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Felipão muda e experimenta, mas Palmeiras cai na semi com ataque em branco

Lucas Lima foi aposta de Felipão para o jogo de volta, mas foi pouco eficaz - NELSON ALMEIDA / AFP
Lucas Lima foi aposta de Felipão para o jogo de volta, mas foi pouco eficaz Imagem: NELSON ALMEIDA / AFP

Danilo Lavieri e Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

01/11/2018 04h00

A eliminação do Palmeiras na semifinal da Copa Libertadores na última quarta-feira (31), com empate por 2 a 2 diante do Boca Juniors no Allianz Parque, passou pela pouca efetividade do setor ofensivo da equipe. O técnico Luiz Felipe Scolari mudou peças em relação à derrota por 2 a 0 no jogo de ida, na Bombonera, e fez experimentos na segunda partida com apostas que nunca haviam sido testadas quando a equipe precisou buscar um resultado quase impossível. Mesmo assim, o ataque passou em branco, e os dois gols da equipe no confronto foram marcados por zagueiros: Luan e Gustavo Gómez.

Após partidas apagadas de Moisés e Borja na Argentina, Felipão apostou em Lucas Lima e Deyverson no Allianz. Mas o meia, que vinha em grande fase no Brasileirão, não conseguiu ser influente em sua grande chance na Libertadores. O Palmeiras insistiu em ligações diretas da defesa para o ataque e fez a bola passar pouco pelos pés do camisa 20, que ficou à margem do jogo durante longos períodos. Tirando um ou outro bom lançamento, Lucas teve pouco peso na armação de jogadas do time.

Já Deyverson lutou, se movimentou e incomodou, ao seu estilo, mas com pouca efetividade. Teve ótima participação no gol bem anulado de Bruno Henrique, dominando um lançamento de Lucas Lima e servindo Dudu, e cabeceou outra bola na trave, mas ambos os lances foram invalidados por impedimento.

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No segundo tempo, Deyverson ganhou a companhia de Borja no ataque alviverde, em uma combinação até então inédita com Felipão. O colombiano entrou no lugar de Willian, que também teve atuação apagada nas duas partidas e saiu machucado no Allianz Parque. Com a tarefa de ajudar a defender o lado esquerdo quando o time não tinha a bola, o camisa 9 pouco apareceu diante do Boca. Terminou a Libertadores sem conseguir se isolar na artilharia da competição, com nove gols, ao lado de Morelo, do Santa Fe.

Como já vem sendo constante na temporada, Dudu foi a principal faísca de criatividade do ataque palmeirense. Mesmo assim, as atuações do camisa 7 ficaram longe do nível apresentado no Brasileirão, onde ele tem sido bem mais decisivo. Ele foi mal na Bombonera e não conseguiu criar grandes oportunidades no Allianz, com exceção do pênalti sofrido no segundo tempo, que foi bem convertido por Gómez. O outro gol palmeirense nasceu de uma bola levantada na área que sobrou para Luan estufar a rede.

A cartada final de Felipão, após colocar Borja e Moisés nas vagas de Willian e Bruno Henrique, foi a entrada de Gustavo Scarpa, que substituiu Felipe Melo para jogar os 20 minutos finais. Há mais de dois meses sem jogar, porém, o meia sentiu a falta de ritmo e pouco acrescentou. Algumas das melhores chances palmeirenses, aliás, nasceram de jogadores de defesa: uma cabeçada de Gómez bem defendida por Rossi e chutes para fora de Mayke e Bruno Henrique.

Se o ataque alviverde pecou, do outro lado brilhou a estrela de Benedetto. Tanto na ida quanto na volta, o atacante argentino precisou de pouquíssimos minutos em campo para balançar as redes, duas vezes na Bombonera e uma no Allianz. Os gols contaram ainda com vacilos de marcação do Palmeiras: na ida, Luan tomou um drible seco e admitiu que poderia ter tomado outra decisão no lance; na volta, Felipe Melo errou o tempo do bote e deixou o adversário com liberdade para finalizar da entrada da área.

Em um duelo tão acirrado como foi conta o Boca, os erros acabaram sendo fatais e custaram ao Palmeiras o principal objetivo da temporada. Fora da Libertadores, o time agora se volta com força total para o Campeonato Brasileiro, onde tem quatro pontos de vantagem sobre o vice-líder Flamengo faltando sete rodadas para o final. E para se manter nessa situação, Felipão leva lições da eliminação e sabe que terá que fazer alguns acertos na equipe.

"Nós tomamos dois gols no final do jogo em Buenos Aires, hoje criamos as oportunidades e tomamos de novo. São ajustes que temos que fazer no nosso time para o Campeonato Brasileiro", disse o treinador. Assim como aconteceu após a queda na semifinal da Copa do Brasil para o Cruzeiro, a sensação não é de terra arrasada, mas de pequenos erros que não poderão se repetir para que o Palmeiras termine o ano levantando um troféu.