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"Maior final" vira vergonha e mancha tentativa da Conmebol por nova imagem

Final da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate foi adiada pela segunda vez - Alejandro Pagni/AFP
Final da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate foi adiada pela segunda vez Imagem: Alejandro Pagni/AFP

Diego Salgado e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Paulo

25/11/2018 04h00

A última final da Libertadores com jogos de ida e volta tinha tudo para entrar para a história pela grandeza. Com Boca Juniors e River Plate na decisão, foi justamente essa a alcunha usada pela Conmebol para o duelo entre os rivais. A realidade, entretanto, ficou bem distante do discurso da entidade, com o mais novo capítulo da desorganização, o segundo adiamento do jogo. O duelo foi remarcado para as 18h (de Brasília) deste domingo.

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Depois de um ataque da torcida do River Plate ao ônibus do elenco do Boca Juniors na entrada do Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, a Conmebol contribuiu para que a confusão ganhasse proporções maiores. A entidade protagonizou uma série de desencontro de informações antes de adiar a final pela segunda vez - no jogo de ida, uma forte chuva forçou a realização da partida no dia seguinte, em outra decisão demorada.

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Os erros cometidos pela Conmebol não são novidade na atual edição da Libertadores. A entidade já foi duramente criticada por decisões tomadas nas fases anteriores à final. Primeiro, ao punir o Santos pela escalação errada do meia Carlos Sánchez e, depois, ao eximir o River Plate de culpa pela ida do técnico Marcelo Gallardo ao vestiário do time mesmo impedido de praticar tal ato - isso aconteceu na semifinal, contra o Grêmio.

A mais nova confusão da Conmebol, dessa vez, aconteceu sob os olhos da Fifa. O presidente da entidade máxima de futebol, Gianni Infantino, estava presente ao Monumental de Nuñez. Ainda assim, a entidade sul-americana demorou quase 2h30 para decidir adiar a partida - antes disso, ela chegou a postergar o horário do início por duas vezes. A decisão de realizar a final em outro dia aconteceu, segundo o próprio Domínguez, por causa de um acordo entre os times.


Agora, existe o risco de mais um impasse ligado à final histórica, pois o estádio do River Plate foi interditado pelo Agência Governamental de Controle do Governo da cidade de Buenos Aires. A Conmebol, por sua vez, assegura que haverá jogo neste domingo (25). Vale lembrar que o River prometeu aos 60 mil torcedores presentes ao Monumental que eles poderiam usar o mesmo ingresso para entrar no estádio.

A desorganização da Conmebol em relação ao tema contrasta com as declarações o próprio Alejandro Domínguez, eleito presidente da entidade em 2016, após a dinastia de 27 anos do seu conterrâneo Nicolás Leoz (o uruguaio Eugenio Figueredo e paraguaio Juan Ángel Napout tiveram rápidas passagens pelo cargo máximo da entidade). No discurso da posse, Domínguez prometeu modernizar o futebol sul-americano. Dois anos depois, reeleito, ele voltou a reproduzir palavras com o mesmo teor.


"Minha administração está convencida de que precisamos acompanhar, que a Conmebol tem que se aproximar, adaptar, modernizar, aprender e ensinar a partir daí, fazer isso como parte de nossa estratégia de instituição. O importante mais do que falar é trabalhar e mostrar os frutos", afirmou em abril deste ano.

Após tantos desencontros, a Conmebol passou a ser criticada por pessoas ligadas ao esporte, como o ex-jogadores Chilavert, Puyol e Batistuta, entre outros. Assim como torcedores, que pedem punição severa ao River Plate pela falha na segurança no entorno do Monumental de Nuñez.