulo Sérgio de Oliveira filho, o Serginho, morria no gramado do Morumbi em um encontro entre São Caetano e São Paulo válido pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2004. Aos 30 anos, o zagueiro foi vítima de uma parada cardiorrespiratória aos 14 minutos do segundo tempo, quando a partida estava empatada em 0 a 0. Pessoas envolvidas naquele jogo relembram os momentos de agonia: a queda no gramado, as manobras fracassadas de ressurreição, a espera por notícia e o trágico fim, o anúncio de sua morte, feito no Hospital São Luiz. Uma noite trágica para o futebol brasileiro.
Momentos do drama
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A queda e o desespero
Tensão total no gramado
- Não sabíamos que ele estava infartando. Tentamos reanimá-lo de toda maneira, sentimos que ele estava querendo abrir o olho, Mas não deu Itamar Rosa, ex-massagista do São Caetano e hoje aposentado do futebol
- Foi um momento muito dramático. Quando o vi no chão, o desespero foi grande. Foi uma das coisas mais tristes que já me aconteceram Anderson Lima, ex lateral do São Caetano e atual assistente técnico na Chapecoense
- Enquanto faziam a massagem, ele deu um suspiro. Pensei que tinha voltado. Aí desmaiou de novo, ficou branco. Acho que foi o último suspiro Silvio Luiz, ex-goleiro do São Caetano e atual preparador de goleiros do Olímpia (SP)
- Na verdade, só percebi que era grave quando vi jogadores em volta, meio desesperados, sem ação. Ele não se mexia, eu fiquei desesperado Paulo Forte, médico do São Caetano
A saída do gramado e a agonia geral
Partida é suspensa
Cerca de meia hora após Serginho cair no gramado, o árbitro Cleber Wellington Abade decide suspender definitivamente a partida. Naquele momento, era claro que não havia clima para o prosseguimento do jogo. "O regulamento da competição não trazia definição objetiva sobre situações extraordinárias de grande comoção incompatível com a continuidade da partida. Aguardamos um período para a tomada de decisão buscando subsídios que resguardasse nossa decisão. Tendo em vista que a maioria dos atletas demonstrava descontrole emocional com a situação do colega de trabalho, decidimos pela suspensão da partida e assumimos a responsabilidade", relata Abade, que atualmente trabalha na Caixa Econômica Federal na cidade de São José do Rio Pardo (SP).
À espera da pior notícia
O drama no vestiário, a saída do estádio e a notícia da morte
- Foi o momento mais angustiante da minha carreira. Ficamos no vestiário por um bom tempo, esperando noticia de um atleta com risco de morte Péricles Chamusca, ex-técnico do São Caetano e hoje trabalhando no Japão
- Foi o pior vestiário da minha vida. Fizemos oração diretamente para ele que ficasse bem, era uma tristeza total Silvio Luiz, ex-goleiro e capitão do São Caetano
- Quando a gente estava saindo do Morumbi, no ônibus, tivemos a notícia que ele não havia resistido Anderson Lima, ex-lateral do São Caetano
O boletim médico informando o óbito
"Informamos que o jogador teve o primeiro atendimento médico ainda no gramado do estádio do Morumbi pelas equipes médicas, sendo imediatamente transferido para o Centro Médico do estádio, onde foram iniciadas as manobras do protocolo de ressuscitação cardiopulmonar, que tiveram continuidade durante a remoção por ambulância UTI até o hospital São Luiz. O jogador deu entrada no hospital às 22h05 e, apesar de todos os esforços da equipe médica que o assistiu, o mesmo veio a falecer às 22h45", dizia nota emitida pelo São Luiz.
A volta ao jogo 1 semana depois
- Nos primeiros momentos do jogo parecia que a nossa equipe estava anestesiada, tomamos três gols em sequência Péricles Chamusca, ex-técnico do São Caetano
- Foi horrível. Ninguém tinha condição nenhuma de jogar. Entramos em campo sem almejar nenhum objetivo. Entramos porque éramos obrigados Silvio Luiz, ex-goleiro do São Caetano
- O jogo da volta não foi o mais difícil, mas com certeza os 30 minutos que mais exigiram de minha capacidade física em razão da intensidade Cléber Wellington Abade, ex-árbitro
- Termos de jogar aqueles 30 minutos foi um grande absurdo. Não precsiava daquilo Anderson Lima, ex-lateral do São Caetano
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O atropelo são-paulino
Na sequência da partida, uma semana depois, o São Paulo aproveitou-se do abalo do Azulão
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