Topo

Engenhão fechado abala comércio local e traz temor por violência

Com problemas na cobertura, o Engenhão foi interditado no dia 26 de março - Julio Cesar Guimarães/UOL
Com problemas na cobertura, o Engenhão foi interditado no dia 26 de março Imagem: Julio Cesar Guimarães/UOL

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/04/2013 11h00

O prejuízo esportivo é apenas um dos causados pela interdição do Engenhão, decretada há exato um mês pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O fechamento causado por problemas na cobertura do estádio abalou o comércio local, que contava com o fluxo de pessoas até mesmo em dias sem jogos para arrecadar receitas importantes para seu funcionamento.

Apesar de não terem fechado o balanço de abril, os comerciantes estimam um prejuízo mensal em torno de 30% após a interdição. Nos domingos, dia em que o faturamento dependia muito do público das partidas, por exemplo, a clientela caiu para cerca da metade.

“Do jeito que está fica muito difícil manter o negócio. Era uma renda muito importante para nós [dos torcedores]”, disse Antônio, comerciante que divide com a mulher uma pequena lanchonete próxima ao estádio, visivelmente emocionado ao falar da situação.

Já um restaurante na Rua São José dos Reis se ressente da frequência abaixo da habitual até mesmo em dias sem partidas. O local contava com o movimento de funcionários que trabalhavam na montagem de eventos e na operação de jogos. Com isso, o estabelecimento mantinha o faturamento em alta durante toda a semana.

Além das dificuldades financeiras, a queda na movimentação trouxe um temor maior por assaltos nos arredores de um dos palcos da Olimpíada de 2016. A sensação dos moradores é de que os crimes aumentaram pelas ruas estarem mais desertas.

Nas redes sociais, moradores relatam tentativas de assalto nos arredores do estádio. Uma jovem diz ter sido acossada por menores que portavam cocaína enquanto descia de um ônibus com sua tia em uma das ruas que cercam o Engenhão. O temor é compartilhado pelos comerciantes do local.

MARACANÃ REABRE PARA O FUTEBOL COM INDEFINIÇÃO SOBRE JOGOS

  • Julio Cesar Guimarães/UOL

    Depois de ficar dois anos e meio fechado para reforma, o Maracanã volta a receber um jogo de futebol neste sábado. Um time formado por amigos de Ronaldo e outro composto por colegas de Bebeto vão reestrear o gramado do estádio, que não é usado desde setembro de 2010. Isso não significa, porém, que o Maracanã voltará a ser já a partir deste final de semana um dos principais palcos do futebol brasileiro. A reabertura do estádio para jogos oficiais ainda está cercada de indefinições e hoje não é possível dizer quando um clube poderá mandar uma partida no local.

Além de bares, restaurantes e lanchonetes, a interdição também atingiu famílias que apostavam no movimento em dias de jogos para complementar o orçamento familiar. Na rua Dr. Padilha, na entrada Leste do estádio, o comércio informal fervia nas horas que antecediam as partidas.

“Muitos aqui contavam com esse dinheiro para ajudar na renda. No meu caso, o valor era muito próximo no que ganho no meu emprego formal. Era muito importante. Hoje me arrependo de ter contado com essa receita. Estamos passando por dificuldades”, disse Hudson, que, em dia de jogos, vendia lanches perto de casa com a ajuda de sua esposa.

Curiosamente a interdição do estádio deixou uma obra da Prefeitura sem maior utilidade. Construído para ajudar no escoamento do trânsito em dias de jogos, o Viaduto da Abolição custou R$ 28 milhões e até mesmo complicou a movimentação de carros no local durante as obras, finalizadas no início deste ano. 

VOLTA REDONDA E RESENDE TENTAM SURPREENDER NA TAÇA RIO